‘Vamos ter problemas com crédito imobiliário em 2025’, diz presidente da Caixa Econômica Federal
Carlos Vieira, no entanto, garantiu que não há riscos de falta de recursos para financiamento à habitação neste ano
O presidente-executivo da Caixa Econômica Federal alertou nesta quarta-feira (28) que a oferta de crédito para compra da casa própria deve diminuir a partir do ano que vem.
“Vamos ter problemas com crédito imobiliário em 2025”, disse Carlos Vieira durante apresentação dos resultados do banco no quarto trimestre de 2023.
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A Caixa é responsável por cerca de dois terços do financiamento imobiliário do país. No ano passado, o banco estatal concedeu R$ 185,4 bilhões para esse fim, um aumento de 13% sobre 2022.
A maior parte dos recursos para esse fim são da caderneta de poupança, que há anos registra queda, enquanto poupadores buscam produtos de investimentos mais rentáveis.
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Depois de quase R$ 73 bilhões em resgates em 2023, a poupança teve mais R$ 16 bilhões em saídas líquidas neste ano.
Caixa: empréstimos mais caro?
Os comentários de Vieira ilustram a preocupação da Caixa Econômica Federal em se manter competitiva na sua principal atividade comercial, o financiamento imobiliário. A Caixa também usa recursos do FGTS e de captações no mercado.
O banco ainda obtém recursos no mercado via LCIs, mas esses são mais caros, o que tende a elevar também as taxas de juros para os tomadores de crédito para habitação.
Consequentemente, esse movimento tende a reduzir o número de famílias capazes de tomar os empréstimos, já que o preço das prestações aumenta.
Em entrevista à Inteligência Financeira, no mês passado, Vieira sinalizou que a Caixa Econômica Federal estuda duas opções para cobrir a queda nos recursos da poupança.
Uma delas é a busca de parceiros internacionais dispostos a também conceder empréstimos para habitação.
A outra é tentar convencer o Banco Central a reduzir os depósitos compulsórios, o que aumentaria os recursos disponíveis para o setor. Compulsório refere-se a uma parte dos recursos dos clientes que os bancos são obrigados a recolher para o Banco Central, sem remuneração.
Mudança nas LCIs
Segundo o vice-presidente de finanças da Caixa Econômica Federal, Marcos Brasiliano, com as mudanças regulatórias feitas recentemente nas LCIs, o banco terá que emitir títulos com prazos maiores.
No mês passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) reduziu a quantidade de emissores de LCIs e LCAs e estendeu os prazos para emissão desses títulos.
LCIs, Letras de Crédito Imobiliário, financiam projetos no setor, enquanto as LCAs fazem o mesmo no agronegócio. “Temos uma expectativa de aumento da captação com títulos de mais longo prazo”, disse Brasiliano.
“Tem que ver se vai conseguir compensar perda de títulos de curto prazo”, acrescentou. Vieira, no entanto, garantiu que não há riscos de falta de recursos para financiamento à habitação neste ano.
Enquanto isso, afirmou, o banco segue trabalhando com as demais opções. “Temos um desejo de que essa questão do compulsório seja discutida”, disse Vieira.
Ele também mencionou o programa lançado nos últimos dias pelo governo federal para proteção cambial de investidores internacionais que queiram fazer aplicações de longo prazo no Brasil.