Com Selic a 17%, lucro das empresas da bolsa pode ir a zero em 2025, diz especialista
Uma Selic a 17%, como o mercado precificou, pode afetar profundamente o lucro da empresas da bolsa no decorrer de 2025.
Uma Selic a 17%, como o mercado chegou a precificar recentemente, pode afetar profundamente o lucro das empresas da bolsa de valores no decorrer de 2025.
Nas contas do líder de renda variável do BNP Paribas Asset Management, Marcos Kawakami, a alta adicional de cinco cinco pontos percentuais nos juros pode minguar as perspectivas de retornos dos negócios incluídos no Ibovespa, o índice com as principais ações da B3.
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Atualmente, segundo levantamento da Bloomberg, o mercado estima que a margem de lucro líquido das empresas do Ibovespa deva girar na casa dos 16% para o ano que vem. Mas, com o choque de juros do Banco Central (BC), que afeta desde a receita até o custo da dívida das companhias, esse lucro pode cair para zero ou perto disso.
“Hoje, a minha maior preocupação é uma possível revisão de lucro (das empresas) da bolsa”, afirma Kawakami.
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“O Ibovespa tem expectativa de um crescimento de lucro de quase 16% (para o ano de 2025). Eu acho que não vai ter tudo isso”, diz. “Eu acredito que esse número está um pouco desatualizado. Com a alta de 500 pontos-base (da Selic), isso deveria ser mais próximo a zero ou mais próximo de um não crescimento tanto de lucros”, destaca.
Sem lucro das empresas, bolsa não cresce
Com a recente queda do Ibovespa, que retornou para a casa dos 121 mil pontos, o índice caminha para um fim de ano melancólico.
A alta de juros e seus impactos para 2025, aponta o especialista do banco francês, não abre boas perspectivas para os próximos meses.
“Se a gente não tiver nenhum crescimento de lucros e considerar que o múltiplo vá ficar no mesmo nível, então pode se esperar que a valorização da bolsa é quase zero. Não tem lucro subindo, não tem múltiplo aumentando, não tem valorização”, afirma.
Está ruim, mas pode ficar bom
Para o investidor da bolsa, entretanto, Marcos Kawakami pondera que o cenário de curto prazo é ruim, mas para o médio e longo prazos a bolsa continua barata.
“Aqui, estamos olhando para uma foto e não para um filme”, diz ele, para quem num horizonte maior a tendência é de melhora no cenário da renda variável.
“Pensa o contrário do que eu estou falando. Se os juros caírem, e em algum momento eles vão cair, é menos custo financeiro. É provavelmente uma política monetária incentivando a atividade. Assim, queda de taxa de desconto”, observa.
Posição para ter lucro com empresas na bolsa
Dentro desse cenário, o líder de renda variável do BNP Paribas Asset Management sugere uma posição na bolsa com empresas com maior geração de caixa.
“Em geral, empresas (do setor) de utilidade pública. A gente também gosta de telecomunicações, a gente gosta de banco, a gente gosta de ativos que tenham geração de caixa. Mas no curto prazo”, explica. “É melhor ter ativos que não dependam de alavancagem porque o custo da dívida vai aumentar.”
Inversamente, ele desaconselha ativos com teses de investimento para retornos de mais longa duração. As chamadas empresas de crescimento.
“Elas acabam sofrendo mais porque tem um valor muito mais na perpetuidade. E esse valor quando você traz a valor presente é menor. Então, a gente tem evitado esses dois perfis de ativos: alavancados e com alto crescimento”.