Rússia perde F-1, final da Champions e sofre efeitos de ‘sanções’ esportivas e culturais

Viagens e turismo ficarão mais difíceis. Tudo aponta para um amplo congelamento das relações entre russos e europeus

Autódromo de Sochi — Foto: AP Photo/Sergei Grits/Arquivo
Autódromo de Sochi — Foto: AP Photo/Sergei Grits/Arquivo

As consequências para a Rússia da decisão de invadir a Ucrânia devem ir além dos aspectos econômicos e políticos. Laços culturais e esportivos entre Moscou e a Europa também estão em risco e alguns eventos já estão sendo cancelados ou proibindo a participação de russos. Viagens e turismo ficarão mais difíceis. Tudo aponta para um amplo congelamento das relações entre russos e europeus,

A Fórmula-1 foi a primeira a anunciar oficialmente o cancelamento do Grande Prêmio da Rússia, que seria realizado em Sochi, em setembro. A decisão foi anunciada oficialmente na quinta-feira à noite, pouco depois de pilotos e dirigentes de equipe terem condenado publicamente a ação militar russa.

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O presidente da associação de pilotos e tetracampeão mundial Sebastian Vettel, foi enfático ao recusar-se a correr na Rússia. “Da minha parte, não vou. É errado correr num país que ataca pessoas inocentes e estão sendo mortas por razões estúpidas”, disse, em entrevista coletiva.

Nesta sexta-feira, a federação de futebol europeia, a Uefa, anunciou que a final da Champions League — principal torneio do continente — não seria mais realizada em São Petersburgo, em 28 de maio. O jogo foi transferido para o Stade de France, em Paris.

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“A Uefa expressa seus agradecimentos e apreço ao presidente francês, Emmanuel Macron, pelo seu apoio pessoal e empenho em transferir o jogo mais prestigiado do futebol europeu de clubes para a França num momento de crise sem precedentes”, informou a federação, numa nota.

“Parece-me inaceitável que os grandes torneios de futebol, como a final da Champions, ou qualquer outro, possam ser realizados na Rússia depois da invasão de um país soberano”, disse o premiê britânico, Boris Johnson, em meio à pressão para forçar a Uefa a mudar o local da decisão.

Na mesma linha, Polônia, República Checa e Suécia — que disputam com a Rússia uma vaga na repescagem das eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, que começa em novembro — anunciaram que não comparecerão às partidas em território russo. A federação polonesa lidera os pedidos para que a Fifa elimine a Rússia da competição.

Ao mesmo tempo, a ATP e a WTA, responsáveis respectivamente pelos mundiais masculino e feminino de tênis, têm recebido pressões para suspender disputas na Rússia.

Em meio às sanções e reações, medidas políticas e esportivas se misturam. Respondendo a uma proibição russa para que aviões do Reino Unido — um dos mais enérgicos críticos à invasão da Ucrânia — sobrevoassem a Rússia, Londres fechou seu espaço aéreo à companhia russa Aeroflot. Logo depois da troca de vetos, o clube de futebol Manchester United, que tinha a empresa como principal patrocinadora desde 2003, anunciou o rompimento do contrato.

No campo cultural, a Rússia não participará do Festival Eurovision da Canção deste ano, em Turim, na Itália, informou na sexta-feira a União Europeia de Radiodifusão EBU nesta sexta-feira.

A decisão veio após uma série de protestos contra a recomendação anterior do organizador do evento de manter a participação russa, sob a alegação de que o festival “é um evento artístico, não político”.

Vencedora da edição de 2016, a cantora ucraniana Jamala pressionou pelo veto à participação russa. “Não sei como isso é possível, mas eles bombardearam pessoas pacíficas”, disse ela em um vídeo no Instagram. “Por favor, apoiem a Ucrânia. Que a agressão russa pare.”

“Não deve ser permitido à Rússia explorar ou participar de eventos esportivos e culturais no cenário mundial”, disse a secretária de Cultura do Reino Unido, Nadine Dorries. “Isso poderia significar a legitimação de seu ataque não provocado, premeditado e desnecessário contra um Estado democrático soberano.”

Com Valor Pro.

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