Superávit primário de 1,5% do PIB estabilizaria fiscal, mas não vai acontecer, analisa Itaú

Compromisso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com arcabouço fiscal é positivo, disse o economista Mario Mesquita, que espera medidas até 2025

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em painel de discussão do Macro Vision 2024 Foto: Divulgação/Itaú Unibanco
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em painel de discussão do Macro Vision 2024 Foto: Divulgação/Itaú Unibanco

O governo brasileiro precisaria fazer um superávit primário fiscal equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para dar equilíbrio às contas públicas.

Esse foi o cálculo que o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, apresentou nesta terça-feira (15) e que, segundo ele, poderia dar sustentabilidade ao crescimento econômico do país neste momento.

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Contudo, ele reconheceu. “Isso não vai acontecer, nada nem perto disso”, afirmou Mesquita a jornalistas em coletiva online.

De todo modo, o governo precisa fazer mais para ter maior credibilidade do mercado, acrescentou Mesquita.

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Superávit primário: cálculos

Suas declarações acontecem um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmar em evento do Itaú, compromisso com as metas do arcabouço fiscal.

O alvo do governo para este ano é de déficit fiscal zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB.

No entanto, a previsão majoritária das instituições financeiras, presentes no Boletim Focus de segunda-feira (14), é de déficit fiscal de 0,6% do PIB no período.

“O ministro mostrou compromisso com o arcabouço; a sinalização sem dúvida é positiva, mas queremos ver anúncios de medidas”, disse Mesquita.

O economista acredita que anúncios de corte de despesas ou para aumento de arrecadação podem acontecer após as eleições, no fim de outubro, ou até o começo de 2025.

“Mas sabemos que existem outras forças políticas no governo (defendendo mais gastos)”, acrescentou o economista do Itaú.

Mais gasto público, mais inflação

A manutenção de gastos do governo em níveis acima da suas próprias metas vem levando o mercado financeiro a elevar as projeções de inflação.

Para este ano, a previsão é de que o IPCA suba 3,96%.

Além disso, a perspectiva é de que o índice fique acima da meta de 3% ao ano também em 2025 e em 2026.

Assim, não restaria ao Banco Central alternativa além de subir mais os juros, com consequências nocivas para o crescimento econômico.

Em setembro, o BC já elevou a Selic, de 10,5% para 10,75% ao ano.

E a expectativa do mercado é de que a taxa vá a 12% ou mais no ano que vem.

Segundo Mesquita, um esforço do governo deveria ser se debruçar no que chama de parafiscal, gastos que o governo computa como extraordinários.

Nas contas do Itaú, só em 2024 os gastos parafiscais, como os destinados a cobrir os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, somaram R$ 104 bilhões.

Além disso, ele defende maior ação governamental na economia com gastos mais rígidos, e que vê como tabu.

É, por exemplo, o caso do BPC (Benefício de Prestação Continuada), benefício assistencial de um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência.

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