Fleury (FLRY3) já fez 18 aquisições e diz ter apetite para mais
Em entrevista à Inteligência Financeira Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, fala da combinação de negócios que pôs a empresa em um novo patamar de receitas e diz que está de olho em novas oportunidades
Enquanto uns choram outros vendem lenços. O ditado popular repetido por empreendedores pode muito bem ilustrar a situação da empresa de medicina diagnóstica Fleury (FLRY3). Em entrevista à Inteligência Financeira, Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury, fala da combinação de negócios que colocou o laboratório em um novo patamar de receitas. O setor de saúde, por sua vez, se debate com a pauta tributária, o aumento do custo da saúde e reajustes abaixo do esperado, no caso das operadoras.
Tsutsui conta que desde 2017 o Fleury já fez 18 aquisições, 12 delas em medicina diagnóstica e 6 em novas especialidades. E há apetite para novas compras, diz ela.
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Na entrevista em vídeo, você confere os negócios que interessam ao Fleury, como está se dando a expansão regional e os planos do grupo para crescer seu portfólio de marcas. O Fleury opera nos segmentos premium, intermediário e básico.
Jeane Tsutsui falou à Inteligência Financeira durante a Itaú BBA CEO Conference.
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Dívida controlada, com mais receita
Embora reforce o apetite por novas aquisições, Tsutsui diz que o endividamento não deve ultrapassar o atual patamar de 1,2 vez o Ebitda (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). O número é considerado baixo. O setor opera com nível de alavancagem de quatro a cinco vezes maior.
“Também temos disciplina de custos e despesas. Olhamos para produtividade e eficiência operacional o tempo inteiro”, diz Tsutsui.
Os analistas da Genial, liderados por Guilherme Vianna, destacaram como ‘excelente’ a gestão de custos do Fleury em relatório publicado em maio.
Mais diagnósticos
Do lado da receita, os analistas veem crescimento por ‘volume e não de preço’.
Em outras palavras, o maior volume de exames (para diagnósticos ou de toxicologia, por exemplo) devem contribuir para a receita. A dengue teve impacto de 11% na receita da operação do Fleury em Minas Gerais, estado com o maior volume de casos no país, no primeiro trimestre.
Além disso, Tsutsui vê possibilidade de expansão no segmento B2C, que são as unidades de atendimento e correspondem a aproximadamente 67% do negócio, diz ela. A executiva cita como exemplo a aquisição (por R$ 69,8 milhões), em abril, de 100% da rede de laboratórios e diagnóstico São Lucas, em Santa Catarina.
A compra marcou a entrada do Fleury no estado com a oferta de serviços direto ao consumidor.
Os analistas do Itaú BBA destacaram a aquisição como positiva, mas relativizaram o impacto da operação na receita do Fleury.
Assim, segundo os analistas do Itaú BBA, a operação do São Lucas é “muito pequena para causar impacto em uma empresa grande como o Fleury”. O São Lucas teve faturamento de R$ 47 milhões nos últimos 12 meses (dado de abril), enquanto o Fleury fechou 2023 com receita líquida de R$ 7,2 bilhões, alta de 9,7% sobre 2022.
Jeane Tsutsui: apetite por novas aquisições
Questionada se o Fleury pretende fazer novas aquisições, Tsutsui diz que sim.
“O tempo inteiro temos um time de M&A (fusões e aquisições) que olha um pipeline tanto de medicina diagnóstica quanto de outros serviços. O ponto principal é que a aquisição precisa fazer sentido.”
Para ela, fazer sentido significa cumprir os três parâmetros que o Fleury considera essenciais numa compra: entrar em nova praça, ter alinhamento cultural e estar dentro das metas financeiras.
“Temos uma estratégia de combinação de crescimento orgânico com aquisições, que têm que ser feitas com muito critério, olhando o momento do custo de capital e o preço correto.”
Tecnologia e Inteligência artificial
Outro pilar da estratégia de crescimento do Fleury é a tecnologia.
“Ela é fundamental para o negócio de saúde”, diz Tsutsui. Segundo a CEO do Fleury, a tecnologia tem permitido ampliar o acesso a saúde, aumentar a produtividade e melhorar a experiência para o cliente.
Dessa forma, o Fleury atua em parceria com novas empresas digitais para trazer para dentro novas tecnologias. “Temos 57 startups que já estão no dia a dia do Fleury, em 27 áreas da organização.”
Quando o assunto é inteligência artificial (IA), Tsutsui conta que o uso de IA em ressonância magnética, já permite reduzir o tempo de captura de exames em 48%, “ao mesmo tempo que também permite um ganho de qualidade”.
Outra utilidade importante de IA é nos equipamentos de tomografia, para diagnóstico de situações críticas. O ganho é a maior assertividade do diagnóstico, que permite celeridade no tratamento. “Isso tem um impacto gigante no cuidado do paciente.”
FLRY3
Veja o que dizem os analistas sobre a ação do Fleury.
Analista | Recomendação | Justificativa | Preço-alvo |
XP | Neutra | Empresa busca se desalavancar financeiramente, o que pode reduzir a sua capacidade de pagamento de dividendos no curto prazo. | R$ 19,50 |
Goldman Sachs | Compra | Fleury parece bem posicionado em uma perspectiva de desalavancagem — redução do endividamento — entre os fornecedores de hospitais, no movimento contrário ao do segmento, que está com capital de giro mais pressionado dada a elevada sinistralidade de planos de saúde. | R$ 19 |
Genial | Compra | O Grupo Fleury é nossa Top Pick do setor de saúde, acreditamos na tese de longo prazo de construção de um ecossistema integrado de saúde que gere valor na jornada inteira do paciente. | R$ 21 |
Itaú BBA | Compra | Valuation atrativo e boa dinâmica de rentabilidade, dadas as sinergias de Hermes Pardini (veja vídeo entrevista para saber mais de ganhos com Hermes Pardini). | R$ 22 |