Qual o tamanho do pacote de corte de gastos de Haddad? Veja resposta de economista do Itaú BBA

Para Luiz Cherman, vitória de Trump coloca mais pressão em Haddad

Fernando Haddad, ministro da Fazenda Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fernando Haddad, ministro da Fazenda Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A eleição de Donald Trump tende a impor que o governo brasileiro eleve as medidas de corte de gastos, que devem ser anunciadas em breve. O mercado, porém, ainda tem dúvidas se isso será possível, diante da forte sensibilidade do Executivo a temas sociais.

“A vitória coloca, sim, pressão para o governo entregar um pacote maior do que R$ 50 bilhões, mas não está claro para mim que vai ser suficiente. Acreditamos que o governo não vê isso como uma medida razoável. Os cortes exigiriam redução de despesas sociais, o que é delicado para a estratégia social do governo”, disse o economista sênior para Brasil do Itaú BBA, Luiz Cherman, em live feita hoje pela casa.

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“Não está claro que o governo poderá superar a pressão da área social. Estamos esperando um pacote intermediário entre R$ 30 e R$ 40 bilhões”, emendou o economista.

Efeitos do corte de gastos

Um corte de medidas fiscais dessa magnitude, em torno de R$ 30 bilhões, poderia levar o dólar para uma faixa entre R$ 5,50 e R$ 5,70, segundo simulações feitas pela casa apresentadas por Cherman. Já um pacote menor, por volta de R$ 10 bilhões, poderia levar o dólar a apreciar para acima de R$ 6.

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Cenários bem mais otimistas e que envolvem um corte de gastos superior a R$ 50 bilhões poderiam levar o real para o patamar de R$ 5,50 ou abaixo disso. “Isso é dinâmico. Se o mercado piorar, mais fraca fica a moeda e tem mais pressão para o governo implementar ou anunciar um pacote de corte de gastos maior”, disse.

O economista lembra que as medidas que devem ser anunciadas precisam ser aprovadas pelo Congresso e que não devem ser implementadas neste ano. Ele também reforça que o mercado não espera que 100% do pacote seja aprovado e que isso já está nos cálculos feitos pela casa.

Vitória de Trump

Cherman defende que fatores internacionais foram os grandes responsáveis pela depreciação do real no último mês. Isso a partir do momento em que o republicano Donald Trump começou a aparecer como favorito nas casas de apostas, impulsionando a visão de um dólar mais forte globalmente. Mas não nega que fatores locais ajudaram também a enfraquecer a divisa brasileira frente ao dólar.

Na visão do economista, o governo precisa endereçar os riscos locais, como a questão fiscal, para fazer com que o real volte para patamares vistos antes, já que os riscos internacionais estão fora do controle do Executivo.

Durante a live, o estrategista-chefe de ações para América Latina do Itaú BBA, Daniel Gewehr, também afirmou que uma pesquisa recente feita com gestores locais e externos pelo banco mostrou que as perspectivas fiscais ganharam relevância para investidores ao dizer qual seria o maior “gatilho” para o mercado acionário brasileiro nos próximos meses.

Para Gewehr, o estudo reforçou a visão de que o foco dos investidores está mais no pacote de corte de gastos a ser apresentado pelo governo e não tanto em eventos externos.

As maiores apostas dentro do portfólio do Itaú BBA atualmente estão em ações como Equatorial, Eletrobras, Direcional, Bradesco, B3, Prio, Suzano, Grupo GPS e Rede D’or.

Com informações do Valor Econômico

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