Emissões no mercado de capitais caem 38% no 1° trimestre, para R$ 66 bilhões

Operações de renda fixa recuaram 37,7% no período, marcado por eventos de crédito como o da Americanas; em renda variável, queda foi de 71,9%, segundo dados da Anbima

Painel mostra desempenho das ações na Bolsa de Valores brasileira B3 - Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Painel mostra desempenho das ações na Bolsa de Valores brasileira B3 - Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O volume movimentado com operações no mercado de capitais no primeiro trimestre de 2022 caiu 38,2%, na comparação anual, para R$ 66 bilhões, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta terça-feira.

Em um período marcado por eventos de crédito como o da varejista Americanas, as operações de renda fixa recuaram 37,7%, chegando a R$ 56 bilhões. Considerando apenas as debêntures, o volume de emissões diminuiu 34,5% para R$ 36,6 bilhões.

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Quase 40% do volume total de debêntures emitidas corresponde a operações de empresas de energia elétrica que buscaram recursos, principalmente para o refinanciamento de dívida.

Em renda variável, a queda foi de 71,9%, para R$ 3 bilhões, com a realização de apenas uma operação de venda subsequente de ações (“follow-on”) desde o início do ano.

As operações de instrumentos híbridos — que incluem fundos de investimento imobiliário — foram as únicas a registrar crescimento no período, de 40,6%, para R$ 6 bilhões.

Debêntures em destaque

Apesar de o primeiro trimestre ter sido mais fraco em comparação ao mesmo período de 2022, o mercado de capitais continuou funcionando bem, disse José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, em entrevista coletiva.

A prova disso, segundo ele, é a realização de ofertas de debêntures com “volumes expressivos”. Das 74 emissões realizadas no período, nove foram com volumes a partir de R$ 1 bilhão. “O prazo médio continuou alto, acima de cinco anos”, completou.

A Anbima também deu destaque ao aumento das negociações no mercado secundário no período. “Além de ter um mercado profundo do ponto de vista de emissões, também temos um secundário mais profundo”, disse Laloni. O volume negociado cresceu 34%, enquanto o número de negócios avançou 40%.

“As reprecificações foram feitas de uma forma célere e eficiente e isso foi dando condições para o mercado secundário se desenvolver e corrigir os preços e as condições que o mercado precisava”, afirmou o vice-presidente da entidade.

Renda variável

O patamar atual da bolsa e a taxa de juros em quase 14% tiveram reflexos imediatos e naturais nas emissões de ações, segundo a Anbima. “Acabamos temos um volume pequeno, concentrado em operações de ‘follow-on’”, afirmou Laloni.

Atualmente, os bancos de investimento continuam conversando com clientes, esperando um momento melhor, enquanto as empresas buscam outras formas de financiamento, disse o vice-presidente da Anbima.

“Com esse cenário se mantendo, a expectativa é que a gente tenha mais ofertas de follow-on do que de IPOs”, disse Guilherme Maranhão, presidente do fórum de estruturação de mercado de capitais da entidade. “Até para um perfil de desalavancagem, faz mais sentido ter mais ofertas secundárias do que novas emissões.”

Para Laloni, o mercado deve estar mais seletivo do que em 2021 e em parte de 2022, com operações concentradas em empresas bem posicionadas na bolsa.

Por Rita Azevedo

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