Embraer (EMBR3) cai quase 10% após prejuízo mais que dobrar no 1º trimestre
Presidente disse que resultados no período 'foram entregues conforme a expectativa'
A Embraer (EMBR3) voltou a exibir perda líquida no primeiro trimestre, apesar do aumento das receitas na comparação anual, em meio à piora das margens tanto na aviação comercial quanto na executiva, que se refletiu em resultado operacional negativo, e a gastos com a Eve, subsidiária de mobilidade aérea urbana da companhia.
As ações da companhia figuravam entre as maiores quedas desta quinta-feira (4) na B3. Por volta das 14h50, os papéis recuavam 8,75%, negociados a R$ 17,10.
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De janeiro a março, o prejuízo líquido atribuído aos acionistas da companhia totalizou R$ 368,3 milhões, mais que o dobro dos R$ 170,7 milhões negativos registrados um ano antes.
A receita líquida, por outro lado, cresceu 21%, para R$ 3,73 bilhões, em linha com o projetado, segundo a Embraer, e na esteira do forte crescimento dos negócios em defesa e segurança e em serviços e suporte.
No trimestre, o resultado antes de juros e impostos (Ebit) foi negativo em R$ 270,7 milhões, comparável a R$ 209,9 milhões negativos um ano antes, com margem negativa de 7,3%.
Excluindo itens não recorrentes, entre os quais um gasto de R$ 123,1 milhões com a Eve, o resultado operacional ajustado ficou negativo em R$ 163,9 milhões, estável na comparação anual, com margem Ebit ajustada de -4,4%.
O Ebitda, por sua vez, ficou negativo em R$ 52,9 milhões, de R$ 1,1 milhão negativos um ano antes. Ajustado, o Ebitda foi positivo em R$ 53,9 milhões, com alta de 18,7% na mesma base de comparação, com margem Ebitda ajustada de 1,4%.
A Embraer teve fluxo de caixa livre negativo de R$ 2,07 bilhões no primeiro trimestre, frente a uso de caixa de R$ 425,1 milhões no mesmo período de 2022, atribuído à sazonalidade e à preparação para entregas maiores de aviões nos próximos trimestres, com forte crescimento dos estoques, no valor de R$ 3,7 bilhões.
Ao fim de março, a dívida líquida da companhia estava em R$ 5,78 bilhões, alta de 53% em três meses, na esteira do fluxo de caixa livre negativo.
Presidente explica desempenho
Os resultados do primeiro trimestre vieram em linha com o esperado e a expectativa é de melhora nas vendas e entregas, bem como de crescimento de receitas e rentabilidade nos próximos trimestres, disse o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, em teleconferência com jornalistas.
“As restrições na cadeia de suprimentos ainda estão presentes e estamos agindo para mitigar esses riscos. Vemos melhoria neste ano, mas o cenário ainda é desafiador”, comentou o executivo.
A Embraer encerrou março com US$ 17,4 bilhões na carteira de pedidos firmes, estável na comparação trimestral e, para os próximos trimestres, a perspectiva é de entregas e vendas melhores.
“Temos muitas campanhas de vendas ativas, com excelentes chances de novos pedidos para os próximos anos, sobretudo na aviação comercial e defesa”, disse Gomes Neto.
Na comercial, indicou o executivo, a companhia tem mais de 200 aeronaves em negociação em praticamente todas as regiões do mundo, enquanto na executiva a carteira de pedidos segue firme, retornando aos níveis normais. “Nosso portfólio segue com forte demanda e o backlog vai crescer trimestre a trimestre”, ressaltou.
O presidente da fabricante de aviões lembrou ainda que, o primeiro trimestre, é sazonalmente o mais fraco para a indústria e os resultados devem mostrar melhora nos próximos períodos e para 2024 também por causa das várias campanhas em andamento.
Após visitas a Portugal e China, o sentimento é de entusiasmo com novos negócios, em especial na aviação comercial e na defesa, comentou.
No país asiático, o acordo bilateral anunciado com o governo brasileiro coloca a Embraer em posição central e há avanços em algumas frentes de vendas de aviões e na conversão de aeronaves de passageiros para carga, acrescentou.
De acordo com Gomes Neto, o forte crescimento dos estoques no primeiro trimestre reflete o plano de entregas mais forte daqui para a frente.
“A Embraer cresce a produção neste ano e va i crescer em 2024, então puxa material antecipadamente. Um pouco disso também é de movimento estratégico relacionado à cadeia de suprimento, mas o grande responsável é o ciclo de produção em 2023 e 2024”, ressaltou.