JPMorgan aumenta para 3,5% projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2024

Banco também avalia os potenciais impactos do futuro governo Trump para a economia brasileira

Após o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, o JPMorgan elevou sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 3,2% para 3,5% neste ano. Essa “herança estatística” maior para 2025 segurou a estimativa para o ano que vem em 1,9%. Apesar de o banco ter revisto para baixo o ritmo de crescimento trimestral da economia brasileira no ano que vem.

O JPMorgan também elevou sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 de 3,7% para 4,2%, significativamente acima da meta de 3% do Banco Central, nota a equipe.

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O panorama externo deve afetar o desempenho econômico do Brasil no próximo ano, segundo Vinicius Moreira, economista do JPMorgan, e Cassiana Fernandez, chefe de pesquisa econômica para a América Latina e economista-chefe de Brasil do banco.

Trump e o Brasil, segundo o JPMorgan

“Nossa perspectiva para o Brasil, implicitamente, tinha uma continuidade nas políticas econômicas dos Estados Unidos, mas o resultado das eleições desta semana leva a mudanças materiais em nossas previsões”, afirmam, após a vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris na corrida à Casa Branca.

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O efeito mais imediato, dizem, é o fortalecimento do dólar, mantendo o real em níveis depreciados. “Isso, combinado com um hiato do produto [medida para ociosidade da economia] apertado, um mercado de trabalho restrito e um choque idiossincrático de alimentos, exacerbará as pressões inflacionárias [no Brasil]. Como resultado, a inflação de serviços persistentemente alta será agravada pela alta dos preços de bens e alimentos”, afirmam.

As novas suposições sobre o panorama global também impactariam o crescimento do PIB do Brasil por meio de vários mecanismos, segundo os economistas.

Primeiro, dizem, uma nova guerra comercial que amorteça o crescimento do PIB da China reduziria, a princípio, as perspectivas de crescimento econômico do Brasil. “No entanto, desde que o Brasil não esteja sujeito a tarifas direcionadas mais amplas dos EUA, a China provavelmente aumentará o estoque, pelo menos no curto prazo, e o ‘friend-shoring’, o que deve pelo menos mitigar o impacto sobre as exportações do Brasil”, ponderam.

Em segundo lugar, continuam, há impactos potenciais da redução da confiança devido a incertezas comerciais. Por fim, apontam, os efeitos do aperto financeiro adicional, tanto global quanto local, também seriam negativos para o crescimento.

“Condições financeiras mais apertadas e menor confiança dos empresários, em particular, afetarão o crescimento [do Brasil]”, resumem.

PIB do Brasil: o que esperar?

A “boa notícia”, dizem, são os “riscos de alta” para a previsão do crescimento do Brasil neste ano. “Considerando que os efeitos negativos do novo panorama externo superam os positivos, nossa trajetória trimestral do PIB para o próximo ano é cerca de 0,5 ponto percentual inferior à prevista anteriormente, principalmente no segundo semestre do ano. Apesar dessa revisão para baixo, mantemos a previsão para o ano inteiro em 1,9%, pois a trajetória trimestral mais baixa é compensada por um carry-over mais alto de um 2024 mais forte”, afirmam.

Uma das principais questões que restam, dizem, é se o governo brasileiro abordará ao menos parcialmente alguns dos desafios fiscais estruturais do país.

“O ministro da Fazenda, [Fernando] Haddad, enfatizou que estão trabalhando em pelo menos uma emenda constitucional (PEC) destinada a controlar os gastos fiscais de maneira consistente com o arcabouço fiscal. Um plano crível, em nossa opinião, aliviaria as pressões externas, reduzindo assim as expectativas de inflação e a necessidade de um aperto monetário extensivo”, dizem Moreira e Fernandez. Isso, por sua vez, poderia ser benéfico para as perspectivas de crescimento do PIB, afirmam.

No entanto, ponderam, permanece incerto se esse ajuste será implementado e se incluirá alguma redução do déficit fiscal em 2025, o que poderia tornar o impulso fiscal ainda mais restritivo após ser fortemente positivo em 2024.

Com informações do Valor Econômico

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