Bancos digitais já conhecem mais a baixa renda do que os bancões, avalia CSU Digital (CSUD3)

Fintechs aprenderam a dar crédito para público recém-bancarizado, por meio de parcerias e com uso de inteligência artificial, diz executivo

Pedro Alvarenga é diretor financeiro e de relações com investidores da CSU. Foto: Divulgação
Pedro Alvarenga é diretor financeiro e de relações com investidores da CSU. Foto: Divulgação

Os bancos digitais já sabem melhor como conceder crédito de forma bem sucedida para famílias de baixa renda do que grandes bancos comerciais no Brasil.

A afirmação é do diretor financeiro e de relações com investidores da CSU Digital (CSUD3), Pedro Alvarenga.

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Segundo ele, ao aprofundar o relacionamento com um público de dezenas de milhões de pessoas que se bancarizaram por meio das contas digitais nos últimos anos, os chamados neobanks aprenderam sobre hábitos de consumo e capacidade de pagamento desse público, dados que as instituições financeiras estabelecidas não têm.

“Os bancos digitais tomaram risco no início, mas agora estão algumas etapas à frente”, disse Alvarenga em entrevista à Inteligência Financeira.

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Bancos digitais crescem a aparecem

Os comentários do executivo ilustram como as fintechs passaram a ditar os rumos do relacionamento bancário com o varejo mais amplo no Brasil.

Com uma estrutura de custos muito mais leve, inovação regulatória, volumosos recursos de investidores de risco e rápida digitalização catalisada pela pandemia da covid, os bancos digitais abriram cerca de um bilhão de contas digitais gratuitas na última década.

Em seguida, com o mercado dando sinais de saturação, os investidores passaram a cobrar que os neobanks mostrassem que poderiam ser rentáveis.

Assim, Nubank (ROXO34), Mercado Pago e outros passaram a ofertar gama crescente de produtos, incluindo seguros, investimentos e, claro, crédito.

ações de tecnologia; ações da CSU

Segundo levantamento recente da PwC, encomendado pela Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), os bancos digitais emprestaram R$ 21 bilhões em 2023.

Isso significa salto de 52% sobre o ano anterior.

E, embora esse montante represente menos de 1% dos empréstimos totais para pessoas físicas, é significativo, dada sua concentração em linhas como cartão de crédito e CDC. Além disso, o ritmo de expansão é muito superior ao da média do sistema, ao redor de 10% ao ano.

Assim, segundo relatório do Goldman Sachs, só o Nubank terá 11% do crédito para o consumo no Brasil em 2028 (ante 4% em 2023).

Esse movimento se dá num momento em que grandes bancos comerciais, como Bradesco e Santander, vêm indicando revisão nas suas operações de varejo, à medida que tentam recuperar seus níveis de lucratividade machucados por perdas bilionárias com calotes em crédito nos últimos anos.

Comendo pelas beiradas

Os bancos digitais, enquanto isso, estão desenvolvendo estratégias para identificar individualmente os clientes para quem podem oferecer crédito de forma mais segura, disse Alvarenga.

Como exemplo, ele citou a parceria do Nubank com a operadora de telefonia Claro.

“Isso dá a oportunidade de conhecer clientes que nenhum outro banco conhece”, disse o executivo.

Alternativamente, instituições fora do mercado financeiro também estão detectando oportunidades de criar bancos digitais para desenvolverem maior relacionamento com seus públicos. E, claro, obterem mais receitas.

É o caso do Palmeiras Pay, parceria do Palmeiras com a Pefisa, braço financeiro da Lojas Pernambucanas, a bandeira de cartões Elo e a Allianz Seguros.

Como revelou a Inteligência Financeira, o clube paulista viu na parceria uma oportunidade para alavancar seu programa de sócio torcedor, o Avanti, hoje o maior do país.

A própria CSU Digital, provedora de infraestrutura de serviços financeiros, vende seus serviços para vários desses arranjos.

Depois de anos com fintechs ofertando contas digitais para o grande público, agora é a vez dos bancos digitais de nicho, disse Alvarenga.

Inteligência artificial: arma para os bancos digitais

Nesse sentido, o emprego da inteligência artificial vai ajudar os bancos digitais a serem mais assertivos na oferta e no atendimento dos clientes, disse o diretor da CSU.

O estudo da PwC mostra que as fintechs já usam IA para modelar crédito e identificar a quais clientes devem oferecer crédito e com quais taxas.

Segundo o executivo, soluções criadas pela CSU com a primeira fase da IA já trouxeram aos clientes ganhos de eficiência de 40%.

Atualmente, disse ele, a empresa investe no desenvolvimento de produtos com uso de IA generativa, o que deve chegar ao mercado em 2025.

CSU: vale a pena investir?

Na B3 desde 2006, a CSU Digital surgiu como uma processadora independente de cartões.

Gradualmente ampliou sua prateleira de produtos até se tornar numa provedora completa de serviços financeiros, inclusive de back office e antifraude.

Atualmente cerca de 40 clientes usam seus serviços, incluindo bancos regionais, como Banrisul, cooperativas de crédito, como a Sicredi, e seguradoras.

Por meio delas a CSU processou mais de um bilhão de transações nos últimos 12 meses, num volume financeiro superior a R$ 300 bilhões.

No primeiro trimestre a empresa teve receita líquida de R$ 139 milhões, aumento de 5% ano a ano.

Enquanto isso, o lucro líquido de R$ 24,2 milhões e cresceu 20% ano a ano.

A ação da companhia acumula valorização de 63% nos últimos 12 meses, até 11 de julho.

No momento 12 analistas que acompanham a ação da CSU e todos têm recomendação de compra, segundo o site de relações com investidores da própria companhia.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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