Meta anuncia chatbots de IA gratuitos e em português no WhatsApp em julho
Gigante das mídias sociais adotou uma abordagem muito diferente da tecnologia em comparação com os concorrentes, oferecendo tanto seu modelo quanto o chatbot gratuitamente
A Meta, dona do Facebook, está planejando permitir com que empresas usem chatbots de inteligência artificial gratuitos no WhatsApp, afim de amplificar os esforços da empresa em transformar aplicativos de mensagens em unidades de negócios viáveis.
Esses chatbots de relacionamento com clientes representam um teste inicial das tentativas Mark Zuckerberg, presidente da companhia, de infundir os aplicativos da Meta com IA de maneiras que possam eventualmente gerar receita. A gigante das mídias sociais adotou uma abordagem muito diferente da tecnologia em comparação com os concorrentes, oferecendo tanto seu modelo quanto o chatbot gratuitamente.
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Os investidores ainda não endossaram essa estratégia, especialmente à medida que os gastos da Meta com IA continuam a aumentar. Em seus últimos resultados trimestrais, a empresa revelou que poderia aumentar seus níveis de gastos para 2024 em até US$ 10 bilhões para apoiar investimentos em infraestrutura para sustentar seus investimentos em IA. Após os resultados, as ações da empresa caíram 10%.
“A janela de oportunidade é bastante pequena para a Meta descobrir como criar chatbots de IA que as empresas queiram usar”, afirmou Debra Aho Williamson, analista-chefe da Sonata Insights. “Pode haver muitas opções para essas empresas”.
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Ao focar em usos comerciais para o WhatsApp em países como Brasil, Índia e outros, a Meta surpreendeu alguns céticos com seu progresso em gerar receita a partir de aplicativos de mensagens.
Nos últimos anos, a companhia cobrou dos clientes pela WhatsApp Business Platform, que permite que as empresas se comuniquem com seus clientes no aplicativo. Além de ter aumentado seus anúncios de clique para mensagem, os que aparecem no Facebook e Instagram e iniciam conversas entre usuários e empresas no WhatsApp e Messenger.
Em fevereiro de 2023, a empresa anunciou que os anúncios de clique para mensagem alcançaram US$ 10 bilhões em vendas anuais. Já em abril, informou que sua receita trimestral da família de aplicativos foi de US$ 380 milhões, principalmente impulsionada pela WhatsApp Business Platform. Vale lembrar que a Meta adquiriu o WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões.
Embora esses números representem uma pequena proporção dos US$ 133 bilhões que a empresa gerou em receita total para 2023, a Meta começou a divulgar seus planos para aumentar as vendas geradas por mensagens.
Nesta quinta-feia (6), em seu evento Conversations em São Paulo, revelou mais de sua estratégia, incluindo novos recursos importantes impulsionados por IA.
A empresa disse que planeja expandir o número de empresas que podem usar IA para conversar com clientes através do WhatsApp. Os chatbots ajudarão as empresas a lidarem com o influxo de respostas que recebem dos clientes. Como parte dessa expansão, Zuckerberg anunciou que no próximo mês a empresa lançará seu chatbot de IA em português, seu primeiro idioma fora do inglês – uma vez que o Brasil é um dos principais mercados do WhatsApp, junto com a Índia.
Além disso, a Meta permitirá que os usuários do aplicativo WhatsApp Business usem IA para criar anúncios. A empresa espera que, ao oferecer ferramentas de criação de anúncios baseadas em IA, mais empresas que nunca seriam capazes de fazer anúncios por conta própria o façam e paguem à Meta para promover seus negócios.
Como muitos outros no Vale do Silício, a Meta mergulhou na corrida de IA da indústria tecnológica após o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022. A Meta lançou o Llama 2, um modelo de linguagem grande, e introduziu seu chatbot de IA em 2023, atualizando ambos em abril.
Com a estratégia de IA da Meta, Zuckerberg tem pregado paciência aos acionistas, pedindo que confiem nele e apontando para a mudança da empresa para publicidade móvel, sua replicação do recurso de stories do Snapchat e a implantação do Reels para competir com o TikTok como sucessos anteriores.
Mas a confiança dos investidores tem sido testada desde que Zuckerberg renomeou a empresa há três anos e começou a gastar bilhões em produtos como óculos de realidade virtual e óculos inteligentes para construir o chamado metaverso. A unidade Reality Labs da Meta gastou quase US$ 60 bilhões em tais iniciativas, que buscam criar software e hardware para mundos virtuais.
“Eles precisam encontrar uma maneira de mostrar aos investidores com algum grau de convicção que há algo ali”, disse o analista da Bernstein, Mark Shmulik. “Um chatbot movido a IA dentro da mensagem comercial parece um ótimo lugar para implantá-lo. Você pode encontrar a adequação ao mercado de produtos mais cedo do que nos óculos inteligentes”.
Com informações do Valor Econômico