Itaú estima terminar 2022 com 50% dos sistemas em nuvem, diz Roberto Setubal
'Vamos ter plena capacidade de competir com as fintechs, em nível de tecnologia estaremos equiparados a elas com agilidade para se movimentar', destacou o executivo
O Itaú Unibanco espera chegar ao fim de 2022 com 50% dos seus sistemas de tecnologia na nuvem e, entre um ano e meio e dois, a expectativa é que a transição esteja completa, segundo Roberto Setubal, co-presidente do conselho de administração do conglomerado financeiro. “Vamos ter plena capacidade de competir com as fintechs, em nível de tecnologia estaremos equiparados a elas com agilidade para se movimentar”, disse, ao participar de live da Kinea Investimentos, gestora de recursos alternativos, na qual o banco é sócio.
No fim de 2020, o maior banco privado brasileiro anunciou contrato de dez anos com a Amazon Web Services (AWS) para a prestação desse serviço. Foi uma resposta à ebulição das novatas de tecnologia financeira que vinham surgindo apoiadas em estruturas mais leves, sem agências, pouco capital, alugando sistemas de armazenamento de terceiros.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
“Chegou um cara novo, com agilidade, capacidade de crescer rapidamente com uma postura agressiva e conseguindo atrair investimentos mesmo sem lucro”, afirmou Setubal. “Foi um choque, mexeu muito, e a gente foi entender a tecnologia. Foi compreender o fenômeno tecnológico, até que começou a incomodar, num dado momento adquiriram certo tamanho e a gente resolveu se mexer.”
Trata-se de uma transição complexa, prosseguiu Setubal, porque são milhares de sistemas que foram construídos nos últimos 30 anos e que têm que ser refeitos na nova infraestrutura. “É preciso reformular tudo para usufruir da vantagem que a tecnologia propõe com uso de dados e interação com o banco.” Ele descreveu que na base legada há sistemas de crédito imobiliário, de financiamento de veículos ou da corretora que não se conversavam. “Não havia a visão do cliente, cada sistema do banco tinha um cadastro. Ele telefonava para agência, mudava o endereço, mas essa informação não chegava na corretora.”
Setubal também falou das oportunidades de aquisições após a união com o Unibanco, em 2008, de Pedro Moreira Salles. Ele citou que ao avaliar a compra da XP, atravessando o caminho para a oferta pública inicial (IPO) que a plataforma de investimentos fundada por Guilherme Benchimol planejava em 2017, ficou claro que aquele era um modelo de oferta de investimentos eficiente, que “conseguia atingir o não cliente de forma espetacular, tinha custo operacional baixo comparado à estrutura de agências.”
Enquanto muitos torciam o nariz pelo negócio escalado pelo atendimento dos agentes autônomos, ele comentou que essa foi uma análise sem preconceito, fria e racional, buscando identificar valor na operação, e que não era unânime no conselho do banco. “O valor que se falava no IPO era altíssimo, e no fundo foi o que pagamos. O pensamento era: aqui tem valor porque tem cliente, a velocidade de aquisição de cliente é grande e isso vai crescer muito, não vai parar por aqui”, disse Setubal.
O executivo lembrou ainda que a ideia inicial era adquirir a XP toda, a negociação na época foi feita considerando esse caminho ao longo do tempo, com o direito de comprar o controle. Mas o regulador vetou esse plano. “Fizemos um negócio que foi bom para ele [Benchimol] e para nós, financeiramente também, embora eu tivesse preferido o ‘deal’ original, mas o Banco Central não aprovou.”