Petróleo sobe 49% em 2021 e aponta tendência de alta

Este ano deve trazer maior estabilidade ao preço do barril, com tendência de alta; produção segue em recuperação e demanda vive retomada para pré-pandemia

Felipe Perez, da consultoria IHS Markit, afirma que mercado deve ter normalização ao final de 2022 e começo de 2023 — Foto: Divulgação

Depois de dois anos de incertezas sobre o cenário global de oferta e demanda de petróleo na pandemia, analistas apontam que 2022 deve trazer maior estabilidade para o preço do barril, com tendência de continuação em patamar elevado. A expectativa é que a demanda siga em trajetória de retomada para os níveis de antes da crise, enquanto a oferta deve aumentar gradualmente.

Estimativas da consultoria IHS Markit apontam que a cotação do petróleo tipo “Brent” deve ficar entre US$ 72 e US$ 75 por barril nos próximos meses. “No começo do ano esperamos que o preço siga alto, mas não tão alto quanto esteve há dois ou três meses”, diz o diretor e estrategista de downstream da IHS Markit para a América Latina, Felipe Perez.

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O barril do “Brent”, principal referência internacional para a commodity, encerrou 31 de dezembro cotado a US$ 77,35, avanço de 49% em relação ao preço registrado no mesmo período do final do ano anterior, segundo cálculos do Valor Data.

Com isso, a média da cotação do “Brent” em 2021 foi de US$ 70,41 por barril, alta de 60,9% em relação à média de 2020, ano em que os preços sofreram quedas drásticas devido ao avanço da pandemia no mundo. No ano passado, os preços também cresceram em relação a 2019, antes da crise sanitária se espalhar, quando o barril registrou preço médio anual de US$ 63,3.

Já o WTI, referência americana para o barril, encerrou o ano cotado a US$ 67,78, alta de 68% na comparação anual. A média anual do WTI foi de US$ 74,88, aumento de 54% em relação a 2020 e alta de 23% na comparação com 2019.

Em 2021, o preço do barril chegou ao pico, próximo aos US$ 85, entre setembro e novembro, mas voltou a cair com a chegada da variante ômicron de covid-19. Nos últimos dias, no entanto, os preços voltaram a se recuperar. Para o chefe de pesquisa de exploração e produção de petróleo da Wood Mackenzie na América Latina, Marcelo de Assis, a tendência é que a nova cepa do vírus não gere grandes impactos na demanda.

Segundo ele, deve haver uma certa estabilidade no mercado este ano, sem fortes aumentos do lado da oferta. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e os Estados Unidos estão aumentando a produção aos poucos, depois das quedas causadas pela pandemia em 2020. “Vai ser uma retomada gradual da oferta e que vai depender muito de como se comporta a economia. Existe o risco, por exemplo, de alta de juros para conter a inflação”, diz.

Do lado da demanda, Perez, da IHS, afirma que a recuperação está em processo acelerado. Para 2022, a expectativa é de um aumento de 4 milhões de barris por dia no consumo global de petróleo, patamar bastante acima de 1,2 milhão a 1,4 milhão de barris ao dia de acréscimo de antes da pandemia. “O mercado deve começar a se estabilizar e voltar para uma normalização ao final de 2022 e começo de 2023, com um ritmo de demanda mais alinhado à questão da transição energética”, prevê.

Nesse contexto, a estabilização dos preços em patamar considerado alto em 2022 deve ser positiva para as atividades de exploração e produção no Brasil, segundo especialistas. Assis, da Wood Mackenzie, diz que as reservas em águas profundas no país têm baixo preço de equilíbrio (“break even”). Preços altos no mercado internacional ajudam a melhorar a lucratividade e a recompor o caixa das empresas que atuam com esses ativos.

Além disso, preços de petróleo mais elevados também tendem a estimular novos investimentos para aumento de produção em campos maduros e terrestres. Muitos desses ativos passaram para as mãos de novos operadores nos últimos anos, com os desinvestimentos da Petrobras.

“Veremos uma tendência forte de reativar projetos e isso pode ter um impacto muito grande no Brasil. Todos esses campos maduros que a Petrobras tem vendido e que têm atraído interessados devem se tornar ainda mais atrativos. Os compradores vão conseguir fazer mais investimentos para estender a vida útil dos ativos”, destaca o sócio de óleo e gás da KPMG, Anderson Dutra.

Para Dutra, o barril pode chegar à casa dos US$ 80 este ano, o que também viabiliza mais investimentos em inovação. “Tecnologias digitais e de análise de dados devem ditar as regras de um novo modelo de eficiência para a indústria”, aposta.

Entretanto, os preços mais altos do barril no mercado internacional também devem impactar os combustíveis. Segundo analistas, os debates vistos nos últimos meses sobre a alta dos derivados e a política de preços da Petrobras devem continuar em 2022, principalmente no período das eleições presidenciais no Brasil. “Não vejo espaço para uma queda de preços de combustíveis”, afirma Assis, da Wood Mackenzie.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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