Ibovespa quebra sequência de 5 pregões positivos e fecha em queda de 0,25%; dólar sobe mais de 1% e vai a R$ 5,45

Bolsa de valores hoje: veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta terça-feira (25) e o que movimentou os ativos

O Ibovespa encerrou sequência de cinco pregões positivos nesta terça (25), em nova sessão com giro financeiro reduzido e enquanto agentes seguem inseguros em relação aos desdobramentos do cenário fiscal local.

Ainda no âmbito macro, investidores também analisaram a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e declarações do diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo.

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Ibovespa hoje

No fim do dia, o índice recuou 0,25%, aos 122.331 pontos. Nas mínimas intradiárias, tocou os 121.997 pontos, e, nas máximas, os 122.849 pontos.

O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h15) foi de R$ 11,71 bilhões no Ibovespa e R$ 15,82 bilhões na B3.

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Apesar das sinalizações de unidade e conservadorismo dadas pelo Copom e por Gabriel Galípolo pela manhã, investidores seguiram adotando abordagem conservadora em relação aos mercados locais hoje, diante de incertezas persistentes sobre os rumos fiscais do país. Assim, e depois de cinco altas consecutivas, o Ibovespa voltou ao campo negativo na sessão.

Priscila Araújo, gestora de renda variável da O3 Capital, opina que o cenário externo até ficou menos incerto nas últimas semanas, com viés levemente mais construtivo para ativos de riscos caso os dados de atividade dos EUA não piorem muito.

“Mas o cenário local está muito difícil. A foto não é ruim, com economia surpreendendo e inflação controlada. A grande questão é o filme, por conta das incertezas fiscais. O câmbio depreciado pode impactar a inflação, enquanto os juros mais altos e a confiança em baixa tendem a afetar a atividade”, afirma.

A executiva acrescenta que mesmo as sinalizações tidas como positivas pelo mercado, como os discursos recentes do banco central, indicam que as taxas ficarão mais altas por mais tempo, o que limita o fluxo para a bolsa.

“Nesse contexto, está difícil [vir fluxo para a bolsa]. Para vislumbrar uma alta mais fundamentada, talvez seja preciso o Fed cortar mais que o previsto lá fora e o governo apresentar algum plano de contingenciamento crível por aqui”, afirma.

Nessa linha, a gestora está comprada em bolsa americana e apostando em posições mais defensivas no Brasil, principalmente “empresas de qualidade, resilientes e com preços atrativos”. Na sessão, B3 ON recuou 1,81%, Bradesco PN caiu 0,80% e Vale ON cedeu 0,41%, enquanto WEG ON teve alta de 1,71% e JBS ON subiu 1,74%.

Dólar hoje

O dólar à vista exibiu apreciação firme contra o real, voltando a superar o nível de R$ 5,45. Operadores ressaltaram o mau humor no mercado de câmbio global, com apreciação generalizada da moeda americana.

Diante disso, da proximidade do fim do mês e do semestre, além da percepção de risco local, o real desvalorizou e apresentou o pior desempenho do dia, da relação das 33 moedas acompanhadas pelo Valor.

Terminadas as negociações, o dólar comercial fechou negociado em alta de 1,16%, a R$ 5,4534, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,4058 e encostado na máxima de R$ 5,4564.

Já o euro comercial exibiu valorização de 0,96%, a R$ 5,8434. Perto das 17h05, no exterior, o índice DXY apresentava apreciação de 0,15%, aos 105,629 pontos.

O dólar iniciou a sessão em alta e se manteve valorizado ao longo de todo o pregão. A dinâmica espelhou o que ocorreu no exterior. Perto do fechamento, o dólar avançava 0,94% contra o peso mexicano; 0,78% contra o rand sul-africano; 0,21% contra o peso colombiano; e 0,06% ante o peso chileno.

Além da força global do dólar, operadores mencionaram dúvidas internas que permanecem atrapalhando o câmbio.

Dealers enxergaram um tom mais “dove” (favorável a uma política monetária menos rígida) do diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo; citaram relatos sobre o Plano Safra poder ser maior do que o esperado; e também atribuíram movimentos mais bruscos à aproximação do fim do mês e do semestre, que são marcados pela formação da Ptax de fim de mês e pela saída de dólares por empresas multinacionais.

As incertezas envolvendo a evolução da dívida pública brasileira devem continuar a exercer pressão na moeda ao longo deste ano — e talvez até em um horizonte mais distante, segundo avaliação dos economistas do Wells Fargo, que projetam o dólar a R$ 5,50 no fim do terceiro trimestre deste ano, mantendo-se nesse patamar até o fim de 2024.

“Na nossa opinião, as preocupações fiscais se intensificaram e é pouco provável que se dissipem num futuro próximo”, afirmam os economistas Nick Bennenbroek, Brendan McKenna e Anna Stein, em nota a clientes. Com esse cenário fiscal incerto, a instituição financeira americana reitera que o Banco Central deverá manter seu ciclo de afrouxamento interrompido, o que pode mudar no ano que vem com as indicações do governo para a diretoria do BC e também para o comando da autarquia. Em tese, os economistas não veem a redução da Selic como algo que necessariamente contribuiria para uma moeda mais fraca no Brasil. “Contudo, se os mercados questionarem a independência do Banco Central, a depreciação da moeda [brasileira] poderá persistir no médio e longo prazo”, afirmam.

Há, no entanto, quem enxergue espaço para uma reversão do movimento de depreciação do câmbio. Ricardo Cará Monteiro, gestor de fundos líquidos da EQI Asset, diz ter iniciado posições táticas vendidas em dólar contra o real. “Não é uma posição estrutural que vou carregar, porque ainda há ruídos locais, mas a depender da melhora do ambiente local posso rever isso”, diz. “Vejo três razões para essa posição tática: o posicionamento técnico melhor, uma vez que a indústria de fundos está mais desalavancada [aposta menos no real]; o nível do dólar entre R$ 5,45 e R$ 5,50 parece ter uma assimetria que é favorável; e o cenário externo, uma vez que estamos vendo o índice de surpresas caindo nos Estados Unidos, o que indica que temos números mais fracos do que o esperado.”

Ainda de acordo com Monteiro, a economia americana, em especial o consumo e a inflação, tem mostrado desaceleração após o pico atingido no começo do ano. “A situação ainda é de um movimento gradual, mas se a discussão de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) se maturar e esse corte vier em setembro ou novembro, teremos um ambiente mais positivo para os mercados em geral e também para o câmbio, com dólar mais fraco globalmente”, explica. “Por aqui, diante dos nossos juros elevados e sem cortes poderemos ter um novo ciclo de dólar fraco”, complementa.

Bolsas de Nova York

As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta terça-feira, em pregão que sofreu com um apetite baixo dos investidores por ações com exceção dos papéis do setor de tecnologia, em especial de empresas ligadas à inteligência artificial (IA) generativa, que retomaram o caminho dos ganhos após uma forte correção nos últimos dias.

Com menor concentração das “techs” americanas, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,76%, a 39.112,16 pontos. Já o S&P 500 subiu 0,39%, a 5.469,30 pontos, e o Nasdaq avançou 1,26%, a 17.717,65 pontos.

O salto de 6,76% da NVidia foi o principal impulsionador para os ganhos dos dois últimos índices hoje. A gigante de tecnologia e principal fabricante de chips para a IA generativa entrou em território de correção ontem ao registrar um recuo de mais de 10% em relação a sua máxima histórica. Entre outros papéis ligados à IA, a Micron fechou em alta de 1,52% e a Super Micro Computers avançou 1,95%.

Além da NVidia, a maioria das ações das big techs americanas também registrou bom desempenho hoje, com destaque para Meta Platforms, Alphabet e Tesla, que subiram mais de 2%.

Com exceção dos papéis de tecnologia, o dia não foi tão positivo em Wall Street, já que oito dos 11 setores do S&P 500 registraram quedas que foram de 0,3% a 1,4%.

Na seara macroeconômica, o dia foi marcado por comentários de teor mais duros de duas diretoras do Federal Reserve (Fed).

Michelle Bowman reafirmou a sua postura conservadora ao dizer que só espera cortes de juros em 2025. Já Lisa Cook afirmou que a taxa anual da inflação dos Estados Unidos deve “andar de lado” nos próximos meses, e só desacelerar mais acentuadamente no ano que vem.

Bolsas da Europa

Os principais índices acionários europeus encerraram a terça-feira (25) em queda, em meio às perdas expressivas nas ações da fabricante de aeronaves Airbus, que puxou os demais papéis do setor aeroespacial.

O índice Stoxx 600 caiu 0,29%, a 517,34 pontos. O DAX, de Frankfurt, recuou 0,81%, a 18.177,62 pontos, o CAC 40, de Paris, cedeu 0,58%, para 7.662,30 pontos, e o FTSE 100, da bolsa de Londres, anotou queda de 0,41%, para 8.247,79 pontos.

A Airbus fechou o dia em queda de 9,4% após reduzir suas projeções para 2024, citando desafios da cadeia de suprimentos e encargos em seu negócio aeroespacial e de defesa, o que fez a empresa cortar sua meta de entrega de aviões e reduzir sua previsão de lucros ajustados para o ano.

As perdas expressivas da Airbus fizeram o índice setorial Stoxx Europe Aerospace & Defense cair mais de 4% ao longo da sessão.

Outro destaque negativo do pregão foi a Merck, que despencou 5,72%, depois de suspender um teste de medicamento contra o câncer por falta de eficácia.

Nos próximos dias, os agentes europeus voltam suas atenções para as decisões de juros dos bancos centrais da Suécia e da Turquia, além das eleições parlamentares da França, que serão realizadas no domingo (30).

Com informações do Valor Econômico

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