Veja qual a estratégia de gestores de investimento para a crise da Ucrânia

Profissionais do mercado financeiro dão dicas de quais ativos ter na carteira neste momento

Foto: Pexels
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O mercado financeiro acompanha atentamente a crise envolvendo Ucrânia, Rússia e Estados Unidos, que se agrava a cada hora. Nesta terça-feira (22), o presidente americano Joe Biden anunciou sanções econômicas contra Moscou, depois que Vladimir Putin reconheceu a independência de duas regiões pró-Rússia no leste da Ucrânia.

Os EUA estão convencidos que Putin preparando uma tomada de território ucraniano para além das regiões separatistas. “Este é o começo de uma invasão russa na Ucrânia”, disse Biden.

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O temor do mercado financeiro internacional é que a situação fique ainda mais hostil, culminando em um conflito armado envolvendo diversos países.

Por enquanto, o maior efeito da tensão em torno da Ucrânia é a forte alta do petróleo, que está nos maiores patamares desde 2014. O barril de Brent (referência internacional do óleo) terminou o pregão desta terça em alta de 0,92%, a US$ 93,85.

Para o chefe de economia e pesquisa do Julius Baer, Norbert Rücker, a discussão sobre o petróleo alcançar a marca psicológica de US$ 100 por barril é uma questão de “quando”, e não mais de “se”. “Dado o nervosismo com a crise da Ucrânia, parece que os preços do petróleo podem atingir os três dígitos a qualquer momento”, disse, em comentário.

Por enquanto, a alta do petróleo tem sido compensada em partes pela queda do dólar no Brasil. Nesta terça, a moeda americana foi ao menor patamar desde 1º de julho de 2021, a R$ 5,0511. O movimento é fruto da forte entrada de investimento estrangeiro no país em busca de ativos baratos e juros altos.

“De certa forma, essa questão da Rússia e Ucrânia acabou beneficiando o Brasil. O dinheiro já destinado a emergentes vem mais para o Brasil. Mas há um limite para ate quando isso nos beneficia”, diz Luiz Ribeiro, portfolio manager da família Asgard na Itaú Asset Management.

Se a alta do petróleo e de demais commodities e a tensão nos mercados provocar um aumento de inflação global e no Brasil, o cenário muda de configuração.

“É uma linha tênue entre [o conflito] virar um problema grande e nos beneficiar. Mas a maior preocupação é com os bancos centrais. Se ficar claro que eles estão atrás da curva, esse é o grande risco para a renda variável, mais do que Rússia”, afirma Ribeiro.

Ficar atrás da curva é um termo usado no mercado financeiro para sinalizar que as autoridades monetárias não estão conseguindo conduzir políticas que acompanhem de perto a inflação, perdendo o ritmo e o tempo certo de se subir ou baixar juros. Neste caso, os BCs podem estar demorando muito para subir juros e frear o aumento global de preços.

“Abril e maio vão ser meses muito importantes, se nesta época não tivermos sinais de que inflação esta arrefecendo, aqui e no resto do mundo, é preocupante”, diz o gestor.

Neste cenário tão incerto, Ribeiro tem apostado nas empresas que oferecem mais segurança na Bolsa: bancos, consumo básico, energia e commodities. “Os setores discricionários sofrem mais com inflação e juros em alta. Eletroeletrônicos, por exemplo, não são artigos de primeira necessidade. É preciso olhar para a estrutura de custo das empresas e ver qual o seu poder de repassar preço. Empresas de energia tendem a repassar.”

Neste cenário, a Petrobras é uma das maiores beneficiadas, não só pela alta do petróleo, mas pela perda de atratividade das ações de petroleiras russas.

“Mesmo se ela não repassar todo o aumento do petróleo, já há uma geração de caixa fantástica. Existe o risco de um novo governo mudar a política de preços e muito disso já esta no preço da companhia. É uma ação que é difícil ficar fora. É um nome atrativo para o estrangeiro também, pois é líquida”, diz Ribeiro.

Renda fixa

Como o conflito entre Rússia e Ucrânia não impactou, por ora, a inflação brasileira, a curva de juros segue precificando os riscos locais, sem grandes alterações nas últimas semanas.

Evandro Buccini, sócio e diretor de Renda Fixa e Multimercado da Rio Bravo, conta que não mexeu na carteira de renda fixa por conta das tensões geopolíticas. “As mudanças de política monetária no mundo nos impactam mais.”

Suas apostas são ativos atrelados ao CDI, a maioria pós-fixados, e ativos indexados à inflação com exposição mais curta à intermediária e juros real de 5,5%.

(Com Valor Econômico)

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