CEO da CCR Aeroportos: ‘Os aeroportos viáveis no Brasil que seriam concedidos já foram’
O CEO da CCR Aeroportos, Fabio Russo, afirma que janela de consolidação aberta no mercado de aeroportos ultrapassa o Brasil e pega toda a América Latina
O CEO da CCR Aeroportos, Fabio Russo, destacou que a janela de consolidação aberta no mercado de aeroportos ultrapassa o Brasil e pega toda a América Latina. “Uma consolidação na América Latina, não só Brasil, faz sentido. Acho natural”, disse o executivo, em conversa com o Valor Econômico.
A empresa tem sinalizado ao mercado sua intenção de arrumar um parceiro estratégico para tocar alguns segmentos, entre eles o de aeroportos.
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Durante o CCR Day, em maio, os executivos do grupo destacaram que a CCR poderá gerar de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões por meio da atração de novos sócios a suas plataformas e pela venda de ativos do portfólio atual. A prioridade seria construir plataformas de aeroportos e de mobilidade urbana com novos sócios, mas há também oportunidades em rodovias.
Crescimento por consolidação
Com investimentos em aeroportos há mais de 10 anos, o grupo administra hoje 20 terminais em quatro países. Em 2021, a empresa ganhou a licitação dos blocos Sul e Central da 6ª rodada de concessões, levando para dentro do seu portfólio mais 15 terminais.
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“Os aeroportos viáveis no Brasil que seriam concedidos já foram. Temos o caso clássico de Santo Dumont, que não foi e não deverá ser concedido no horizonte visível. Esse é um cenário diferente de rodovias, por exemplo, em que vemos vários leilões anunciados. Isso não ocorre em aeroportos.
Por esse motivo, a gente acha que dá para crescer em aeroportos, mas esse crescimento não virá por meio de novos contratos. Ele virá de consolidação. O mercado espera muito uma consolidação”, disse. “Não tem ninguém anunciando venda de ativo, mas você pode ter ganhos de escala por meio da união de alguns grupos e isso é algo que faz sentido”, acrescentou.
Operações pontuais e pouco conectadas
O executivo destacou que diversos grupos globais estão na região da América Latina, mas com operações pontuais e pouco conectadas – entre eles o terminal de Guarulhos (Invepar e ACSA), Fraport (Porto Alegre) e a Changi (Galeão). “Não tem ninguém com participação muito relevante na América Latina, um grande ‘player’”, disse.
Russo não deu detalhes sobre eventuais conversas no mercado com operadores, mas deu algumas pistas de formatos de negócios que fariam sentido para uma eventual consolidação. Um deles seria a criação de uma joint venture com algum outro operador, transferindo assim os ativos aeroportuários.
O foco do grupo no curto prazo, entretanto, é terminar obras iniciadas nos terminais da 6ª Rodada. A estimativa é concluir parte significativa até novembro. Após isso, o grupo teria mais condições de engatar em conversas. “Estou preocupado em terminar as obras. Terminar obra não é só tirar risco de engenharia. Isso melhora o ativo e cria mais valor [para uma eventual negociação]”, disse.
Cenário desafiador
Monique Barbato de Souza, diretora comercial da CCR Aeroportos, destacou que o início das operações dos terminais da 6ª rodada – em meados de março de 2022 – foi desafiador. Por causa da pandemia, os aeroportos tinham, em média, 39% de área comercial ocupada. “A gente terminou 2023 com 52% e temos missão de em cinco anos dobrar a taxa de ocupação para 80%”, disse.
No geral, a empresa ainda vê uma queda de 5% no volume de passageiros contra o pré-pandemia – embora alguns terminais já se recuperaram totalmente da crise sanitária. O desafio hoje é a menor frequência de voos e subida nas tarifas aéreas.
A tarifa aérea maior levou a uma mudança de modal por parte de passageiros, que trocaram o avião por carro ou ônibus em rotas mais curtas. “O aeroporto de Londrina é um exemplo. Ele está quase na divisa com São Paulo. Ficamos sem voos de Congonhas para Londrina por muito tempo e ainda não voltou na mesma frequência. O passageiro tem pouca flexibilidade e um maior custo”, acrescentou Souza.
Russo, entretanto, disse que o tema tarifa aérea mais elevada é um desafio global e não apenas do Brasil. “E isso veio para ficar por algum tempo. As aéreas estão se reestruturando de épocas muito complexas. Algumas aéreas receberam apoio financeiro de governos, o que não foi o caso aqui. Vamos ter de nos acostumar [com as tarifas em patamares mais remuneradores] por mais tempo”, disse.
Com informações do Valor Econômico.