IF Hoje: Mercado foca na decisão de Lula sobre reoneração da gasolina e do etanol
Haddad pode sofrer mais uma derrota caso isenção dos impostos seja prorrogada
Bem próximo de completar dois meses, o governo Lula se vê em uma sensível disputa sobre a reoneração dos combustíveis, opondo a ala econômica, liderada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, com a área mais ideológica, encabeçada por líderes do PT no Congresso e outras áreas do governo.
Lula deve decidir essa questão e pode ser ainda hoje. Às 10h, o presidente se reúne mais uma vez com Haddad e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para tratar do tema, que também é de grande interesse do mercado pois afeta a arrecadação e os cofres da União.
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A isenção do PIS/Cofins para a gasolina e o etanol termina nesta terça-feira (28) e a ala econômica quer encerra-la, argumentando não haver espaço fiscal para manter essa isenção, implementada por Bolsonaro às vésperas das eleições de 2022. Prorrogar a medida custaria R$ 28,8 bilhões até o fim do ano.
A ala do governo que defende prorrogar a isenção do imposto defende que não se pode retomar a cobrança dos impostos sem antes definir uma nova política de preços para a Petrobras, o que só seria possível a partir de abril, com a renovação do conselho de administração da empresa.
Últimas em Morning Call
Em caso de nova derrota de Haddad, algumas soluções estão sendo estudadas, como uma prorrogação por dois meses ou uma reoneração gradual, no entanto, nada confirmado oficialmente.
Por falar em Petrobras, a companhia divulgará seu balanço nesta quarta-feira (1) após o fechamento do mercado, a expectativa do mercado você pode acompanhar aqui.
Ainda na política
Além da reoneração, o investidor deve também ficar atento aos rumores sobre a indicação para a vaga de diretor de política monetária do Banco Central – que são indicativos para a indicação do próximo presidente da autarquia, por fim, as discussões em torno do novo arcabouço fiscal a ser divulgado em março.
Indicadores
No Brasil, às 8h25 o Banco Central divulgou o Boletim Focus com as projeções do mercado para os principais indicadores macroeconômicos do país.
Às 8h teve dado de inflação medido pelo IGP-M da FGV referente a fevereiro, com deflação de 0,06%, após alta de 0,21% no mês anterior.
A chamada inflação do aluguel agora acumula alta de 0,15% no ano e de 1,86% em 12 meses. Em fevereiro de 2022, o índice variara 1,83% e acumulava alta de 16,12% em 12 meses.
Às 9h30 saem as taxas de empréstimos bancários de janeiro.
Balanços do dia
Pão de Açúcar reporta os dados do 4º tri após o fechamento. O mercado acredita que, assim como o resultado do 3º trimestre, o grupo varejista deve fechar o ano com crescimento de vendas em todos os formatos “core” (premium, proximidade e supermercado).
Segundo a Genial Investimentos, posto de gasolina ainda deve se manter um detrator de crescimento do “top line” do grupo. Com uma abertura de 39 lojas no último trimestre, sendo 20 apenas no mês de dezembro, espera-se que o GPA apresente um faturamento bruto 11% maior na comparação anual e rentabilidade com margens semelhantes às do 3º tri.
Agenda
Hong Kong reporta seu saldo de importações x exportações referentes ao mês de janeiro.
União Europeia, Itália, Portugal divulgam pesquisas de confiança do consumidor e confiança do empresário referente ao mês de fevereiro.
A União Europeia ainda divulga massa monetária de janeiro (projeção de 3,9%) e o volume de empréstimos ao setor privado.
A Massa Monetária mede o valor de todos os ativos em poder do público. A teoria comum é que os níveis elevados de moeda estimulam o crescimento e têm um efeito inflacionário, levando ao aumento das taxas de juros.
México divulga balança comercial de janeiro, com projeção de superávit.
Argentina solta o indicador de vendas no varejo de dezembro e anual.
Japão tem vendas no varejo anual e de janeiro, produção industrial de fevereiro.
Mercados na última semana
A semana que passou foi mais curta devido ao carnaval, mas foi marcada pelas tragédias ocorridas no Litoral Norte de São Paulo em decorrência das fortes chuvas no fim de semana, que deixaram 64 pessoas mortas e centenas de desabrigagas.
No âmbito econômico, o IPCA-15 avançou 0,76%, superando as projeções do mercado de 0,72%, puxados por aumentos em educação. O Boletim Focus trouxe um aumento do pessimismo do mercado diante das incertezas fiscais e política monetária.
Nos Estados Unidos, a ata do Fed indicou a manutenção de postura hawkish do banco central americano, e por fim, o evento mais relevante, a inflação medida pelo PCE saiu acima da projeção do mercado, sustentando e até reforçando a postura contracionista, retirando liquidez das bolsas ao redor do mundo.
Ainda no Brasil, um caso de doença da Vaca Louca suspendeu a exportação da carne bovina para a China. De olho nisso, o fluxo de embarques pode voltar ao normal em que seja constatado como caso isolado de um “gado idoso” e não um surto da doença nos rebanhos brasileiros.