‘Seja técnico e saiba dizer não’, diz Roberto Campos Neto para sucessor no Banco Central

O atual mandatário do BC citou o quadro fiscal do país e 'ruídos' envolvendo a troca de comando no órgão como pontos de atenção

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

“Seja técnico e saiba dizer não”.

Esta foi a resposta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a uma pergunta durante evento nesta quinta-feira (6) sobre se tinha um conselho para o seu sucessor.

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A declaração acontece cerca de seis meses do fim de seu mandato à frente da autoridade monetária, para a qual foi eleito em 2019.

Isso num momento de divisão entre os diretores do órgão que compõem o Comitê de Política Monetária (Copom).

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Na última reunião do colegiado, em maio, numa discordância incomum, cinco dos nove diretores, incluindo Campos Neto, voltaram por um corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros para 10,5% ao ano.

Enquanto isso os quatro membros restantes do órgão, todos indicados pelo atual governo, votaram por um corte maior da Selic, de 0,5 ponto.

Membros do governo têm defendido a aceleração dos cortes da Selic para ajudar a economia.

A discórdia aconteceu na esteira de piora nas expectativas do mercado para a inflação de 2025 e 2026.

Além disso, uma expectativa anterior de início de queda nas taxas de juros nos Estados Unidos não se confirmou, o que impactou mercados ao redor do mundo.

Diante disso, a expectativa média de economistas para a Selic no fim de 2024, que chegou a ser de 9%, agora gira entre 10% e 10,5%.

Inflação: cenário mais incerto

Na apresentação em evento da B3 e da Anbima, Campos Neto afirmou que a inflação no Brasil segue em trajetória de convergência para as metas.

Porém, disse ele, “as expectativas têm piorado consistentemente” em relação a 2025 e 2026.

Dentre os elementos que segundo Campos Neto são alvos de preocupação do BC está o cenário internacional, com destaque para os Estados Unidos.

Isso porque a economia norte-americana segue forte, mesmo com o juro na casa de 5,25% a 5,5%, maior nível em mais de duas décadas.

Já no caso brasileiro, Campos Neto citou preocupações com o crescimento da dívida pública e suas consequências negativas para a economia.

“A revisão das metas fiscais ajudou a gerar um pouco mais de prêmio de risco”, afirmou o mandatário do Banco Central.

Em abril, o governo Lula mudou a meta de resultado primário para 2025, de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para déficit zero.

Ele também mencionou o risco de uma mudança na condução da política monetária para uma abordagem menos rígida com controle da inflação.

“A sucessão no BC é um dos ruídos”, disse Campos Neto.

Gabriel Galípolo na presidência do BC?

Um sucessor para o comando do BC ainda não foi definido pelo governo Lula.

Quando acontecer, o indicado deve passar por sabatina e aprovação no Senado para tomar posse no início de 2025.

No entanto, o mercado vem especulando que o governo tende a nomear para o posto o atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo.

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