Arrume as malas e cheque a reserva: as viagens de negócios pelo mundo estão de volta
Bancos, empresas de tecnologia e consultores, que estão entre os clientes mais lucrativos do setor de viagens, estão caindo na estrada novamente
Pensou que nunca mais voltaria a viajar a trabalho? Pense novamente. A videoconferência não tornou obsoletas as reuniões presenciais. Em alguns casos, as forças de trabalho dispersas resultaram em mais viagens, e não menos. As empresas estão colocando os funcionários na estrada novamente, fazendo as viagens de negócios se aproximarem dos níveis registrados antes da pandemia.
Michael Wieder, cofundador e presidente da Lalo, uma empresa de produtos para bebês, recentemente voltou de uma viagem de uma semana a Hong Kong e cidades vizinhas no sul da China, encontrando-se com fabricantes e outros parceiros.
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Wieder percebeu que muitos hotéis estavam cheios de homens de negócios americanos. “As pessoas voltaram a viajar em grandes equipes”, diz ele.
Wieder tem mais viagens planejadas em breve para cidades como Toronto e Las Vegas, e outra ida para a Ásia deve ocorrer nos próximos dois meses.
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Algumas das viagens são estimuladas por clientes que desejam se encontrar pessoalmente outra vez, para participar de eventos comerciais ou falar em conferências, onde a presença física voltou a ser a norma.
Mudança foi lenta, mas agora está acelerando
Muitas empresas sobreviveram sem as viagens de negócios durante a pandemia de covid-19 e alguns observadores da indústria previram que elas se adaptariam permanentemente.
Enquanto os turistas retornaram aos aeroportos nos últimos anos, as grandes corporações mostraram-se mais reticentes, enfrentando os desafios logísticos do trabalho à distância e as incertezas econômicas que reduziram os orçamentos para viagens.
Companhias aéreas e hotéis afirmam que isso está mudando. Os bancos, empresas de tecnologia e consultores, que estão entre os clientes mais lucrativos do setor de viagens, estão caindo na estrada novamente.
As companhias aéreas anunciaram grandes aumentos nas receitas de contas corporativas no primeiro trimestre, com a Delta e a United divulgando um crescimento de 14% em comparação ao mesmo período do ano passado.
A Alaska Air disse que as receitas com viagens corporativas cresceram 22% no primeiro trimestre, retornando aos níveis pré-pandemia e lideradas pelas empresas de tecnologia e de serviços profissionais. A United disse que teve nove dos dez melhores dias de reservas corporativas de sua história este ano.
A Southwest Airlines, que vem se esforçando para capturar mais viagens de negócios, disse que a receita do segmento cresceu 25% no primeiro trimestre, aproximadamente de volta aos níveis de 2019.
Os “guerreiros da estrada” não retornaram necessariamente às suas cansativas agendas de viagens, diz David Harvey, diretor de vendas da Southwest. Mais pessoas, no entanto, estão se reunindo para novos tipos de viagens.
“Você pode ter se mudado de cidade e ter desempenhado uma função mais administrativa, então você realmente não viajou. Mas agora tem a oportunidade de ver seu chefe ou sua equipe e fazer uma reunião de pequeno ou médio porte”, afirma ele.
A companhia aérea disse ter visto um número recorde de indivíduos viajando a negócios durante o primeiro trimestre.
Força recente da economia dos EUA ajudou
Chris Nassetta, presidente-executivo da Hilton Worldwide Holdings, diz que a economia resiliente e o mercado de trabalho aquecido ajudaram a sustentar as viagens de negócios.
A demanda das pequenas e médias empresas já está acima dos níveis de 2019, disse ele em uma teleconferência em 24 de abril, e os grandes clientes corporativos ainda não voltaram totalmente, mas estão chegando lá.
“Isso é o que estamos ouvindo de nossos grandes clientes corporativos, que eles estão viajando mais”, afirmou Nassetta.
Algumas empresas afirmam que viajar é um investimento que vale a pena. A Fastenal, uma distribuidora industrial de Winona, Minnesota, disse em abril que suas vendas de viagens aumentaram quase 20% no primeiro trimestre, à medida que ela fez um esforço para interagir com os clientes, preparando o terreno para crescer durante um período de demanda fraca.
Embora o volume de reservas através de agências de viagens corporativas baseadas nos EUA continue quase 20% abaixo dos níveis de 2019, segundo a Airlines Reporting Group, há sinais de que a recuperação está ganhando força.
Os gastos com viagens de negócios no mundo todo deverão ultrapassar os níveis de 2019 até o fim deste ano, segundo a projeção mais recente da Global Business Travel Association – antes da recuperação na metade de 2036 que a associação havia previsto antes.
Cerca de 40% dos 135 gestores de viagens corporativas globais consultados pelo Morgan Stanley no quarto trimestre do ano passado disseram que já haviam retornado aos níveis de viagens pré-pandemia, em comparação a 25% um ano antes.
Centros comerciais como Nova York e São Francisco, que estavam atrasados em termos de viagens, voltaram a se destacar, diz Conor Cunningham, analista da Melius Research. “Esse fim das viagens corporativas é exagerado. Está bem claro que as coisas começaram a mudar.”
Executivos com fadiga do Zoom
Alguns viajantes de negócios simplesmente estão fartos de reuniões virtuais. “Este ano, sinto que os nossos estômagos estão roncando um pouco, famintos pelas reuniões presenciais”, diz Elissa Sangster, presidente-executiva da Forté Foundation, uma organização sem fins lucrativos voltada para o avanço das mulheres através do acesso à educação.
Ela vem aconselhando funcionários que trabalham com os parceiros da organização a estarem atentos às despesas de viagens, mas que botem o pé na estrada novamente. “As pessoas estão prontas para aparecer, estar presentes e se envolver”, diz Sangster.
Kevin Davis, presidente-executivo das Américas do braço de hotelaria da Jones Lang LaSalle, diz que encoraja sua equipe a fazer reuniões presenciais sempre que possível. Ao apresentar propostas aos clientes, ele acredita que as reuniões presenciais são mais eficazes e a conversa mais animada, com oportunidades maiores de construção de relacionamentos.
“Eu sempre digo que os últimos 15 ou 20 minutos de uma reunião presencial ou almoço geralmente são mais valiosos porque é quando a conversa tem a oportunidade de fluir organicamente”, diz Davis, cujas viagens de negócios o levaram a Londres, Los Angeles e Carolina do Norte nas últimas semanas. “E você realmente consegue informações interessantes que provavelmente não conseguiria em uma chamada do Zoom.”
Um problema: pode faltar espaço
Os gestores de viagens dizem que encontrar espaço suficiente em hotéis para grupos corporativos pode ser um desafio, algo com que a Marriott International se deparou quando tentou encontrar espaço para uma reunião de analistas no quarto trimestre de 2023.
O CEO Anthony Capuano disse aos participantes que se reuniram em Miami Beach para o encontro que a companhia normalmente teria realizado o evento em Nova York para a conveniência deles. “Isso não é uma piada”, disse Capuano. “Não conseguimos espaço em nenhum de nossos hotéis.”
Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico