Aéreas e CVC desabam com temor de nova cepa do coronavírus; Ibovespa cai 3,39% e dólar sobe
OMS chamou a variante descoberta na África de "preocupante"
O medo de uma nova e mais perigosa variante do coronavírus causador da Covid-19 fez as empresas ligadas ao setor de turismo desabar nesta sexta-feira (26), levando o Ibovespa, principal índice acionário do mercado brasileiro, a interromper uma série de três altas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou hoje uma reunião de emergência para tratar da nova variante do coronavírus. Chamou-a ômicron e qualificou-a como “variante de preocupação”. Vários países da Ásia e Europa já anunciaram medidas para restringir a entrada de viajantes vindos da África do Sul e nações vizinhas, como forma de impedir a entrada da nova variante em seus territórios.
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O Ibovespa terminou o dia com baixa de 3,39%, aos 104.224 pontos. As maiores quedas foram da companhia aérea Azul (-14,2%, a R$ 23,30), Gol (-11,8%, a R$ 15,08) e da agência de viagens CVC (-11,06%, a R$ 24,95).
“O mercado deve continuar estressado enquanto não houver uma percepção clara em relação à eficiência ou não das vacinas contra essa nova cepa, ainda mais com os casos de covid aumentando na Europa. Para além disso, boa parte das bolsas internacionais já estava num patamar de preços elevado, o que facilita a correção”, disse ao Valor Econômico André Moura, sócio da Nau Capital.
A preocupação com a nova variante do coronavírus também sobre o apetite por risco dos investidores no mercado de câmbio. O pico do nervosismo, porém, foi observado nos primeiros negócios do dia. Após tocar R$ 5,6679 na abertura, o dólar devolveu um pouco do movimento ante o real e chegou ao fim do pregão desta sexta-feira negociado a R$ 5,5948, em alta de 0,54%.
Black Friday
O mercado financeiro está acompanhando de perto, também, o resultado da Black Friday, que se tornou uma das datas mais importantes para o varejo brasileiro.
Entre ontem e a manhã de hoje, o varejo on-line já havia faturado R$ 2,3 bilhões, com 3,6 milhões de pedidos, segundo a empresa de análise de dados Neotrust. O faturamento estava 4% superior ao resultado do mesmo período de promoções do ano passado, mas o volume de compras seguia estável nessa comparação. Ou seja, a elevação de um ano a outro está menor do que a inflação nesse intervalo, que beira 10%. Essa diminuição no poder de compra, somada aos juros elevados e ao endividamento das famílias, deve prejudicar os varejistas agora. “Vejo um cenário desafiador para ter vendas fortes”, afirma Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Investimentos.
Segundo Rodrigo Crespi, analista da corretora Guide, notou-se um movimento forte nos setores de moda e acessórios, beleza e perfumaria, ultrapassando os eletrônicos, que costumavam ser os preferidos na data. “Acho que muito tem a ver com o ticket médio reduzido, além do ‘consumo por vingança’, dado que no ano passado havia mais restrições”, disse.
Com reportagem de Júlia Moura e edição de Denyse Godoy