Americanas (AMER3) consegue maioria para aprovar plano em assembleia de hoje

Empresa chega à assembleia geral de credores, marcada para hoje, com o apoio dos detentores de pelo menos 57% de suas dívidas

Fachada de unidade da Americanas. Foto: Davi Corrêa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Fachada de unidade da Americanas. Foto: Davi Corrêa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Quase um ano depois de comunicar ao mercado um rombo de mais de R$ 20 bilhões, que depois se revelou fruto de fraudes contábeis, a Americanas chega às vésperas da assembleia geral de credores (AGC) com condições de aprovar o seu plano de recuperação judicial. Com a aprovação, a empresa receberá um aporte de R$ 24 bilhões, que será dividido entre os três principais acionistas e os bancos credores.

Nesta segunda (18) a varejista informou que o banco Safra, fundos geridos pela BTG Pactual Asset e a Oliveira Trust, que é o agente fiduciário de uma de suas emissões de debêntures, aderiram formalmente ao plano. Assim, a companhia chega à AGC, marcada para hoje, com o apoio dos detentores de pelo menos 57% de suas dívidas. Há a expectativa de que outros credores ainda deem seu aval ao plano, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

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O Safra tentou na Justiça suspender a assembleia, alegando manipulações no acordo entre a Americanas e os credores. O pedido, entretanto, foi negado, e o banco acabou aderindo ao acordo. Com R$ 2,5 bilhões a receber da Americanas, o Safra é um dos maiores credores no processo.

O que é preciso para aprovar o plano?

Para aprovar o plano, a Americanas precisa da adesão dos detentores da maioria do volume de créditos e também da maioria simples dos credores presentes na AGC. Segundo pessoas próximas ao processo, é alta a probabilidade de que a empresa consiga as duas maiorias e, dessa forma, encerre 2023 com o plano de recuperação aprovado.

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O Bradesco, o maior credor da rede de varejo, acredita que o plano será aprovado. “Devemos ter a aprovação, e isso tem um reflexo positivo para os trabalhadores, para os fornecedores e também para os credores ao longo do tempo”, disse ontem Marcelo Noronha, o presidente do banco, que tem cerca de R$ 5 bilhões a receber.

Os bancos credores converterão R$ 12 bilhões em dívidas da empresa em ações, de modo proporcional à fatia de cada um na dívida. Segundo Noronha, os bancos não devem participar em instâncias como o conselho de administração da varejista, por não ser um investimento de caráter estratégico. “Eles (os acionistas de referência) devem ficar com mais de 50%”, afirmou Noronha.

‘Torcedores’

O presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que o banco trabalha pela recuperação da rede. “Somos torcedores e partícipes de que a empresa volte à normalidade.”

Até que o plano chegasse ao formato que atraiu as adesões dos grandes credores, houve uma longa negociação e vários atrasos. O aporte de R$ 12 bilhões que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da Americanas, farão na varejista é o dobro do proposto em janeiro. E o valor só aumentou após uma dura negociação com os bancos credores.

No início do processo, as instituições rejeitaram a ideia de converter dívidas em ações, porque consideravam que a capitalização que os três sócios propunham, então de R$ 6 bilhões, era baixa diante da necessidade da companhia. Em paralelo, alguns bancos foram à Justiça para tentar executar garantias contra a Americanas. À medida que a negociação avançou e o aporte proposto pelo trio aumentou, as ações foram sendo suspensas.

Os R$ 12 bilhões foram colocados na mesa em outubro, com os três empresários concordando em aportar na empresa de forma imediata R$ 2 bilhões que, anteriormente, haviam se comprometido a aportar no futuro, caso necessário. Isso ajudou a destravar as negociações.

Ainda assim, o acordo atrasou: era esperado para o primeiro semestre, mas os credores só assinaram seus termos após a Americanas publicar o balanço auditado de 2022, adiado por quatro vezes e finalmente revelado em novembro. O rombo chegou a R$ 25,2 bilhões, e o prejuízo da rede varejista no ano passado foi de R$ 12,912 bilhões. Os números dos nove primeiros meses de 2023 devem ser publicados até o final de dezembro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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