Bicicletas com trocador de marchas com Inteligência Artificial? Shimano diz que funciona
O sistema Q'Auto consiste em um cubo de roda que contém um chip, o mecanismo de troca e marchas de 11 velocidades
O mercado global de bicicletas deve crescer 7% ao ano entre 2020 e 2027, impulsionado pela demanda por reduzir emissões de carbono. Grande parte desse crescimento deve ser impulsionado pelas e-bikes para uso diário. Assim, a fabricante japonesa de peças para bicicletas Shimano espera capturar parte desta fatia.
A empresa detém hoje 70% do mercado global de componentes para bicicletas de alto desempenho. Agora, a Shimano planeja lançar, no próximo ano, um sistema de troca de marchas com inteligência artificial.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Recentemente, a Shimano convidou pessoas no bairro de Shibuya, em Tóquio, para testar bicicletas equipadas com o trocador de marchas Q’Auto. Uma mulher na casa dos 40 anos ficou surpresa com o quão pouco esforço foi necessário para pedalar em uma rua inclinada.
“Não acredito como foi fácil subir uma colina”, disse ela. “Não acho que precisaria de uma bicicleta elétrica.”
Últimas em Economia
Sistema de marchas com inteligência artificial
O sistema Q’Auto consiste em um cubo de roda que contém um chip, o mecanismo de troca e marchas de 11 velocidades. Dessa forma, o dispositivo é o resultado de duas décadas de desenvolvimento, após o lançamento de uma bicicleta no início dos anos 2000 com troca de marchas controlada eletronicamente.
O sistema Q’Auto personaliza o ritmo e as velocidades com base nos hábitos do ciclista. A IA vem carregada com diversos padrões de pedalada memorizados a partir de dados de testes.
A IA também aprende com as velocidades e inclinações percorridas pelo ciclista para escolher as marchas adequadas no momento certo.
As bicicletas com Q’Auto devem custar pouco menos de 200 mil ienes, ou cerca de US$ 1.400. A produção em larga escala poderia reduzir esse preço, tornando-as potencialmente competitivas com as e-bikes, que muitas vezes custam mais de 150 mil ienes.
A popularização das e-bikes
As bicicletas elétricas, ou e-bikes, estão se tornando populares para o deslocamento diário, pois o motor elétrico auxilia na propulsão. O Q’Auto competirá oferecendo uma experiência de condução fácil sem o peso de uma bateria de íon-lítio.
A Shimano está mirando o mesmo mercado de consumidores de massa das e-bikes. A empresa fornecerá o Q’Auto, junto com pedais e freios, principalmente para fabricantes de bicicletas ocidentais e taiwaneses. As primeiras bicicletas Q’Auto devem chegar ao mercado já em 2025.
A empresa japonesa expandiu seus ganhos durante a pandemia, quando as pessoas adotaram a bicicleta como alternativa ao transporte público. No entanto, as vendas consolidadas de 2023 caíram 25%, para 474,3 bilhões de ienes (US$ 3,3 bilhões). O lucro líquido caiu pela metade, para 61,1 bilhões de ienes.
Além do fim do boom pandêmico, a queda na demanda resultou em um grande acúmulo de componentes de alto padrão na cadeia de suprimentos. A Shimano reduziu a utilização de sua principal fábrica em Sakai, uma cidade próxima a Osaka, para lidar com o excesso de estoque.
Essa situação apresentou “uma boa oportunidade para repensar as práticas de fabricação em Sakai”, disse Yozo Shimano, presidente e CEO da empresa.
Shimano enfrenta concorrência
As menores taxas de operação deram à fábrica de Sakai tempo para se preparar para a produção em massa de componentes de próxima geração, como o Q’Auto. Estão também em andamento discussões com pequenos e médios fabricantes locais para fornecer peças para esses novos produtos.
“Vamos combinar a inteligência da manufatura japonesa para produzir novos produtos incríveis”, afirmou Shimano.
No entanto, a Shimano enfrenta desafios no segmento de componentes para e-bikes, que está crescendo rapidamente. A Bosch lidera o mercado de motores para e-bikes, e novos concorrentes da China e Taiwan estão em ascensão.
Mesmo no Japão, a Shimano tem uma presença limitada nesse campo, ofuscada por fabricantes de e-bikes como Panasonic Holdings e Yamaha Motor.
Com informações do Valor Econômico.