J&F, dona da JBS, avalia nova proposta pela Braskem

Credores pediram nesta semana ao grupo, ao Apollo e ao BTG que melhorassem suas ofertas; Unipar e Ultra correm por fora

Instalações da Braskem. Foto: Divulgação/Braskem
Instalações da Braskem. Foto: Divulgação/Braskem

A J&F, holding de investimentos da família Batista, dona da JBS, está avaliando fazer uma proposta para a compra de 100% da Braskem, apurou o Valor. Nesta semana, representantes do sindicato de bancos credores da Novonor (ex-Odebrecht), que detêm ações da petroquímica como garantia, se reuniram individualmente com executivos da gestora americana Apollo, BTG Pactual e J&F para dar um retorno sobre a recusa pelas propostas apresentadas por eles.

BTG e J&F estavam dispostos a comprar a dívida dos bancos credores, que hoje soma cerca de R$ 15 bilhões, mas pediram pesados descontos. Já a Apollo fez uma oferta de R$ 45 por ação e estaria disposta a comprar 100% da companhia, mas colocou como condicionante a saída da Petrobras para concretizar a operação. Os bancos não estão dispostos a conceder descontos no valor total das dívidas. No caso da Apollo, entendem que o valor de R$ 45 por ação e as condições impostas pela gestora também apresentam riscos.

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A Unipar e grupo o Ultra, em parceria com a gestora Lumina, de Daniel Goldberg, correm por fora e fizeram proposta para a Novonor em um outro formato. Enquanto a Unipar chegou a oferecer R$ 10 bilhões pelos ativos da Braskem em São Paulo, o consórcio entre Ultra e Lumina propôs, há três meses, fazer um aporte de R$ 1,3 bilhão na companhia, entrando no bloco de controle junto com Novonor e Petrobras. Pela proposta, o consórcio chegaria a 51% de participação em cerca de três anos.

Fontes ligadas aos credores veem a proposta de Unipar e Ultra como “complexa” e afirmam que não têm interesse de levá-las adiante neste momento. O Valor apurou que, em agosto, Goldberg e Lutz estiveram no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para explicarem melhor a oferta que fizeram há três meses e que teriam um plano estratégico para o grupo, mas que já tinha sido recusada. Por ora, Ultra e Lumina não estão dispostos a rever a proposta.

Os bancos credores (Banco do Brasil, BNDES, Bradesco, Itaú e Santander) não têm pressa para fechar o negócio – e não descartam dar novo “waiver” (perdão) para a Novonor para discutirem a melhor maneira de se fechar a venda da Braskem nos próximos meses, afirmou uma fonte a par do assunto. A expectativa é de que, após as eleições, o mercado volte a melhorar e as ações da petroquímica se recuperem.

Fontes ligadas à J&F disseram ao Valor que a holding deverá rever a proposta e está disposta a comprar 100% da companhia. Aguinaldo Filho e Joesley Batista se reuniram pessoalmente com os envolvidos nas discussões com os bancos e estão empenhados em apresentar “uma oferta mais agressiva”.

Fontes a par do assuntos afirmam que a Novonor ainda resiste em vender toda sua participação no negócio e demonstrou interesse de ficar como acionista minoritária na petroquímica.

Neste momento, não há nenhuma negociação avançada com os potenciais interessados, embora parte dos grupos, como Apollo e J&F, tenha pedido exclusividade nas conversas, que foi negada.

O Valor apurou que o BNDES e o Itaú teriam ficado interessados na proposta da Apollo, uma vez que a gestora não precisaria se financiar para bancar a oferta. No entanto, os outros bancos credores argumentam que ficariam amarrados por até 18 meses, até que o acordo, que envolve minoritários, fosse concluído, e corriam o risco de o negócio não ser levado adiante por desistência do comprador, como ocorreu com a LyondellBasell em 2019.

No caso específico da J&F, os bancos públicos não estariam muito receptivos a fechar negócio com a família Batista, por conta da crise gerada no país, com os escândalos do “Joesley Day”, segundo fontes. No mercado financeiro, fontes acreditam que o grupo tem fôlego para voltar com uma proposta melhorada. O litígio da holding na Eldorado, com a sócia Paper Excellence, também é considerado um ponto sensível.

No caso do BTG, além de pedir pesado desconto, o banco teria pedido para financiar a compra pelos próximos sete anos. Apesar de o preço oferecido pela Unipar embutir prêmio considerável em relação ao valor de mercado da Braskem, a venda fatiada é a que menos interessa neste momento.

Os bancos credores pediram para que todos os interessados voltem com um proposta melhor, caso ainda estejam interessados no negócio. A expectativa é de que esses interessados retornem nas próximas semanas. “Tudo ainda está nebuloso, muito longe de um acordo”, disse uma pessoa ligada aos credores.

Ontem, as ações da petroquímica encerraram o dia a R$ 30,43 – menos 0,07%. No ano, contudo, a desvalorização é de 45%. O valor de mercado é de R$ 26,4 bilhões, de acordo com o Valor Data.

Procurados, Bradesco, BB, BTG, Santander, Unipar, Ultra, J&F e Petrobras não vão comentar o assunto. Apollo e BNDES não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

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