Pão de Açúcar (PCAR3) ou Éxito (EXCO32)? Saiba qual manter na carteira
Um mês após o spin-off, Pão de Açúcar (PCAR3) despenca na bolsa enquanto Éxito (EXCO32) tem leve queda
O GPA, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar (PCAR3), realizou no final de agosto a operação de spin off (cisão) da varejista colombiana Éxito, adquirida pelo grupo em 2019. A rede colombiana listou suas ações na bolsa de valores de Nova York, a NYSE, mas ainda negocia seus papéis na bolsa brasileira pelo código de BDR EXCO32.
Com a cisão, um ativo de código EXCO32 apareceu na conta investimento do investidor que tinha ações do Pão de Açúcar. O valor correspondeu a praticamente o que “sumiu” do preço das ações PCAR3.
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E o valor que “sumiu”, desde a cisão, das ações de Pão de Açúcar não foi pequeno. As ações PCAR3 estão em queda livre: caíram 78% desde o spin off do Éxito. Já as BDRs EXCO 32 caíram pouco mais de 3% no mesmo período.
A depreciação dos papéis do GPA era esperada já que, para o mercado, a rede colombiana era vista como a mais rentável do grupo. No entanto, os resultados do Pão de Açúcar no segundo trimestre animaram os investidores.
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Os analistas alegam que a rede cresceu no segundo trimestre melhor do que concorrentes em vendas em lojas, com avanço de margem.
O que esperar dos papéis de Pão de Açúcar e Éxito após o spin-off?
Vender ou comprar: O que fazer com Pão de Açúcar (PCAR3)?
De acordo com a varejista brasileira, o objetivo do spin off de Éxito era “garantir maior valor de mercado para as ações de Pão de Açúcar (PCAR3) e Grupo Éxito”.
A listagem do Éxito em Nova York, sob o código EXTO (cuja BDR no Brasil é EXCO32), foi realizada no último dia 22. Na data, acionistas de Pão de Açúcar ganharam um BDR da rede colombiana para cada papel ordinário que possuíam.
O Pão de Açúcar, no entanto, viu suas ações desabarem após o spin-off. A ação ordinária despencou 78%, para R$ 4,35 (ajustado 18/09). Os ativos de Éxito, por outro lado, tiveram pouso mais suave, com as BDRs caindo pouco mais de 3%.
Mesmo assim, vale mencionar que o Ibovespa avançou 3,35% no período após a conclusão da segregação.
Ação (PCAR3) tem ‘volatilidade elevada’
Para alguns analistas, a cisão do Éxito permitiria ao Casino, grupo controlador do GPA, dar um foco maior às operações regionais da rede varejista no Brasil.
Existe uma possibilidade de as ações de Pão de Açúcar se valorizarem nos próximos meses. O motivo: a saída do grupo Casino da marca. Em fato relevante, a companhia divulgou que o grupo francês quer abrir negociações para vender sua fatia na Cnova, braço digital do grupo, cujo Pão de Açúcar detém 34% do capital.
O movimento foi bem-recebido por investidores aqui do Ibovespa. Na segunda-feira (11), os ativos ordinários acumularam ganho de 5,23%.
Por outro lado, o papel apresenta “volatilidade elevada” e tem riscos, principalmente porque as operações do Pão de Açúcar no Brasil estão no vermelho.
Conforme o último balanço financeiro da companhia, a dívida do grupo totaliza R$ 2,9 bilhões, enquanto o caixa disponível é de R$ 3,2 bi. No último trimestre, o Ebitda da operação caiu de 3,1%.
Risco de turnaround
Segundo o mercado financeiro, comprar ou Pão de Açúcar (PCAR3) é apostar na capacidade do grupo de reverter a atual situação.
“A estratégia do GPA é de um segmento mais premium de supermercado e acreditamos que a companhia já vem fazendo um bom trabalho de reestruturação operacional”, diz Pedro Serra, chefe de research da Ativa Investimentos. Para ele, O Pão de Açúcar deve aumentar o foco na reestruturação após a cisão com Éxito.
Mas a Ativa tem recomendação neutra para o papel e ainda não definiu um preço-alvo após o spin-off. As empresas ainda devem divulgar seus resultados operais separadamente pela primeira vez neste trimestre.
“Entendemos que, devido ao processo de reestruturação e a alta volatilidade apresentada devido a segregação, os riscos pesam mais em comparação com as vantagens competitivas”, prossegue Serra.
A Órama Investimentos recomendou que o investidor fizesse uma “alocação tática” em Pão de Açúcar antes do spin-off. Antes da cisão, as ações de Pão de Açúcar dispararam, à medida em que o mercado tentava precificar o valor exato da rede brasileira.
Mas agora a corretora sugere ao investidor que se desfaça dos ativos. A recomendação se deve ao risco “elevado” da reestruturação.
O viés de alta para Pão de Açúcar (PCAR3)
A saída do Grupo Casino de Pão de Açúcar pode destravar valor nas ações. Um movimento semelhante foi observado nas ações de Assaí quando o grupo francês manifestou interesse em vender a rede, observa Renato Reis, analista da DV Invest.
Segundo relatório do BTG, sem o Éxito, os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima estimam um crescimento de 7,7% por ano nas receitas do GPA entre 2023 e 2027, com vendas nas lojas subindo 5,7%. A empresa deve abrir 50 lojas por ano no período. A margem Ebitda (razão do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, pela receita líquida) deve subir de 5,9% hoje para 8,8% em 2027. Ainda assim, o BTG cortou a recomendação para ação do GPA de compra para neutro.
De acordo com Igor Glioche, analista da Órama, o risco de insucesso na reestruturação da varejista brasileira diminuiu desde a divulgação do último resultado trimestral.
“O resultado de Pão de Açúcar foi bem positivo. Tivemos aumento de vendas na categoria mesmas lojas, de 6,4%, acima de Assai e Carrefour”, diz Glioche ao evidenciar os concorrentes.
A Eleven Financial possui um preço-alvo para Pão de Açúcar (PCAR3) na faixa de R$ 6 a R$ 7.
“Às vezes, as operações juntas estavam mal avaliadas, quase todo o valor do papel (PCAR3) estava em Éxito”, diz Niels Tahara, da Eleven.
E é melhor manter Éxito (EXCO32) na carteira?
O mercado financeiro ainda não sabe exatamente qual é o valor de mercado de Éxito (EXCO32). Para Pedro Serra isso só deve ficar mais claro após a divulgação do primeiro resultado trimestral da varejista.
Os BDRs de Éxito terminaram o primeiro pregão após o spin-off com valor de R$ 14,50. Atualmente, recibo de ações da colombiana no Brasil está avaliado em R$ 13,90.
A Órama Investimentos está posicionada em Éxito, afirma Phillip Soares, head de estratégia em renda variável da corretora.
Mas um dos principais entraves na negociação das ações para o investidor é a liquidez. Para os BDRs de Éxito, ela é baixa, aponta Tahara.
Contudo, o analista enxerga potencial de valorização nas ações da colombiana, “porque a operação deve ser maior em escala do que a de Pão de Açúcar sozinha”.