Samarco conclui etapa de retomada operacional e caminha para sair da recuperação judicial

A mineradora Samarco, que tem como sócias Vale e BHP, concluiu mais uma etapa em seu plano de retomada operacional, nesta segunda-feira (16), com a reativação do concentrador 2 e a implementação de mais uma unidade de filtragem de rejeitos no complexo de Germano (MG). A companhia também espera obter aval da Justiça e dos […]

A mineradora Samarco, que tem como sócias Vale e BHP, concluiu mais uma etapa em seu plano de retomada operacional, nesta segunda-feira (16), com a reativação do concentrador 2 e a implementação de mais uma unidade de filtragem de rejeitos no complexo de Germano (MG). A companhia também espera obter aval da Justiça e dos administradores judiciais para sair da recuperação judicial.

Com reativação do concentrador 2, a Samarco vai alcançar produção de 15 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério em 2025. Esse volume é o dobro da produção que a companhia obteve quando retomou suas atividades em 2020.

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Após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que causou a morte de 19 pessoas e um desastre ambiental sem precedentes, a Samarco ficou com as atividades paralisadas por cinco anos.

Atualmente, a Samarco opera com 60% da capacidade instalada, o que corresponde a 9 milhões de toneladas por ano. O presidente da Samarco, Rodrigo Alvarenga, diz que a produção neste ano deve ficar entre 9,3 milhões de toneladas e 9,4 milhões de toneladas de pelotas, por conta da reativação da usina de pelotização, no Complexo de Ubu (ES), em agosto.

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A Samarco investiu R$ 1,6 bilhão na atualização tecnológica da usina de pelotização 3 e do concentrador 2. O complexo de Germano também conta com uma unidade nova de filtragem de rejeitos para empilhamento a seco, o que aumenta a segurança da operação e permite o reúso da água na operação.

“A perspectiva agora é começar a rodar a segunda linha de produção e fazer a aceleração até março de 2025 para chegar a 15 milhões de toneladas por ano”, afirma Alvarenga. A próxima etapa será atingir 100% da capacidade produtiva instalada até 2028, com a retomada da operação do concentrador 1, em Germano, e das usinas de pelotização 1 e 2 em Ubu, além da construção de uma planta de filtragem em Minas Gerais.

Alvarenga diz que menos de 2% da produção ficam no mercado brasileiro, quase toda a produção é exportada, tendo como principais destinos Américas, Europa e Japão. O executivo acrescenta que, ainda que o mercado internacional apresente incertezas, a Samarco vai manter inalterado o plano de retomada gradual da operação aprovado com os credores.

“Temos um produto de altíssima qualidade com custo competitivo”, observa Alvarenga. O custo de produção está entre US$ 50 e US$ 53 a tonelada, segundo a companhia.

Nos nove primeiros meses do ano, a Samarco registrou produção de 6,9 mihões de toneladas de pelotas e finos de minério, volume estável em relação ao mesmo período de 2023. As vendas recuaram 3% na mesma base de comparação, para 6,5 milhões de toneladas.

No terceiro trimestre, a produção aumentou 23%, para 2,5 milhões de toneladas. A receita recuou 9%, para US$ 290,1 milhões, resultado da queda nos preços do minério de ferro e das pelotas no período e do aumento do estoque para dar suporte à futura capacidade de produção e vendas aumentadas. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 10%, para US$ 156,2 milhões.

Recuperação judicial

O pedido de decretação do encerramento da recuperação judicial foi feito no dia 25 de novembro. Se for aprovado, a empresa fica dispensada da supervisão das atividades pela Justiça e pelos administradores judiciais Paoli Balbino & Barros Administração Judicial, Inocêncio de Paula Sociedade de Advogados, Bernardo Bicalho Sociedade de Advogados e Wald Administração de Falências e Empresas em Recuperação Judicial. Pela legislação, a fase de supervisão dura dois anos a partir da homologação do plano. No caso da Samarco, esse prazo acabaria em agosto de 2025.

“O plano de recuperação consistia em retomar a operação e fazer a reestruturação da dívida com emissão de dívida nova. Nossa percepção é de que isso foi concluído. A empresa está no processo de validação com a Justiça e com o administrador judicial e a expectativa é que consiga sair da recuperação judicial rapidamente”, afirmou Gustavo de Abreu e Souza, diretor de estratégia, financeiro e suprimentos da Samarco.

A Samarco entrou em recuperação judicial em abril de 2021, com dívidas da ordem de R$ 50 bilhões, sendo R$ 26 bilhões com títulos emitidos no exterior e R$ 24 bilhões com os acionistas controladores. Em agosto de 2023, homologou o plano de recuperação, que previa a reestruturação da dívida, além de um empréstimo de US$ 250 milhões feito pelas sócias Vale e BHP.

Foi feita a troca dos títulos internacionais por uma nova emissão de US$ 3,56 bilhões no exterior, com vencimento em 2031. Da dívida com Vale e BHP, US$ 2,2 bilhões seriam convertidos em ações e o restante deve ser pago após o pagamento dos credores financeiros.

Acordo de Mariana

“Estamos conseguindo cumprir o plano de recuperação até antes do esperado, junto com a reparação”, diz Souza. No fim de outubro, Samarco, Vale, BHP, União, governos de Minas Gerais e Espírito Santo, Ministérios Públicos Federal e Estaduais, Defensorias Públicas da União e Estaduais e outros órgãos fecharam o acordo de repactuação de Mariana, de R$ 170 bilhões.

O acordo garante a continuidade da reparação e compromissos futuros no valor de R$ 132 bilhões. A Samarco deve executar R$ 32 bilhões em ações de indenização, reassentamento e reparação ambiental.

Outros R$ 100 bilhões devem ser repassados pela empresa e suas sócias nos próximos 20 anos aos governos para ações de reparação. Até setembro de 2024, a Fundação Renova, criada em 2016 para coordenar as ações de reparação, havia executado R$ 38 bilhões em ações e indenizações.

Como parte do acordo, a Fundação Renova deixará de existir. A fundação está em fase de liquidação e tem um ano para transferência de todas as obrigações de reparação para a Samarco e os governos. Até 2031, a Samarco poderá usar até US$ 1 bilhão do seu caixa para as despesas com a reparação até 2031. A partir de 2031, será responsável integralmente pelos desembolsos.

Aproveitamento de rejeito

A Samarco informou que os investimentos também englobam projetos para ampliar o aproveitamento do rejeito arenoso na fabricação de concreto, e para aproveitamento do ultrafino em pavimentações ecológicas. A empresa usou mais de 3 milhões de toneladas de rejeito arenoso gerado nas obras de descaracterização da barragem do Germano entre janeiro e outubro deste ano.

A empresa também passou a usar bio-óleo nas usinas de pelotização no Espírito Santo, projeto desenvolvido para substituição gradual do gás natural na matriz energética da empresa.

*Com informações do Valor Econômico

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