Galípolo no BC não acaba com desconfiança sobre futuro da política monetária, diz MB Associados

A concretização de Galípolo não muda a impressão de que a próxima gestão será mais acomodada em relação a uma inflação que rode mais perto do teto

Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central. Foto: Pedro França/Agência Senado
Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central. Foto: Pedro França/Agência Senado

O possível anúncio de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC) pode acalmar o mercado no curto prazo, mas não deve apaziguar completamente as dúvidas que hoje pairam sobre o comportamento da autoridade monetária nos próximos anos, avalia o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.

“De certa forma já era esperado, mas ainda ficará a dúvida sobre como será a condução do Banco Central nos próximos anos. Há mais três trocas (de diretores) no final do ano e uma pressão do governo que permanecerá. O BC terá que ter uma condução ainda mais ortodoxa para se opor à imagem que está sendo construída e que poderá se agravar com as trocas adicionais no final do ano”, diz o economista.

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Na avaliação de Vale, a concretização de Galípolo no comando do BC também não muda a impressão de que a próxima gestão será mais acomodada em relação a uma inflação que rode mais perto do teto da meta, que tem centro em 3,00% e intervalo de tolerância de 1,50 ponto porcentual para cima e para baixo.

“Vai ser difícil sair dos 4,00% a 4,50%. De qualquer maneira, esse novo BC também não terá espaço para aventuras”, diz.

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Recuperar a credibilidade

A única forma de recuperar credibilidade em relação à política monetária, dado que o cenário fiscal não permite antever surpresas positivas, seria o BC se mostrar mais cuidadoso com a Selic.

Isso significa manter a taxa em patamar elevado durante todo o governo Lula. “Na época da (ex-presidente da República) Dilma (Rousseff), a Selic não saía da casa dos 14% para manter a inflação em 6,50%. Aqui ela vai precisar em torno de 10% para conseguir manter a inflação entre 4% e 4,50%. Para poder baixar mais os juros precisaria de uma mudança mais radical no fiscal, que não vai acontecer.”

Com informações do Valor Econômico

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