Fred Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3): ‘Operação da empresa melhorou, mas a economia, não’

CEO do Magalu afirma que economia 'está em final do ciclo de aperto' e destaca números operacionais apesar do maior prejuízo desde o IPO

Ações de varejistas: confira o desempenho do Magazine Luiza e outras do setor na Bolsa - Foto: Rafael Henrique / SOPA Images
Ações de varejistas: confira o desempenho do Magazine Luiza e outras do setor na Bolsa - Foto: Rafael Henrique / SOPA Images

Após um resultado financeiro considerado abaixo das expectativas de mercado, em que reportou um prejuízo líquido de R$ 391 milhões, o CEO do Magazine Luiza (MGLU3), Frederico Trajano, afirmou em conferência que, enquanto a “operação da empresa melhorou”, a economia brasileira não acompanhou o ritmo.

Ao ser questionado sobre o momento de aperto nas despesas financeiras da empresa, Trajano ressaltou que a economia “está em um final do ciclo de aperto”, e que as “notícias ruins, do ponto de vista macroeconômico estão terminando”. O resultado do primeiro Magazine Luiza foi afetado pela reintrodução do DIFAL — diferença nas alíquotas de ICMS em vendas interestaduais — e pela alta taxas de juros, disse a empresa.

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Hoje, as ações de Magazine Luiza (MGLU3) abriram o pregão da bolsa de valores em queda e, no momento, registram o tombo do Ibovespa, rompendo patamar de -20%. Às 17h04, os papéis ordinários recuavam 22,37%, cotados a R$ 3,39.

CEO do Magazine Luiza (MGLU3) destaca marketplace

Na conferência, Trajano apontou números positivos na operação do Magalu. Com destaque para o marketplace, o CEO apontou que compras na plataforma de vendedores parceiros (3P) compuseram 39% das receitas do balanço da companhia. Pela primeira vez na história da empresa, o lucro bruto de vendas do marketplace superou o de lojas físicas.

Mesmo assim, o resultado financeiro foi o pior desde a abertura de capital da empresa na bolsa de valores. O prejuízo líquido foi acompanhado avançou 142% em relação a janeiro e março de 2022, quando o Magalu fechou R$ 161 milhões no vermelho.

Trajano destacou que o fulfillment — processo de atendimento que vai de ponto de venda à entrega de mercadorias — do Magalu se destaca da concorrência e justifica o aumento da base de vendedores parceiros da varejista, que saltou em 21 mil na comparação anual.

“O custo operacional do 3P na margem é muito baixo, e esse custo tende a diminuir, ainda mais com o potencial do ‘retira na loja'”, disse Trajano. O CEO destacou ainda que o Magalu pretende avançar mais no diferencial de retirada na loja, que mais que dobrou na comparação com o mesmo trimestre dp ano passado, de 10% para 22%. “Temos uma proposta bem endereçada para todo tipo de sellers”, completou.

‘O ano é de conectar ecossistema’, diz Trajano

Trajano também reforçou que pretende expandir o volume bruto de vendas (GMV) do Magalu aumentando a taxa paga por vendedores terceiros ao anunciarem produtos, com expansão do MagaluAds. “Digo que esse ano é o de conectar mais plataformas no ecossistema do Magalu, fazendo conexão para quem gere as entregas”.

Apesar dos avanços operacionais, os números financeiros preocupam analistas. A margem bruta se manteve estável, enquanto despesas financeiras aumentaram em quase 50% e tiveram impacto negativo no lucro líquido. O avanço na receita bruta, de R$ 9,06 bilhões, foi de 11,3%. Já no lucro bruto, o crescimento foi mais modesto, de R$ 2,47, ou 2%.

‘Bastante impacto pelas taxas de juros’, diz CFO do Magazine Luiza

Roberto Bellissimo, diretor financeiro do Magazine Luiza, afirmou que o resultado negativo “foi bastante influenciado pelas altas taxas de juros no Brasil e sazonalidade das despesas recorrentes”. Ele também apontou despesas extraordinárias prejudicaram o balanço, na casa de R$ 123 milhões.

O CFO disse que o primeiro trimestre geralmente tem margens menores para o varejo. “E, neste trimestre, repetimos a margem Ebitda, que teve variação na margem bruta praticamente compensada pela diluição de despesas operacionais em 0,6 p.p em relação à receita”, afirmou.

O Magalu repassou os aumento custos operacionais provocados pelo DIFAL gradualmente entre janeiro e março, segundo o diretor financeiro. “Começamos a repassar esse aumento de impostos um pouco em janeiro, mais em fevereiro e aumentamos bastante em março. Aumentamos de 0,8% em janeiro, mais ou menos 25% em fevereiro e 50% em março.”

Por fim, quanto à dívida de longo prazo do Magalu, de R$ 4,92 bilhões, Bellissimo afirmou que o indicador é de baixo custo e deve ser lidado com renegociações, emissões de títulos ou pré-pagamentos. “Para nós é importante aumentar liquidez e caixa, melhorando capital de giro e passando por negociações como a [feita] com a Cardif”, disse. A negociação deve reforçar o caixa da empresa em R$ 1 bilhão, segundo estimativas próprias.

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