O apetite do iFood cresceu. Agora a companhia quer ser também o banco dos restaurantes
Meta é que o negócio represente 50% das receitas do grupo, disse o CEO do Ifood Pago, Bruno Henriques, em entrevista à Inteligência Financeira
O apetite do iFood por receitas aumentou. E para matar a fome, a empresa escalou seu recém-lançado banco digital, o iFood Pago.
A meta é ambiciosa: o iFood Pago atualmente responde por cerca de 10% do faturamento anual do conglomerado, de aproximadamente R$ 10 bilhões. O plano é que o braço financeiro responda por metade do faturamento do grupo daqui a cinco anos.
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Para chegar lá, o iFood vai levar à sua rede de 350 mil restaurantes um cardápio com crédito, contas digitais e serviços de pagamento.
Isso, sem contar a garfada no mercado de cartões de benefício, que gira cerca de R$ 150 bilhões por ano no Brasil.
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O movimento mostra os esforços do maior aplicativo de entrega de comida e itens de supermercado da América Latina para manter o crescimento e diversificar receitas.
Criado em 2011, o iFood apareceu recentemente como uma das ‘Triunfantes’, grupo que a consultoria Atlantico deu ao trio de startups latino-americanas que são referências em seus setores no mundo. O iFood está ao lado de Nubank (ROXO34) e Mercado Livre (MELI34).
iFood Pago: o banco digital dos restaurantes
Mas como o grupo vai fazer isso, ingressando num mercado já saturado de fintechs no Brasil?
“Com relacionamento”, disse o presidente do iFood Pago, Bruno Henriques, à Inteligência Financeira.
Segundo ele, o iFood tem conhecimento único da realidade do setor de bares e restaurantes no país, o que se aprofundou com a Covid-19. O isolamento social para controlar a pandemia tornou o setor um dos mais afetados do país.
Vários deles sobreviveram após passarem a produzir refeições para entrega.
“Percebemos que dono de restaurante não tem acesso a crédito nos bancos”, disse Henriques.
Desde então, o iFood já vinha fazendo a ponte para canalizar crédito ao setor.
Nos últimos dois anos, foram R$ 2,7 bilhões emprestados. Os empréstimos vão de R$ 10 mil a R$ 1 milhão por operação.
No entanto, a captação de recursos vinha por meio de fundos de recebíveis (FDICs), envolvendo instituições financeiras.
Percebendo a oportunidade de usar esse canal para aprofundar o relacionamento (e as receitas) com clientes, o iFood dobrou a aposta. Primeiro obteve do Banco Central uma licença para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD). Depois, incorporou a fintech Zoop, de serviços financeiros.
Por fim, também recebeu aval para atuar como instituição de pagamentos.
Na prática, isso permite que o iFood Pago hoje atue de ponta a ponta. Captando recursos, mas ofertando crédito.
Para concluir o plano, o grupo montou um batalhão com cerca de 600 pessoas, incluindo ex-executivos de grandes bancos para dar robustez à operação.
Então, há três meses uniu todas essas iniciativas debaixo do iFood Pago.
Principalidade do cliente: iFood já tem
Segundo Henriques, por causa do relacionamento que já desenvolveu no setor e com os clientes e da recorrência de transações financeiras, o iFood Pago tem boas condições de ser o principal canal financeiro dos restaurantes.
Por isso, a empresa não vê como desvantagem o fato de chegar num momento de saturação do mercado de bancos digitais no país.
Além disso, acrescentou o executivo, a companhia aprendeu com erros de outras fintechs para não repeti-los.
“O tempo certo é agora”, disse Henriques.
Para o futuro, a companhia mira ampliar serviços financeiros também para outros estabelecimentos como supermercados e pet shops, além de oferecer cartões de crédito corporativos.
IPO à frente?
Há anos o iFood é alvo de especulações sobre possível listagem em bolsa por meio de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
Segundo Henriques, o movimento é uma possibilidade futura. Porém, o grupo não carece de captar recursos no mercado para crescer.
Além disso, o momento atual não é propício para isso.
“Tem que ter motivo claro para fazer (o IPO)”, disse ele. “E nós não estamos com pressa”.