Grandes investidores usam cada vez mais as redes sociais para decidir suas estratégias

Eles estão cada vez mais atentos a mídias digitais e sociais para acessar informações sobre as empresas com ações que acompanham, conforme um estudo da consultoria Brunswick

Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF
Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

Os grandes investidores do mundo confiam cada vez mais em canais digitais como newsletters, podcasts e até a Wikipedia e em mídias sociais como o LinkedIn, o YouTube e até o TikTok, espaços tradicionalmente usados pelos pequenos investidores, conforme um estudo da consultoria internacional de comunicação Brunswick, ao qual o Valor Investe teve acesso em primeira mão no Brasil. Eles estão atentos a esses meios para acessar informações sobre as empresas com ações que acompanham.

A consultoria entrevistou 257 gestores, analistas e outros profissionais do mercado financeiro dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e União Europeia. De acordo com o levantamento, 96% dos entrevistados afirmaram que coletam dados sistemicamente das mídias digitais e sociais e 91%, que já tomaram decisões de investimentos após fazerem pesquisas nesses espaços.

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O ambiente das mídias digitais e sociais passou por mudanças importantes no último ano. A inteligência artificial se tornou mais popular com o surgimento do ChatGPT, o Twitter foi adquirido por Elon Musk e o TikTok continuou ganhando participação no mercado.

Com esse cenário, os investidores institucionais estão recorrendo a uma gama mais ampla de fontes. As plataformas mais importantes para eles são os sites de relações com investidores das empresas, o LinkedIn e o Google, nessa ordem. Na sequência, estão as newsletters, o YouTube e o Instagram, respectivamente. Ainda aparecem na lista o Facebook, o Twitter e podcasts, entre outras plataformas.

Fonte: “2023 Digital Investor Survey”, da Brunswick

Perguntados sobre os motivos pelos quais usam as mídias digitais e sociais, a maior fatia (46%) dos respondentes disse que recebe as informações mais rapidamente do que em outros canais.

Além disso, 43% ficam sabendo de notícias de empresas específicas ou que não são encontradas em outros espaços, 37% seguem outros acionistas e 34%, os presidentes das companhias. Especificamente no Twitter, quase metade segue as hashtags das ações que acompanha.

Confiança igual a dos jornais

Os investidores confiam igualmente ou mais nas mídias digitais e sociais em comparação a meios de comunicação tradicionais. Por exemplo, o nível de confiança em sites de relações com investidores das empresas, no Google e no LinkedIn é parecido ao em jornais como “The Wall Street Journal” e “The Financial Times” e revistas como “The Economist”.

Fonte: “2023 Digital Investor Survey”, da Brunswick

A aquisição do Twitter por Elon Musk no ano passado deixou empresas inseguras, com dúvida entre ficar ou sair da plataforma. Contudo, apenas 16% dos entrevistados afirmaram que começaram a confiar menos na rede social como fonte de informação após a compra.

Os respondentes também disseram que planejam aumentar o uso de algumas mídias digitais e sociais no próximo ano, como newsletters, o TikTok e podcasts. Entre os entrevistados, 90% afirmaram assinar um ou mais podcasts e 85%, uma ou mais newsletters.

Os podcasts favoritos são “Money Talks from the Economist” e “Invest Like the Best”. Já as newsletters favoritas são “Robinhood Snacks” e “Value Investor Insights”.

Fonte: “2023 Digital Investor Survey”, da Brunswick

“As abordagens aos investidores pelas empresas costumam ser estáticas e obsoletas. O estudo aponta que eles são usuários ávidos por uma ampla gama de plataformas, com comportamentos e necessidades em constante mudança”, afirma Janelle Nowak-Santo, sócia especializada em estratégia de mídia digital e social da Brunswick, em relatório.

“As empresas e suas lideranças precisam pensar ativamente sobre como se comunicar com seus investidores usando seus próprios canais de forma criativa e proativa”, diz.

A consultoria destaca que o aumento do interesse dos grandes investidores do mundo em mídias digitais e sociais que eram tradicionalmente usados pelos pequenos investidores pode ser uma consequência da febre das “ações meme” como GameStop, AMC e Bed Bath & Beyond.

Conforme a Brunswick, os investidores institucionais buscam formas de manter o controle sobre as conversas entre os pequenos investidores. Além disso, esses profissionais são pequenos investidores em suas vidas pessoais e acham seus hábitos úteis em seus trabalhos.

Sites de RI e executivos em redes sociais importam

O estudo ainda apontou que os sites de relações com investidores têm imenso valor aos olhos dos investidores institucionais: 84% dos entrevistados acham importante que as empresas com ações que acompanham tenham um site especializado neles. Contudo, não basta ter um site. É necessário que ele seja bom.

O que os investidores mais querem ver são preços das ações, balanços anuais e trimestrais interativos e materiais ESG (da agenda ambiental, social e de governança), além de apresentações interativas e conteúdo em vídeo sobre a companhia. Já o que eles menos querem ver são conteúdos em PDF.

Além disso, a presença do presidente das empresas nas redes sociais é importante para os investidores: 43% concordam que é útil que o presidente mantenha uma presença ativa nas redes sociais e 64% dos investidores que usam o Twitter seguem os presidentes das empresas com ações que acompanham.

Os investidores também compareceram mais a eventos virtuais do que presenciais no ano passado: 58% dos eventos de dia do investidor que os entrevistados da pesquisa participaram foram virtuais. Contudo, a preferência deles é dividida: 42% preferem eventos presenciais, 41% preferem eventos virtuais e 17% não têm preferência.

Por Júlia Lewgoy, do Valor Investe

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