O que esperar do PIB do Brasil que será divulgado na próxima terça-feira?
Veja o que dizem grandes instituições financeiras sobre o que deve impulsionar o PIB
As atenções estarão voltadas para o desempenho do PIB na semana que vem. Na próxima terça-feira, o resultado da economia no primeiro trimestre será revelado. Saiba o que esperar do PIB no período e quais setores devem se destacar.
A Inteligência Financeira traz análises do mercado para tentar antecipar os dados oficiais.
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A expectativa é de mais uma mostra da resiliência do consumo e da renda. Além disso, é aguardado ganho em investimentos. Nesse sentido, há perspectiva de fortalecimento da formação de capital bruto no país.
Entenda melhor esses e outros pontos.
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PIB 2024: pontos positivos da demanda no primeiro trimestre
O economista Gabriel Couto, do Santander, destaca o “impulso no consumo das famílias”. Isso por conta do “mercado de trabalho resiliente e grande pagamento de dívidas precatórias”.
Nesse sentido, ele avalia que depois de uma tendência de estabilidade é esperada aceleração do PIB no primeiro trimestre de 2024. A projeção do Santander é de crescimento de 0,8% para o primeiro trimestre.
Assim, a expectativa do banco é que o consumo das famílias aumente 1,7% sobre o trimestre anterior, “devido o recente aumento da renda”.
Simultaneamente, o Bradesco prevê alta de 2,8% no consumo das famílias em relação ao primeiro trimestre de 2023.
“A recuperação da renda, o nível de emprego e a aceleração do crédito ajudam a explicar esse bom resultado”, diz a economista Myriã Bast, do Bradesco.
O que esperar do PIB no que diz respeito a investimentos?
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o grande destaque é a alta de investimento, com a formação de capital bruto subindo 5% contra o quarto trimestre de 2023 em sua projeção.
“Faz tempo que não tem uma alta deste tamanho. Seria alta de 2,2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado”, diz o economista. Nesse sentido, ele prevê crescimento de 0,6% contra o 4T23.
Já o C6 vê um PIB crescente em 1% no trimestre contra o trimestre imediatamente anterior. Também com destaque para formação bruta de capital fixo, além do consumo das famílias.
“Então, os investimentos em máquinas e equipamentos devem subir perto de 1% no ano”, diz Claudia Moreno, economista do C6.
Ela destaca que o crescimento anual deve ser sustentado “muito em função desse carrego do primeiro trimestre” contra a perspectiva de resultados menos positivos nos próximos trimestres.
Destaques na oferta do PIB 2024 no primeiro trimestre
Além disso, do lado da oferta, Couto, do Santander, destaca a “contribuição positiva da agricultura” para o bom desempenho da economia.
A expectativa do Santander é de “um salto na produção agrícola” de 11,1% na comparação com o trimestre anterior.
Outras percepções para o agro
Myriã, do Bradesco, destaca que o agro cresceu bastante no ano passado, com a supersafra, “e agora sua contribuição será menor”.
O Bradesco espera uma redução de 1% em relação ao primeiro trimestre de 2023.
“Apesar da redução, essa safra ainda deve ser uma das maiores da nossa história”, destaca a economista.
Já o Itaú BBA prevê que o setor agropecuário deve ter queda de 2,2% (ante 0,0% no 4T23). O banco prevê que o indicador tenha crescido 0,7% na margem, com ajuste sazonal. Na comparação anual, a expectativa é de avanço de 2,3%.
PIB 2024: Saiba o que esperar do setor de serviços no primeiro tri
O Itaú BBA tem destaque para a aceleração do setor de serviços, que, de acordo com as estimativas do banco, deve mostrar alta anual de 2,9% (ante 1,9% no 4T23).
A indústria deve ter registrado crescimento de 2,3% na mesma comparação (ante 2,9% no 4T23).
Nesse sentido, o crescimento deve ser “mais voltado aos setores cíclicos da economia”, com serviço em destaque, enquanto o agro pode ter desempenho mais modesto. “O que é saudável”, avalia Igor Cadilhac, economista do PicPay
“Quando olhamos todas as aberturas no tri contra tri, também esperamos um crescimento dessazonalizado de 0,1% na indústria, de 0,5% nos serviços e de 8,9% na agropecuária. É importante lembrar que o agro sempre é mais forte no primeiro trimestre do ano por conta da safra”, diz o economista, que projeta crescimento de 0,6% feitos ajustes sazonais. Comparado com o mesmo trimestre do ano passado, a alta do PIB deve ser de 2,1%.
Impactos negativos
O Santander prevê que as contribuições negativas virão do desempenho da indústria e do setor externo.
Assim, segundo o Bradesco, a Selic terminal mais alta que o esperado em 2024 (10,5%) não deve trazer impactos ainda para este ano. Mas, sim, para 2025, quando a taxa básica deve cair a 9,5%.
“Esse patamar mais restritivo nos levou a uma revisão baixista de crescimento para o ano que vem, de 2,0% para 1,5%. Por outro lado, para este ano, os efeitos são menores, porque há uma defasagem entre a Selic definida pelo BC e os efeitos na economia”, destaca Myriã.
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, concorda que as mudanças de projeção de Selic de final de ciclo para este ano “não mudam praticamente nada” com relação ao PIB.
“Dessa maneira, as decisões do PIB para este ano já estão praticamente contratadas. Se houver impacto, é para o último trimestre. Pode desacelerar um pouco em 2025”, avalia.
Projeções para o segundo trimestre
Olhando um pouco mais à frente, o Santander prevê desaquecimento da economia, “devido à desaceleração do impulso fiscal e aos impactos negativos das enchentes no Sul”, segundo Couto.
Assim, o economista diz que a Selic mais alta do que esperado inicialmente “representa um risco” para o desempenho da economia brasileira no segundo semestre de 2024, “mas continuamos a ver resultados positivos”, diz Couto.
Da mesma maneira, para o ano, o Santander espera crescimento do PIB de 2%.
Assim, para o Bradesco, se houver uma frustração com consumo, um dos motores dos últimos trimestres, será preciso reavaliar as projeções, “que seguem indicando um crescimento acima de 2% neste ano”, diz Myriã.