Clima de incerteza doméstica faz Ibovespa fechar em queda de 0,44%; dólar sobe 0,73% e bate R$ 5,42
Bolsa de valores hoje: veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta segunda-feira (17) e o que movimentou os ativos
O Ibovespa iniciou semana marcada por decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em baixa, na medida em que incertezas fiscais e de política monetária seguem pesando contra os ativos domésticos.
O volume financeiro registrado na sessão também permaneceu deprimido, na medida em que investidores estrangeiros dão continuidade à retirada de recursos da B3 e priorizam aportes em outras geografias.
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No fim desta segunda-feira (17), o índice recuou 0,44%, aos 119.138 pontos. Nas mínimas intradiárias, tocou os 118.685 pontos, e, nas máximas, os 119.663 pontos.
O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h15) foi de R$ 12,71 bilhões no Ibovespa e R$ 17,34 bilhões na B3.
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A semana começou dando continuidade ao baixo apetite por riscos que tem predominado no mercado local, em dia de avanço dos rendimentos dos Treasuries americanos e após o boletim Focus mostrar novo aumento nas expectativas para a inflação e para a taxa Selic.
No início da tarde desta segunda, declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre uma agenda de revisão de despesas ajudaram a acalmar os preços dos ativos, mas não o suficiente para mudar o viés da sessão.
Assim, num momento em que agentes enxergam gatilhos de alta limitados para os ativos domésticos, a decisão de juros do Copom, na quarta-feira (19), será acompanhada de perto. Pesquisa do Valor mostrou que a ampla maioria dos agentes espera manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, interrompendo o ciclo de flexibilização monetária.
Para o chefe de análise de um grande banco local, as incertezas em torno do BC tendem a se arrastar nos próximos meses, já que, depois da dissidência no último Copom, a nova presidência da autarquia levará tempo para reconquistar a confiança do mercado. “Talvez se o governo indicar um nome mais ortodoxo para a presidência”, diz, notando que uma decisão unânime esta semana pode desencadear uma descompressão pontual.
“Um gatilho doméstico que eu não via e passei a enxergar nos últimos dias, por conta da piora nos preços, é a entrega do Orçamento de 2025 até o fim de agosto. Mas a Fazenda precisaria entregar um plano claro de cortes de despesas, uma solução crível para as contas públicas, com apoio explícito do presidente”, afirma.
O executivo afirma ainda que o principal gatilho segue sendo o cenário de juros nos Estados Unidos, que penaliza a classe de emergentes como um todo. Mas não descarta, principalmente em caso de melhora marginal no sentimento doméstico, algum fluxo tático para Brasil. “É uma bolsa muito barata, com história de lucros crescendo e sem recessão à vista.”
Na sessão, o Índice de Small Caps seguiu sofrendo e teve baixa de 1,24%, enquanto Vale ON recuou 0,40%, após dados fracos de atividade na China.
Itaú PN, por sua vez, subiu 2,44% após o Morgan Stanley elevar sua recomendação do papel para “compra”. Segundo os analistas, o banco tem ótima gestão e a ação tem um papel “defensivo”, em meio a um enfraquecimento no cenário macroeconômico e político.
Dólar hoje
O dólar à vista exibiu apreciação firme na sessão desta segunda-feira, levando a moeda americana a ficar acima do nível de R$ 5,42. O real mais uma vez se descolou da maioria das divisas e apresentou o pior desempenho da sessão, na relação das 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.
Diante disso, passada metade do mês, a moeda americana já valoriza perto de 3,3% contra o real. Operadores mencionaram a percepção de risco local e a aversão a emergentes como motivo para deterioração do câmbio hoje.
Houve relatos sobre saída de fluxo de capital estrangeiro do país em um dia de liquidez mais baixa, o que gerou movimentos mais bruscos.
Terminadas as negociações, o dólar à vista encerrou em alta de 0,73%, cotado a R$ 5,4214, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,3737 e encostado na máxima de R$ 5,4304. Já o euro comercial exibiu apreciação de 1,01%, a R$ 5,8187. O real também caiu 0,75% ante o peso mexicano; 1,29% contra o peso colombiano; e 0,09% ante o peso chileno.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em alta hoje e os índices S&P 500 e Nasdaq bateram novos recordes históricos diante do rali de ações beneficiadas pela alta demanda por inteligência artificial (IA) generativa.
O bom desempenho das ações veio mesmo diante de sinalizações conservadoras de dirigentes do Federal Reserve (Fed) que provocaram um aumento dos juros americanos.
O índice Dow Jones avançou 0,49%, a 38.778,10 pontos; o S&P 500 subiu 0,77%, a 5.473,23 pontos; e o Nasdaq avançou 0,95%, a 17.857,02 pontos.
A ação da desenvolvedora de software Autodesk liderou os ganhos do S&P 500 nesta segunda-feira, com valorização de 6,48%, seguida por Broadcom (+5,41%), Super Micro Computer (+5,08%) e Micron (+4,58%), entre as outras ações ligadas à IA generativa que puxaram os ganhos do índice.
Além delas, a Tesla saltou 5,3%, ainda impulsionada pela votação de acionistas da montadora na última quinta-feira (13) que restaurou o pacote de pagamento recorde de US$ 44,9 bilhões do CEO Elon Musk, que foi rejeitado por um juiz de Delaware no início deste ano.
No noticiário macroeconômico, a sessão de hoje foi marcada por comentários que reiteraram a postura conservadora do Fed, já observada na decisão de política monetária da semana passada. Neel Kashkari e Patrick Harker, respectivamente presidentes das distritais de Mineápolis e Filadélfia do banco central, afirmaram que apenas um corte de juros este ano é uma previsão razoável e que, para isso, terão de ver mais progresso da inflação americana em direção à meta de 2%.
Bolsas da Europa
As bolsas da Europa fecharam com ligeira alta nesta segunda-feira depois da forte queda registrada na semana passada, quando os investidores fugiram do risco diante da instabilidade política criada com o avanço da extrema-direita nas eleições parlamentares.
Na França, a dissolução da assembleia nacional e convocação de novas eleições pelo presidente Emmanuel Macron fez o CAC 40 sofrer o maior baque, com queda de mais de 6%.
A exceção foi a bolsa de Londres que fechou com perdas antes da decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE) na quinta-feira. A expectativa é de que as taxas fiquem inalteradas. Na quarta, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI) de maio do Reino Unido.
Com o início hoje da campanha eleitoral na França antes das eleições em 30 de junho e 7 de julho, o mercado reagiu de forma mais positiva embora a tensão em relação ao resultado ainda pressione as cotações.
“A decisão do presidente Macron de convocar eleições parlamentares representa um risco no meio de uma onda de apoio ao partido de extrema-direita Reunião Nacional, e os mercados têm cada vez mais de pesar as potenciais consequências caso o tiro saia pela culatra”, afirma o analista Joshua Mahony, da Scope Markets.
Segundo ele, com CAC tendo perdido 6% apenas na semana passada, os traders permanecerão divididos entre aqueles que identificam uma oportunidade de comprar na baixa, e aqueles que estão cientes do risco representado para as ações francesas caso o apoio a Macron recue ainda mais.
No fechamento, o índice Stoxx 600 subiu 0,13% a 511,68 pontos, o FTSE 100 caiu 0,07% a 8.141,05, o Dax de Frankfurt subiu 0,40% a 18.073,74 pontos e o CAC 40 avançou 0,91% a 7.571,57.
Com informações do Valor Econômico