Itaú coloca de pé plataforma para negociação de carbono

A Carbonplace, rede de negociação de créditos de carbono, está em fase piloto e deve entrar em operação comercial em abril

Detalhe de agência do Itaú Unibanco. Foto: Rafael Navarro/Divulgação
Detalhe de agência do Itaú Unibanco. Foto: Rafael Navarro/Divulgação

O Itaú Unibanco está terminando de colocar de pé a Carbonplace, uma rede para negociação de créditos de carbono. A instituição financeira recebeu do Banco Central autorização para o aporte na nova empresa. Anunciada em julho de 2021, a plataforma captou US$ 45 milhões em uma rodada com os nove bancos que fundaram a fintech: Itaú, BBVA, BNP Paribas, CIBC, National Australia Bank, NatWest, Standard Chartered, SMBC e UBS.

Cada um dos bancos possui participação societária igual na empresa. A joint venture já conta também com aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os recursos captados serão utilizados para aprimorar o desenvolvimento da plataforma, que conectará compradores e vendedores de créditos de carbono ao redor do mundo por meio dos bancos sócios e usuários, além de expandir os serviços para uma base mais ampla de clientes das instituições e acelerar parcerias com outros participantes.

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O mercado global de créditos de carbono ainda é muito segmentado e nenhuma outra plataforma oferecia, até agora, a possibilidade de compensação financeira entre dois bancos, de ponta a ponta, como a Carbonplace. O projeto nasceu quando a área de ativos digitais do Itaú estava estudando usos para o blockchain e percebeu uma oportunidade nesse segmento.

Justamente por contar com diversos atores distintos em cada etapa do processo e uma falta de padronização regulatória global, os créditos de carbono estavam sujeitos a serem usados, irregularmente, mais de uma vez. Como o blockchain mantém registros inalteráveis, mitiga essa duplicidade. Permitirá ainda o compartilhamento de informações em tempo real para garantir liquidação instantânea e rastreável das operações . Além disso, com as carteiras digitais, os detentores dos créditos poderão comprovar a propriedade de forma confiável ao mercado.

Sede em Londres

A sede da Carbonplace foi estabelecida em Londres e a companhia passa agora a ser liderada por Scott Eaton. “A decisão foi contratar um profissional com ampla experiência em desenvolvimento de infraestrutura de mercado e histórico de trading em bancos. Scott trabalha há mais de 30 anos com serviços financeiros”, explica Maria Belen Losada, head de desenvolvimento de novos negócios de mercados do Itaú Unibanco.

Ela aponta que o Brasil é um dos maiores produtores de créditos de carbono do mundo, com potencial de chegar a 15% da oferta global (30% se considerada a América Latina como um todo), enquanto a demanda pelos créditos se concentra no Hemisfério Norte. “Assim, a plataforma oferecerá a nossos clientes uma rede de conexões internacional, com acesso a compradores e vendedores no mundo inteiro, além de informações de preços e volumes transacionados.”

Três objetivos

Losada explica que a Carbonplace tem três objetivos: dar acesso, transparência e confiabilidade ao mercado. O acesso ocorre ao facilitar o encontro de geradores de compradores de créditos, garantindo escalabilidade. A transparência vem ao reunir informações dispersas e ajudar na formação de preços. E a confiança decorre do processo de due diligence dos projetos. “Com mais visibilidade sobre a demanda e os preços, os desenvolvedores têm mais incentivos para novos projetos”, conta.

A Carbonplace está em fase piloto e deve entrar em operação comercial em abril. Mesmo assim, diversas operações já foram realizadas. Uma delas foi da empresa de cartões Visa, que comprou créditos gerados pela brasileira Sustainable Carbon. O próprio Itaú também já adquiriu créditos dessa companhia. Nesse caso, por exemplo, os créditos foram gerados por uma cerâmica do interior de Minas Gerais que deixou de usar lenha nativa em seus fornos e passou a utilizar biomassa renovável.

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