Momento da construção beneficia pequenas empresas e setor deve ter batalha por terrenos
Relatório do Santander mostra que 71% das construtoras de baixa renda já observam melhora na margem bruta
A estabilidade do preço dos terrenos, a despressurização do custo de produção e o crescimento da demanda via principalmente Minha Casa Minha Vida tem animado as construtoras.
Relatório do Santander que mede o humor de 25 empresas listadas e não listadas do setor de construção civil apontou “perspectiva positiva de crescimento de vendas nos próximos 12 meses” para o segmento de imóveis residenciais.
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Segundo o relatório, os preços dos terrenos estão “bastante estáveis” na percepção de 56% dos entrevistados. No segundo trimestre de 2024, esse percentual era de 45,8%.
“Acreditamos que a estabilidade de preços é parcialmente uma consequência do aumento da disponibilidade de terrenos na região central de São Paulo, dadas as recentes mudanças no plano diretor da cidade”, avalia o banco espanhol.
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Assim, 76% dos executivos das empresas do setor entrevistados pelo Santander estão dispostos a aumentar a disponibilidade de terras adquiridas nos próximos 12 a 24 meses, “em linha com a vontade de acelerar os lançamentos”.
Vendas acima do esperado
Em meados de setembro, quase metade (48%) das empresas do setor observavam desempenho de vendas pelo menos 5% melhor do que o projetado. Enquanto mais de um terço (36%) observaram vendas em linha com o esperado.
O relatório menciona redução da pressão sobre os custos gerais de construção. “As perspectivas benignas para os custos de construção parecem estar compensando as preocupações com o (custo do) trabalho”, diz o Santander.
Margens em expansão
“Ainda há espaço para uma maior expansão das margens”, diz o Santander. Além da questão do custo de produção, o mercado também está animado com o programa Minha Casa Minha Vida.
No geral, 40% dos entrevistados esperam margens brutas pelo menos 100 pontos-base acima dos níveis dos últimos doze meses. “Esse número é ainda maior para as construtoras de baixa renda (mais impulsionadas pelo programa), já que 71,4% delas observaram algum nível de melhoria na margem bruta”, avalia o Santander.
Lançamentos do Minha Casa Minha Vida no estado e na cidade de São Paulo
A coluna da esquerda mostra os dados do Estado, que não contêm a parcial de 2024 porque não estão consolidados os dados de alguns municípios.
À direita, os dados da capital paulista mostram crescimento robusto no lançamento das unidades do MCMV este ano.
MCMV cresce em relevância e beneficia construtoras de baixa renda na bolsa
Dados do Secovi-SP mostram a evolução das unidades lançadas por ano e período de imóveis enquadrado no programa Minha Casa Minha Vida na cidade de São Paulo.
A participação dos lançamentos focados no programa tem ganhado relevância no total do mercado paulistano de moradia.
Assim, as construtoras voltadas para baixa renda se destacam este ano na bolsa de valores.
A Cury subiu mais de 30% desde janeiro. Nesse sentido, a Plano e Plano avançou 11%. Mas a grande vencedora é a Direcional, com valorização de mais de 40% no período.
Por outro lado, Eztec e Cyrela – voltadas para faixas mais altas de renda – desceram 23% e 11%, respectivamente.
Lançamentos por região
Veja o ranking dos dez distritos com mais lançamentos residenciais na cidade de São Paulo, divididos por tipo de mercado: tradicional ou Minha Casa Minha Vida.
Fonte: Secovi
Fonte: Secovi
Como acompanhar o desempenho das construtoras da bolsa
Segundo Marcos Milan, professor na FIA Business Scholl, alguns indicadores são padrões para acompanhar ações, entre eles, o índice preço/lucro, o ROE e o nível de endividamento.
Além disso, é preciso considerar fatores macroeconômicos. Taxa de juro acaba impactando muito – e agora iniciamos um novo ciclo de alta de juros – e preço do dólar, dado que muitos dos insumos são importados.
“Por outro lado, incrementos no programa Minha Casa Minha Vida, controle da inflação e aumento do nível de emprego e renda colaboram para que as pessoas voltem a comprar imóveis”, destaca Milan.
Assim, fatores macro e micro se entrelaçam.
“É sempre interessante entender o endividamento dessas empresas porque quando uma empresa como uma Cyrela ou uma MRV lança um projeto, tem todo um fluxo de caixa projetado no qual as despesas já estão certas, mas as receitas vão depender de como que a parte macro vai se desdobrar”, pondera o professor.