Maioria dos usuários do Twitter quer a renúncia de Musk como CEO

Mais de 17 milhões de usuários votaram; dos quais 57,5% disseram que ele deveria deixar de ser o chefe da companhia

Foto: Brett Jordan/Pexels
Foto: Brett Jordan/Pexels

A maioria dos usuários do Twitter disse que Elon Musk deveria renunciar como CEO da empresa, em enquete cujo resultado o bilionário prometeu cumprir, jogando novas incertezas sobre a rede social, após mais de sete semanas de turbulências desde que ele assumiu o comando.

Mais de 17 milhões de usuários votaram até o fim da pesquisa na plataforma, às 6h pelo horário da Costa Leste dos Estados Unidos, dos quais 57,5% disseram que ele deveria deixar de ser o chefe da companhia. Musk, que em outubro concluiu a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, havia dito que cumpriria os resultados, quando lançou a pesquisa no Twitter no domingo.

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Não ficou claro quem assumiria a liderança da companhia se Musk renunciasse, nem qual seria seu papel, tendo em vista que ele ainda seria o dono da empresa. A maior parte dos executivos anteriores à compra ou foi demitida ou deixou a empresa depois que o bilionário assumiu o comando.

“Ninguém quer o trabalho que poderia realmente manter o Twitter vivo. Não há sucessor”, tuitou Musk no domingo.

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O comando do Twitter pelo bilionário tem sido conturbado e tem afetado a confiança até em suas outras empresas, em particular a montadora de carros elétricos Tesla. As ações da empresa caíram mais de 56% em 2022, frustrando alguns investidores que atribuem a desvalorização, em parte, ao foco de Musk no Twitter. O envolvimento de Musk na plataforma on-line também tem afetado a imagem de marca da Tesla.

As ações da montadora valorizaram-se mais de 2% nesta segunda-feira, diante da possibilidade de Musk deixar o comando do Twitter.

Desde que Musk demonstrou interesse em comprar o Twitter pela primeira vez, surgiram dúvidas sobre o malabarismo que ele precisaria fazer para administrar a empresa e ao mesmo tempo também cuidar de seus outros negócios.

O administrador da Agência Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês), Bill Nelson, disse neste mês ter perguntado à presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell, se o Twitter poderia desviar as atenções da empresa de foguetes de sua missão. “Ela me garantiu que isso não seria uma distração”, disse Nelson.

Em novembro, Musk disse que tinha trabalho demais sob sua responsabilidade.

“Espero reduzir meu tempo no Twitter e encontrar outra pessoa para administrá-lo ao longo do tempo”, afirmou durante um julgamento sobre seu pacote de remuneração na Tesla, em novembro. Também disse que, ultimamente, tem se dedicado ao Twitter na maior parte de seu tempo.

O resultado da enquete marca mais uma possível ruptura nos altos escalões do Twitter, que sofreu ondas de renúncias na liderança. O cofundador e ex-CEO Jack Dorsey entregou o comando há pouco mais de um ano, após uma batalha desgastante contra um investidor ativista. Parag Agrawal, seu sucessor, durou menos de um ano e foi demitido por Musk imediatamente depois que ele assumiu a empresa em outubro. Musk também demitiu vários outros altos executivos do Twitter, enquanto vários outros renunciaram desde então.

Musk tem sido a força motora do Twitter há quase dois meses dramáticos, nos quais houve a suspensão de gastos de muitos anunciantes, renúncias de funcionários e decisões de moderação de conteúdo repentinas, que causaram controvérsia entre vários usuários. Esta última semana foi mais uma repleta de reviravoltas. O Twitter suspendeu as contas de vários jornalistas, provocando críticas de alguns parlamentares e autoridades antes de Musk dizer no sábado que o Twitter começaria a restabelecer as contas.

No domingo, o Twitter fez outra mudança repentina em suas regras de moderação de conteúdo, divulgando que não permitiria mais a “promoção gratuita de certas plataformas de mídia social”. Isso também alimentou críticas e questionamentos, inclusive de Dorsey, que antes havia apoiado a aquisição da empresa por Musk. “Não faz sentido”, tuitou Dorsey no domingo.

No domingo à noite, os tuítes da conta @TwitterSupport e uma nota no site da empresa anunciando a política contra a promoção gratuita de outras plataformas de mídia social pareciam ter sido apagados. A chefe da área de segurança e confiança do Twitter, Ella Irwin, disse nesta segunda-feira que a empresa desistiu da nova política “em resposta ao retorno dos usuários”. Irwin disse que os links para outras redes sociais serão permitidas até que o Twitter determine se adotará ou não uma nova política que os proíba.

Musk, que dizia ter como objetivo fazer da plataforma um bastião da liberdade de expressão, parece ter admitido algumas preocupações sobre as recentes mudanças abruptas na política de conteúdo. “No futuro, haverá uma votação para mudanças políticas importantes. Minhas desculpas. Não ocorrerá novamente”, ele tuitou, pouco antes de dar início à enquete sobre sua liderança no domingo.

Musk tem feito alertas sobre a condição financeira do Twitter e, em novembro, disse que a empresa havia sofrido “uma queda maciça na receita” e que estava perdendo US$ 4 milhões por dia. Depois, levantou a possibilidade de recuperação judicial.

Nos últimos sete dias, a equipe de Musk sondou a possibilidade de novos aportes para o Twitter pelo mesmo preço por ação do negócio original de US$ 44 bilhões, segundo um investidor do Twitter.

Alguns acionistas da Tesla reclamaram que o foco recente de Musk no Twitter vem prejudicando a montadora. Em dezembro, ele vendeu mais de 3,5 bilhões de ações da fabricante de carros em sua segunda rodada de vendas desde a compra do Twitter. Não ficou claro o que levou Musk a vender mais ações da Tesla, e a empresa não respondeu a um pedido para comentar o assunto.

Musk havia tuitado anteriormente: “Correndo o risco de ser óbvio, é preciso tomar cuidado com dívidas quando as condições macroeconômicas estão turbulentas, especialmente quando o Fed [o banco central dos EUA] continua aumentando as taxas”.

O Twitter, como parte da aquisição de Musk, assumiu cerca de US$ 13 bilhões em dívidas.

Musk recorreu a pesquisas no Twitter em diversas ocasiões.

Em novembro, restabeleceu a conta do ex-presidente Donald Trump na rede social depois de perguntar aos usuários em enquete se a plataforma deveria fazê-lo. Quase 52% votaram a favor. Ele também perguntou aos usuários sobre suspensões de contas.

Não está claro até que ponto os resultados das pesquisas influenciam de fato as decisões de Musk. Em 2021, por exemplo, ele perguntou no Twitter se deveria vender ações da Tesla, quando já havia se comprometido com um programa de venda de ações ainda não divulgado publicamente.

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