Empresas correm para oferecer ‘test drive’ do 5G antes do Natal

Tecnologia poderá estar disponível em centros estratégicos ainda este ano; fabricantes já instalam redes e infraestrutura

Ao todo, serão oferecidos lotes que somam 3.710 megahertz (MHz) em capacidade de redes
Ao todo, serão oferecidos lotes que somam 3.710 megahertz (MHz) em capacidade de redes

Empresas de infraestrutura e operadoras de telecomunicações iniciaram uma verdadeira disputa nos bastidores para antecipar o lançamento de pelo menos parte da nova rede 5G. As empresas estão correndo para fazer um soft opening, com uma espécie de degustação do novo serviço em bairros estratégicos das principais cidades do país, antes mesmo do Natal.

É uma antecipação ao prazo exigido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no leilão realizado em novembro. Este prevê que a nova frequência esteja disponível nas capitais brasileiras até o início do segundo semestre de 2022.

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A Quinta Geração vai permitir velocidade de conexão móvel até cem vezes mais rápida que a atual 4G. A estratégia das empresas é tentar sair na frente e fisgar os primeiros consumidores. Previsão inédita da GSMA, a associação das operadoras, indica que o Brasil deve alcançar seu primeiro milhão de clientes 5G já em 2022, número que deve subir para 50 milhões já em 2025. Atualmente, há mais de 450 milhões de conexões da quinta geração de telefonia no mundo.

5G sem atalhos

A TIM, segundo o diretor de Tecnologia, Leonardo Capdville, já está preparada para lançar a rede 5G “pura”. Ou seja, sem os atalhos do 5GDSS, tecnologia hoje já disponível, mas que usa parte do padrão 4G e, por isso, oferece velocidade bem menor — no mesmo momento em que a frequência, hoje usada para transmissões de TV, for liberada pela Anatel.

“Já estamos fazendo testes diversos com Qualcomm, Motorola e diversas empresas, testando aplicações empresariais na área de energia, agronegócios e automobilística. A ideia é que toda essa engrenagem já esteja funcionando. Quando o espectro for disponibilizado, estamos prontos para ativar a rede”, disse Capdeville.

Segundo fontes do setor, para o usuário comum, poderá haver “ilhas” com a tecnologia em pequenas áreas de grandes centros urbanos, locais onde seria mais fácil obter a liberação de frequência pela Anatel.

Murilo Barbosa, vice-presidente de Negócios da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, afirma que, passado o leilão de 5G, a implantação da rede começou de fato, já com as equipes na rua. Segundo ele, a empresa já tem mais de duas mil encomendas.

“Há chances de termos um Natal 5G. Fizemos vários testes em conjunto, e essa colaboração mútua é muito importante. Estamos em um momento de receber os pedidos dos clientes, configurar os equipamentos e deixá-los prontos para ativar”, explicou Barbosa.

Em evento esta semana nos Estados Unidos, pela primeira vez de forma presencial desde o início da pandemia, a Qualcomm, uma das maiores fabricantes de chips do mundo, afirmou que está trabalhando em novas parcerias para acelerar a massificação do 5G. Ao todo, a empresa americana tem acordo com 180 teles em mais de 60 países.

No Brasil, a Qualcomm uniu esforços com a TIM, a sueca Ericsson e a Motorola para testes inéditos na rede 5G “pura” (chamada também de standalone, que não compartilha nem rede nem frequência com aquelas 4G). Pelas regras definidas pela Anatel, as capitais precisam ter a rede 5G standalone instalada até julho de 2022.

A Qualcomm também anunciou parceria global com a japonesa NEC, de infraestrutura, para desenvolver uma rede aberta de quinta geração, na qual será possível unir equipamentos de vários fabricantes. No Brasil, junto com a TIM, a empresa busca novos fornecedores.

“A união de forças é fundamental para o avanço do ecossistema móvel 5G e a aceleração do ciclo de inovação, a fim de permitir uma via rápida de implantação de redes modernas em grande escala”, disse Alex Katauzian, vice-presidente sênior da Qualcomm.

Equipamentos integrados

A NEC fechou um acordo global com a Telefónica, dona da Vivo, para fazer testes de rede aberta em quatro países, incluindo o Brasil. O diretor executivo da NEC, Angelo Guerra, explicou que a companhia também está falando com as demais outras operadoras brasileiras.

“A ideia é que a gente faça a integração com os equipamentos de outros fabricantes. Com isso, será possível conseguir uma maior economia para as empresas e o consumidor. Nossa meta é alcançar 20% de participação de mercado em 2030 em todo o mundo, assim como no Brasil”, afirmou Guerra.

Para Alejandro Adamowicz, diretor da GSMA, o volume de testes e parcerias dá o tom da importância do 5G, já que todos querem ser o primeiro a lançar a nova rede, tanto operadoras como fabricantes de equipamentos. “Ninguém vai querer ficar sem 5G. Por isso, estamos vendo cada vez mais parcerias entre as empresas e o desenvolvimento de novos modelos de negócios.”

Com reportagem de O Globo.

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