Dólar sobe 1% e vai a R$ 5,48 com pressão externa e ruídos locais; bancos impulsionam Ibovespa, que tem alta de 0,26%
Bolsa de valores hoje: veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta quarta-feira (17) e o que movimentou os ativos
O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, retomando o movimento de avanço registrado nas 11 primeiras sessões de julho.
Em dia de maior liquidez por conta do vencimento de opções sobre ações, desempenho dos papéis bancos deu suporte ao índice, como Itaú PN e BTG units, que subiram 1,09% e 1,34%, respectivamente.
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De olho no exterior, o otimismo com a proximidade do ciclo de flexibilização monetária nos Estados Unidos também ajudou a impulsionar a bolsa brasileira.
Ibovespa hoje
No fim do dia, o índice subiu 0,26%, aos 129.450 pontos. Nas mínimas intradiárias, tocou os 128.741 pontos e, nas máximas, os 129.658 pontos.
Últimas em Ibovespa
O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h15) foi de R$ 12,18 bilhões no Ibovespa e R$ 35,35 bilhões na B3.
Os papéis que lideraram as altas da bolsa foram Usiminas PNA (+5,04%), após a BlackRock elevar sua participação na companhia para 5,07% do total, e Ultrapar ON (+2,97%), seguindo volatilidade da ação em dia de alta de juros futuros. Já na ponta negativa ficaram CVC ON (-5,77%), ao corrigir ganhos recentes, e Assai ON (-3,24), após Goldman Sachs cortar preço-alvo da ação. Após divulgação de relatório de vendas e produção, a Vale ON também caiu, 0,99%.
Mesmo após interromper a sequência de altas ontem, o Ibovespa tem um horizonte positivo pela frente, afirma Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval.
Para ele, desde que os ruídos em torno da política fiscal no cenário doméstico sejam amenizados, o provável início dos cortes de juros na economia americana em setembro servirá como catalizador para a bolsa brasileira.
“Talvez o mercado possa dar uma realizada de lucros no final desta semana, mas parece que o cenário positivo vai ser esse, com dados de hoje que reforçaram a perspectiva de corte juros em setembro”, diz.
O Livro Bege divulgado nesta tarde mostrou que há um maior equilíbrio entre inflação e mercado de trabalho. Além disso, declarações dos dirigentes do Federal Reserve (Fed) de que os dados recentes indicam um pouso suave na economia americana também reforçam a tese de cortes em setembro.
Caso isso se concretize, o analista afirma que “o mercado deve ter uma nova onda de altas buscando os 135 mil pontos e, talvez, os 150 mil pontos”.
“No ano passado, em dois meses, em outubro e novembro, o mercado subiu 20% e isso pode acontecer de novo. Era um movimento que já vínhamos esperando, que foi sendo postergado à medida em que a situação fiscal piorou, que o governo começou a brigar muito com o Banco Central. Parece que a temperatura está baixando é altamente provável que essa retomada aconteça”, completa Mollo.
Em relatório, o J.P. Morgan destaca que o impulso para o Brasil avançar na bolsa será a flexibilização monetária americana e o retorno dos investimentos estrangeiros.
Neste mês, houve fluxo positivo deste segmento de R$ 3 bilhões, o que indica o início de uma reversão potencial após os resgates significativos no primeiro semestre.
“Taxas mais baixas nos EUA são favoráveis para os mercados emergentes, e uma sinalização positiva de fluxo estrangeiro consistente pode levar os investidores locais a participarem do rali. O posicionamento está leve, há dinheiro em caixa, o mercado continua barato e há muitas oportunidades em ações”, escrevem os analistas Emy Shayo Cherman, Cinthya M Mizuguchi e Pedro Martins Junior.
Dólar hoje
O dólar comercial fechou em forte alta nesta quarta-feira, em sessão de pressão sobre moedas de economias latino-americanas em meio a um noticiário global que afastou o apetite por risco no mercado de câmbio.
Surpresas negativas com a inflação na Europa e o mau desempenho de ações do setor de tecnologia afetaram o sentimento dos investidores estrangeiros.
Ao mesmo tempo, ruídos acerca da pauta fiscal no Brasil ainda pesam sobre o real às vésperas da divulgação do terceiro relatório bimestral do orçamento de 2024 na segunda-feira, quando também é esperado o anúncio de medidas para conter as despesas públicas no curto prazo.
O dólar à vista encerrou a sessão com ganho de 1%, a R$ 5,4833, após tocar a máxima intradiária de R$ 5,4879 e a mínima de R$ 5,4355.
O euro comercial avançou 1,33%, a R$ 5,9966. A força da moeda europeia ainda contribuiu para a queda do índice DXY do dólar de 0,49%, a 103,76 pontos, por volta de 17h05.
No mesmo horário, o dólar exibia forte apreciação no confronto com pares latino-americanos do real. A divisa americana saltava 1,63% ante o peso chileno; avançava 0,50% ante o peso colombiano; e tinha alta de 0,37% ante o peso mexicano.
Bolsas de Nova York
O índice acionário Nasdaq – que concentra as empresas de tecnologia e big techs – terminou a quarta-feira com forte queda de 2,77%, pressionado por informações de que a administração Biden está pensando em restringir ainda mais as exportações e o compartilhamento de alta tecnologia de semicondutores para a China.
Diante da possibilidade de que o comércio entre os dois países possa ser limitado, com perda para as produtoras de semicondutores, as big techs e principalmente as ‘sete magníficas’ registraram forte queda.
Desde outubro de 2022, os EUA vêm impondo uma série de medidas de controle de exportações para limitar o acesso da China a uma série de semicondutores – principalmente aqueles ligados à inteligência artificial – feitos nos EUA. O motivo seria proteger interesses de segurança nacional americana.
Um cenário de possível deterioração do comércio de chips entre EUA e China foi piorado pela entrevista dada pelo candidato republicano Donald Trump à Bloomberg no início da semana, fazendo críticas à proteção que os EUA dão a Taiwan, que é sede de várias produtoras de semicondutores e componente de tecnologia de ponta. Na entrevista, Trump disse que Taiwan – que sempre é ameaçada de invasão pela China – deveria pagar pela proteção dos EUA.
Com isso, todas as ‘sete magníficas’ caíram de forma expressiva, levando o Nasdaq a registrar sua maior queda percentual desde dezembro de 2022 quando perdeu 3,23% em um único dia, e recuando de volta para baixo dos 18 mil pontos.
No fechamento, Nasdaq recuava 2,77% a 17.996,92 pontos, S&P 500 caía 1,39% a 5.588,27 pontos e índice Dow avançava 0,49% a 41.198,80 pontos, sustentado pela procura de investidores por small caps.
No fim do dia, Nvidia afundou 6,62%, Meta caiu 5,68% e Tesla recuou 3,14%. Com exceção da Microsoft, que caiu 1,3%, todas as demais big techs perderam entre 2% a 3%. A empresa ASML fechou em queda de 12,74%, Qualcom caiu 9% e a Broadcom perdeu 7,91%. Os setores de tecnologia de informação e serviços de comunicação foram os mais afetados pelo forte rali de venda com perdas respectivas de 3,72% e 2,09%.
Bolsas da Europa
A maioria dos principais índices acionários europeus fecharam a quarta-feira (17) em queda, enquanto os investidores avaliavam os dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro e do Reino Unido, que vieram acima do esperado em alguns de seus componentes.
O índice Stoxx 600 caiu 0,48%, a 514,83 pontos, o CAC 40, de Paris, cedeu 0,12%, para 7.570,81 pontos e o DAX, de Frankfurt, recuou 0,44%, a 18.437,30 pontos. Na contramão de seus pares, o FTSE 100, da bolsa de Londres, anotou alta de 0,28%, para 8.187,46 pontos.
O CPI da zona do euro subiu 0,2% em junho na comparação com maio, ficando em linha com as expectativas de analistas ouvidos pelo “Wall Street Journal”. Já o núcleo da inflação na região ficou acima do esperado, ao subir 0,4% ante uma expectativa de alta de 0,3%.
No Reino Unido, o CPI subiu 0,1% em junho, em linha com as expectativas. Na base anual, porém, a inflação ficou em 2,0%, um pouco acima da projeção mediana do mercado, de alta de 1,9%.
Ainda assim, os números mantêm vivas as perspectivas de um corte na taxa de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE), possivelmente já no próximo mês.
Entre as ações, o destaque negativo da sessão ficou com a ASML, que teve queda de 10%. Os papéis foram prejudicados pelas notícias de que o governo americano considera usar restrições comerciais mais severas caso empresas como a ASML continuem a dar à China acesso à tecnologia avançada de semicondutores.
Além disso, em entrevista à Bloomberg, o republicano Donald Trump questionou se os EUA têm o dever de defender Taiwan, que é um centro importante de produção de semicondutores.
O foco dos agentes, agora, está na decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE), que sai amanhã, às 9h15.
Com informações do Valor Econômico