Marfrig (MRFG3) vende ativos – e ações disparam – para Minerva (BEEF3), cujos papéis desabam

Marfrig afirmou que operação faz parte de seu objetivo de se concentrar em produtos de maior valor agregado

Trabalhador entre cortes de carnes penduradas em frigorífico. (Foto: Alexandre Meneghini/AP)

A Marfrig (MRFG3) anunciou nesta terça-feira (29) a venda de 16 frigoríficos e um centro de distribuição para para a rival Minerva (BEEF3) por R$ 7,5 bilhões.

As ações das companhias exibiam desempenhos completamente contrários na bolsa paulista após o anúncio, com especialistas se concentrando no efeito do negócio sobre a alavancagem financeira das empresas.

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A transação envolve 11 unidades de bovinos no Brasil (incluindo 3 inativas), uma na Argentina, três no Uruguai e uma unidade de ovinos no Chile, além de um centro de distribuição no Brasil.

O pagamento inclui R$ 1,5 bilhão na assinatura do contrato e R$ 6 bilhões no fechamento da transação.
Além disso, considerando a Receita dos ativos negociados, de R$ 15,6 bilhões em 2022, a transação implica em um múltiplo de receita.

No pregão da B3, a ação da Marfrig deu um salto de 10,70%, enquanto a da rival Minerva desabou 18,26%. Enquanto isso, o Ibovespa evoluiu 1,10%.

Reações

Em relatório a clientes, o BTG Pactual mostrou frustração com o efeito do negócio para a Minerva.

“Nossa esperança de que a Minerva finalmente entrasse em um ciclo de margens mais favorável e a geração de caixa livre será colocada em espera”, afirmaram Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual.

“Haverá muito para digerir e integrar nos novos ativos antes de poder concretizar as sinergias”, acrescentou o BTG.

Já o Santander ponderou que, embora a transação deva ser percebida pelo mercado com uma leitura de curto prazo mais negativa, por causa do maior endividamento, num cenário mais longo a expectativa é positiva.

“A alta alavancagem no curto prazo, combinada com dividendos mais baixos e uma maior concentração de portfólio (especialmente no Brasil), pode ser preocupante para os investidores à primeira vista, embora esperemos que a aquisição seja digerida em 12 a 18 meses, dada a ampla disponibilidade de gado no Brasil”, afirmaram Rodrigo Almeida e Laura Hirata, do Santander

Por sua vez, o Itaú BBA pontuou que a operação está em linha com as estratégias que têm sido indicadas por ambas as companhias.

“Acreditamos que a melhora do balanço da Marfrig provavelmente a deixará em melhor posição para navegar pela turbulência que poderá surgir à medida que a disponibilidade de gado nos EUA diminuir nos próximos anos”, escreveu o analista do BBA Gustavo Troyano.

Para a Minerva, afirmou Troyano, o negócio é visto como uma aposta na capacidade da empresa de melhorar a rentabilidade dos seus novos ativos para algo mais próximo do nível de suas operações atuais, ou seja, uma aposta na sua capacidade de execução.

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