Mercado superestimou efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul?

Com alta inesperada do varejo em maio, Itaú e Bradesco veem atividade econômica forte no segundo trimestre

Consumidores aguardam em fila de supermercado. Foto: Sergio Moraes/Reuters
Consumidores aguardam em fila de supermercado. Foto: Sergio Moraes/Reuters

O IBGE informou nesta quarta-feira (11) que as vendas no varejo brasileiro cresceram 1,2% em maio na comparação com abril. Assim, o resultado do setor ficou acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma queda de 0,5%. A retração esperada pelos agentes tinha como base os efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul.

Sobretudo, conforme o IBGE, a alta do varejo no mês foi impulsionada por hiper e supermercados, que cresceu 0,7%. Essa atividade responde por 54,7% do volume de vendas no varejo.

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Já em relação aos dados do Rio Grande do Sul, que enfrentou uma tragédia climática durante maio, o crescimento apurado do setor foi de 1,8% na passagem de abril para maio.

Atividade econômica forte

“As enchentes do Rio Grande do Sul parecem ter tido efeito maior e mais localizado sobre a indústria e, possivelmente, sobre o setor de serviços da região em maio. Enquanto as vendas no varejo foram menos afetadas (possivelmente em função de um efeito estocagem)”, diz o Itaú Unibanco em relatório.

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“De maneira geral, o dado de hoje confirma que a atividade segue forte, indicando que, até o momento, a tragédia no Sul do país não afetou as perspectivas de crescimento do PIB agregado no ano”, aponta o banco no texto.

Na mesma linha, o Bradesco avalia que o desempenho do varejo em maio traz um viés de alta para o PIB do 2º trimestre. Isso, na visão da instituição financeira, ao indicar um impacto limitado das enchentes do RS nas vendas no varejo.

“O dado de amanhã (sexta), do setor de serviços, ajudará nessa avaliação. As aberturas mais ligadas à renda confirmam a resiliência no consumo das famílias. Principalmente explicadas pela dinâmica aquecida do mercado de trabalho. Para o ano, mantemos nossa expectativa de crescimento de 2,3% do PIB”, diz o Bradesco em relatório.

Varejo no Rio Grande do Sul

Nesse sentido, André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, comenta que ainda não é possível uma avaliação definitiva se os economistas superestimaram os efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul.

“Mas uma resposta parcial é possível: sim, as previsões foram superestimadas”, afirma.

“É fato que o comércio permaneceu parcialmente ou totalmente fechado nas regiões alagadas, mas não em todo o Estado. O funcionamento parcial pode ter contribuído para o resultado positivo”, comenta o especialista.

“Ademais, o crescimento em nível nacional foi impulsionado por supermercados e artigos médicos e perfumaria. O que pode sinalizar um aumento na demanda por esses produtos para doações ao Rio Grande do Sul”, completa Galhardo.

Então, para a consultoria BRCG, diante da surpresa positiva com as vendas no varejo, “há forte sugestão de que os efeitos negativos da tragédia climática no Rio Grande do Sul serão bem menos intensos do que o esperado”.

“Ainda precisamos de mais dados para confirmar essa hipótese, mas já se coloca em debate termos efeitos bem mais limitados, sobre a atividade, da tragédia climática do Rio Grande do Sul. Caso mantido o padrão até agora observado, certamente revisaremos a nossa projeção de crescimento do PIB de 2024 para cima.”

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