Terras indígenas ajudam a entregar água para 80% das áreas do agro no Brasil, indica estudo

Dados do Instituto Serrapilheira também revelam que 57% da renda do agro do Brasil está relacionada às chuvas em terras indígenas

Colheita de soja. Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo
Colheita de soja. Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

As terras indígenas ajudam a oferecer a chuva que abastece cerca de 80% da área voltada à agropecuária no País, de grandes médias e pequenas propriedades. Essa chuva incide sobre regiões importantes da atividade agropecuária em diferentes medidas. E contribui para geração de mais de 50% da renda do setor.

Os dados são de um estudo feito por um grupo de pesquisa em ecologia tropical do Instituto Serrapilheira. O trabalho contou com números do MapBiomas, IBGE e da Funai.

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Algumas das áreas de agricultura e pecuária mais favorecidas pelas chuvas oriundas das terras indígenas estão nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Acre.

Renda do agro e dependência das terras indígenas

Além disso, os dados apontam que 57% da renda agropecuária do Brasil está relacionada às chuvas dessas terras indígenas.  

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Para chegar a esse número, os pesquisadores utilizaram a renda dos nove estados com maior participação do agro em sua economia.

“Quando a gente soma esses nove estados e compara com a renda total do Brasil, a gente chega nesses 57% do valor agregado adicionado bruto do setor. Isso é superior a R$ 338 bilhões.”

A explicação é de Caio Mattos, hidrólogo e pesquisador pós-doutorando na Universidade Federal de Santa Catarina. Ele integra o grupo de pesquisa em ecologia tropical do Instituto Serrapilheira, responsável pelo estudo.

Atualmente, as terras indígenas ocupam aproximadamente 23% da Amazônia Legal, incluem mais de 450 territórios e abrigam cerca de 403,6 mil pessoas.

Marco temporal

A demarcação de terras indígenas tem pautado o debate público porque o Supremo Tribunal Federal (STF) discute a constitucionalidade da lei do marco temporal. A decisão sobre o assunto deve ocorrer em 2025.

A tese do marco temporal prevê que os povos indígenas tenham direito de ocupar apenas as terras que já ocupavam ou disputavam na data da promulgação da Constituição de 1988. A Constituição foi promulgada três anos após o fim da ditadura militar que governou o País por mais de 20 anos.

“Os dados que analisamos endossam estudos anteriores. Eles mostram que a proteção e a demarcação das terras indígenas são instrumentos fundamentais e urgentes para a conservação da Amazônia”, diz Mattos.

Nesse sentido, o pesquisador também destaca que as terras indígenas funcionam como uma barreira para o desmatamento. Assim, isso mantém o processo de produção de chuva regular nas principais áreas da agropecuária no País.

Dessa maneira, o pesquisador espera que o agro possa “olhar para as terras indígenas com outra visão. Assim, as terras indígenas prestam uma grande serviço ambiental ao agro como um todo” por conta da garantia da oferta de água.

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