Qual o tamanho do pacote de corte de gastos de Haddad? Veja resposta de economista do Itaú BBA
Para Luiz Cherman, vitória de Trump coloca mais pressão em Haddad
A eleição de Donald Trump tende a impor que o governo brasileiro eleve as medidas de corte de gastos, que devem ser anunciadas em breve. O mercado, porém, ainda tem dúvidas se isso será possível, diante da forte sensibilidade do Executivo a temas sociais.
“A vitória coloca, sim, pressão para o governo entregar um pacote maior do que R$ 50 bilhões, mas não está claro para mim que vai ser suficiente. Acreditamos que o governo não vê isso como uma medida razoável. Os cortes exigiriam redução de despesas sociais, o que é delicado para a estratégia social do governo”, disse o economista sênior para Brasil do Itaú BBA, Luiz Cherman, em live feita hoje pela casa.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
“Não está claro que o governo poderá superar a pressão da área social. Estamos esperando um pacote intermediário entre R$ 30 e R$ 40 bilhões”, emendou o economista.
Efeitos do corte de gastos
Um corte de medidas fiscais dessa magnitude, em torno de R$ 30 bilhões, poderia levar o dólar para uma faixa entre R$ 5,50 e R$ 5,70, segundo simulações feitas pela casa apresentadas por Cherman. Já um pacote menor, por volta de R$ 10 bilhões, poderia levar o dólar a apreciar para acima de R$ 6.
Últimas em Economia
Cenários bem mais otimistas e que envolvem um corte de gastos superior a R$ 50 bilhões poderiam levar o real para o patamar de R$ 5,50 ou abaixo disso. “Isso é dinâmico. Se o mercado piorar, mais fraca fica a moeda e tem mais pressão para o governo implementar ou anunciar um pacote de corte de gastos maior”, disse.
O economista lembra que as medidas que devem ser anunciadas precisam ser aprovadas pelo Congresso e que não devem ser implementadas neste ano. Ele também reforça que o mercado não espera que 100% do pacote seja aprovado e que isso já está nos cálculos feitos pela casa.
Vitória de Trump
Cherman defende que fatores internacionais foram os grandes responsáveis pela depreciação do real no último mês. Isso a partir do momento em que o republicano Donald Trump começou a aparecer como favorito nas casas de apostas, impulsionando a visão de um dólar mais forte globalmente. Mas não nega que fatores locais ajudaram também a enfraquecer a divisa brasileira frente ao dólar.
Na visão do economista, o governo precisa endereçar os riscos locais, como a questão fiscal, para fazer com que o real volte para patamares vistos antes, já que os riscos internacionais estão fora do controle do Executivo.
Durante a live, o estrategista-chefe de ações para América Latina do Itaú BBA, Daniel Gewehr, também afirmou que uma pesquisa recente feita com gestores locais e externos pelo banco mostrou que as perspectivas fiscais ganharam relevância para investidores ao dizer qual seria o maior “gatilho” para o mercado acionário brasileiro nos próximos meses.
Para Gewehr, o estudo reforçou a visão de que o foco dos investidores está mais no pacote de corte de gastos a ser apresentado pelo governo e não tanto em eventos externos.
As maiores apostas dentro do portfólio do Itaú BBA atualmente estão em ações como Equatorial, Eletrobras, Direcional, Bradesco, B3, Prio, Suzano, Grupo GPS e Rede D’or.
Com informações do Valor Econômico