Lucro da Petrobras é 3º maior entre rivais do Ocidente
Ganho da companhia no ano passado só fica atrás de desempenho de ExxonMobil e Shell
A Petrobras finalizou o ano de 2022 com um lucro líquido, em dólares, de US$ 36,6 bilhões, um crescimento de 84,2% na comparação anual. O número, que é recorde, é o terceiro maior entre as principais companhias petrolíferas do Ocidente, ficando atrás da ExxonMobil e da Shell.
O crescimento porcentual da última linha do balanço é o menor no comparativo elaborado pelo Valor, que também conta com o desempenho de Chevron, TotalEnergies, BP, Equinor, ConocoPhillips e Eni. No entanto, a base de comparação é mais alta, o lucro de US$ 19,8 bilhões da Petrobras em 2021 havia sido o segundo maior do setor.
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O resultado vem após um ano onde os preços do petróleo e do gás natural tiveram alta expressiva, principalmente no primeiro semestre, após as preocupações envolvendo a oferta das commodities com o corte dos produtos russos do mercado internacional. Em 2022, o barril do Brent subiu 21,13%, encerrando cotado em US$ 85,91, o maior valor desde 2013.
O baixo patamar de endividamento dessas companhias, com redução de investimentos ao longo da última década, resultou que boa parte desse faturamento virou lucro e consequentemente retorno aos acionistas via pagamento de proventos, o que ajudou a elevar significativamente o valor das ações das empresas no ano passado.
A variação no lucro das petrolíferas internacionais também é explicado pela maior inserção no mercado de gás natural, onde a Petrobras não tem grande participação, que viu seu preço disparar em 2022 por conta das sanções internacionais contra as commodities da Rússia, em meio ao conflito com a Ucrânia.
Outro fator que ajudou a Petrobras foi o intenso processo de venda de ativos que vinha sendo realizada nos últimos anos, com foco direcionado a exploração e produção de petróleo do pré-sal, o que acabou impulsionando o lucro da companhia. Tal processo foi suspenso na quarta-feira (1), após pedido do Ministério de Minas e Energia (MME).
Em termos de receitas, a Petrobras somou US$ 124,4 bilhões no ano passado, crescimento de 48,2% na comparação com 2021. Foi o segundo menor entre as nove empresas analisadas, o que evidencia a estratégia da empresa em impulsionar a capacidade de geração de fluxo de caixa livre e transformação do faturamento em lucro propriamente dito.
A variação porcentual no crescimento do faturamento da Petrobras em 2022 foi a quinta maior, ficando a frente de TotalEnergies, Shell e ExxonMobil, que possuem uma base de ativos muito maior e diversificada geograficamente do que a companhia brasileira, o que impulsiona suas receitas.
Juntas, em 2022, as nove grandes empresas do setor de petróleo e gás registraram lucro líquido de US$ 294,8 bilhões, crescimento de 123,8% na comparação anual. Já as receitas somaram US$ 2,06 trilhões no ano passado, o que representou expansão de 50,3% sobre o mesmo período do ano anterior.
O resultado exorbitante é alvo de críticas por políticos, tanto no Brasil quanto no exterior. Nesta quinta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a notícia que a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo em 2022.
“A Petrobras entregou mais de R$ 215 bilhões para acionista, quando ela devia investir. Em vez de investir, a Petrobras resolveu agraciar acionistas minoritários”, disse Lula. “A Petrobras virou uma empresa exportadora de óleo cru e não foi para isso que descobrimos o pré-sal.”
No início de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no seu discurso anual perante o Congresso americano, classificou como “escandaloso” o resultado das empresas em meio a alta nos preços dos combustíveis. Ele reforçou sua proposta de uma taxação mais pesada em recompra de ações para incentivar investimentos.
Por Felipe Laurence, do Valor Econômico