Apetite por título verde esbarra em retorno menor, analisa CFO da SLC (SLCE3)
Ivo Brum, da SLC Agrícola, conta que as iniciativas sustentáveis não fazem diferença
O mercado de títulos verdes não engrena e a principal razão para isso é a falta de acordo entre empresas e investidores. A percepção é do diretor de relações com investidores e CFO da SLC Agrícola (SLCE3), Ivo Brum. Ele diz que as alternativas de financiamento sustentável esbarram na falta de interesse do mercado em receber juros menores para que as empresas consigam investir em ações sociais e ambientais mais amigáveis.
“Na verdade, para essa pessoa (investidor), invariavelmente, a gente percebe que não faz diferença (iniciativas sustentáveis). Ou seja, ela não aceita ter uma taxa de juros reduzida com relação a um título normal”, avalia Brum.
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Dessa maneira, isso desestimula as empresas a emitirem os chamados títulos verdes. Isso porque as iniciativas não são retribuídas no mercado de títulos privados.
“Então, as empresas lançam títulos verdes, mas muito mais por uma questão de marketing e (para) mostrar o seu engajamento”, diz Brum. “Porque, na prática, não existe nenhum incentivo para que você faça isso”, reforça.
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Custos para emissão de títulos verdes podem ser mais altos que o de títulos comuns
Por outro lado, as empresas arcam com custos operacionais e financeiros extras ao passarem por auditorias específicas para validar se o investimento é baseado em iniciativas sustentáveis.
Isso torna a operação mais complexa e assim aumentam os gastos das companhias sem que haja contrapartidas por conta dos reguladores e da sociedade. Ao menos, não o suficiente para tornar o título atraente.
“Eu acho que tem muito que melhorar (o financiamento via títulos verdes). Mas não é somente CVM… a sociedade como um todo. Todo mundo se preocupa com isso (sustentabilidade). Contudo, na prática, cada um deveria ceder um pouquinho. E isso eu não estou vendo acontecer”, alerta.
Soluções
O executivo diz que que é necessária “uma conscientização maior da população e dos investidores em geral” no sentido de valorizarem os títulos verdes como solução não apenas de remuneração, mas de financiamento sustentável de atividades essenciais. Como é o caso da agricultura.
“As casas que compram fundos, que compram títulos verdes ou não verdes, precisam ter também (iniciativas). Talvez através de uma cota mínima para compra de títulos verdes, e aceitarem receber uma taxa de juros menor em função disso”.
“Eu não estou falando menores em metade, estou falando uma pequena redução”, arremata o executivo da SLC Agrícola.
Confira também o que o executivo falou anteriormente sobre o que espera das ações da SLC Agrícola para 2025. Além disso, Brum contou sobre como a pecuária tem se mostrado “pouco eficiente” no Brasil e como a soja deve ganhar produtividade ocupando pastos menos produtivos.