Stanley: como a marca de copos térmicos se tornou um símbolo de lifestyle e moda? 

E empurra a receita da empresa, que cresceu 7 vezes em 4 anos

A Stanley viu seu faturamento saltar de US$ 73 milhões em 2019 para US$ 500 milhões em 2023. (Foto: Divulgação)

Fundada há mais de um século, a Stanley caiu no gosto das pessoas. A companhia começou sua trajetória com uma proposta simples: criar garrafas térmicas duráveis e eficientes. Porém, ao longo dos anos, a marca foi além de sua funcionalidade inicial, se tornando um verdadeiro case interessante de sucesso. 

Hoje, a Stanley não é apenas uma fabricante de produtos térmicos. Ela se consolidou como um símbolo de estilo de vida e até mesmo de moda. Com um design bem pensado, foco em qualidade e forte presença nas redes sociais, a marca conquistou um público fiel que valoriza não só a usabilidade, mas também o status que seus produtos conferem. 

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Para se ter uma ideia, em 2023 a Stanley alcançou um faturamento de aproximadamente US$ 500 milhões. Em 2019, esse número era de US$ 73 milhões. Ou seja, houve um salto de quase 7 vezes na receita em 4 anos. Isso reflete sua capacidade de se adaptar às novas demandas do mercado. 

Como tudo começou? 

A história da Stanley começa em 1913, quando o norte-americano William Stanley Jr. criou a primeira garrafa térmica de aço com isolamento a vácuo. Essa inovação foi um divisor de águas no mercado de utensílios térmicos, pois substituiu o vidro frágil e as garrafas de metal de pouca durabilidade.  

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O objetivo inicial da Stanley era claro: fornecer uma solução prática e durável para manter bebidas quentes ou frias por longos períodos. A princípio, algo essencial para trabalhadores da construção, engenheiros e aventureiros. A marca rapidamente se estabeleceu como uma referência em produtos para uso pesado, especialmente em ambientes de trabalho e atividades ao ar livre, como acampamentos. 

Stanley como uma marca de… moda e lifestyle 

Foi nos últimos anos que a Stanley deu um grande salto, passando a ser associada não só à funcionalidade, mas também ao lifestyle. O design clássico de suas garrafas térmicas, que mantém um ar vintage, conquistou uma nova geração de consumidores que valorizam tanto a estética quanto a qualidade.  

Esse reposicionamento de marca foi reforçado pelo boom de redes sociais, onde influenciadores e usuários comuns passaram a exibir os produtos Stanley em diversas ocasiões, desde trilhas até o dia a dia, elevando a marca ao status de item de moda e estilo de vida. Pensando nessa expansão, além de suas garrafas térmicas, a Stanley criou desde coolers a copos e bolsas térmicas. 

Parcerias de sucesso e o fenômeno nas redes

Além de sua transformação em um símbolo de lifestyle, a Stanley também soube aproveitar parcerias estratégicas para aumentar ainda mais sua relevância no mercado.

A marca se associou a diversas collabs com empresas de moda e cultura pop, o que ampliou sua visibilidade e trouxe novos públicos.

Essas colaborações incluíram desde grandes grifes de roupas e acessórios até marcas voltadas para um público mais jovem, reforçando a presença da Stanley em diferentes nichos de mercado. 

Copos da Barbie

Uma das colaborações mais notáveis foi com a Barbie (Mattel), que atraiu tanto fãs nostálgicos quanto uma nova geração.

Com produtos de design exclusivo e as cores icônicas da boneca, a parceria entre Stanley e Barbie conseguiu unir dois mundos aparentemente distintos: o utilitário e o pop, criando um item de desejo que vai muito além de sua função original. 

Além disso, a Stanley também se uniu a outras marcas como Tanqueray e até mesmo a cantora Olivia Rodrigo, muito amada pela geração Z. Essas colaborações são parte de uma estratégia que fortalece a conexão da Stanley com o mundo da moda, cultura e design.  

De acordo com Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, esse tipo de estratégia é muito eficaz quando bem executada. “O que tem por trás disso é somar público e apresentar a marca para aquele que não é o seu.” Essas colaborações, segundo ele, não só ampliaram o alcance da marca, mas também ajudaram a fortalecer a percepção de valor agregado. 

Inclusive, transformou a empresa em um fenômeno nas redes sociais. No TikTok, a hashtag #StanleyCup acumula cerca de 717 mil publicações. Já a #copostanley tem mais de 15 mil publicações. Os vídeos mostram unboxings das garrafas, vídeos de como usá-las da melhor forma e uma lista recheada de acessórios criados para incrementar o visual dos itens.  

Uma estratégia certeira

A evolução da Stanley de uma marca de utilidades para acampamento para um símbolo de lifestyle e moda não é um fenômeno isolado. Assim como outras marcas, como North Face e Columbia, a Stanley conseguiu ir além das suas raízes. Embora tenha começado com um foco específico em esportes e acampamento, muitos dos seus consumidores atuais não têm qualquer relação direta com essas atividades. Segundo Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, “muitas pessoas compram, gostam da imagem associada, mas não têm nada a ver com essas atividades”, comparando a Stanley a outras marcas que trilharam esse caminho. 

O reposicionamento da Stanley foi uma jogada estratégica ao buscar um público mais amplo, fora do nicho original. De acordo com Arthur, esse movimento permitiu que a marca atingisse o chamado “total addressable market”, combinando o melhor dos dois mundos: manter os atributos que lhe deram destaque no início, mas ao mesmo tempo, alcançar novos consumidores. “O maior benefício é sair de bolhas específicas”, explica o especialista. 

Agregando valor

Além disso, a Stanley conseguiu agregar valor a seus produtos de uma forma única. O que antes era apenas uma garrafa térmica para aventureiros se tornou um item de desejo em eventos sociais e esportes.

Arthur destaca que uma parcela considerável do público no Brasil nem associa a marca a essas atividades de acampamento e esporte, e que os consumidores agora associam o produto a certos encontros, bebidas e outros eventos, o que ele define como a “gourmetização do consumo”. 

A lição da Stanley

No fim, a grande lição do case Stanley é sobre a capacidade de agregar valor a um item cotidiano e transformá-lo em um símbolo de status.

“É quase como criar uma nova categoria de consumo, liderar, expandir e agregar valor”, reflete Arthur Igreja. Ele compara esse movimento ao da Red Bull, que conseguiu transformar as bebidas energéticas em um produto de alto valor cultural.

A Stanley seguiu um caminho semelhante, mostrando como é possível reinventar um produto e torná-lo mais do que funcional, quase um ícone de estilo de vida. 

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