Nada de economês: 7 jargões para entender a reunião do Copom
Como a ancoragem das expectativas e o hiato do produto podem definir os rumos da Selic
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) volta a se encontrar para decidir qual será a nova taxa básica de juros do país nos próximos 45 dias. Para além da definição da Selic, o colegiado sempre divulga um comunicado e posteriormente a ata com o que foi discutido e estabelecido durante a reunião.
Pois são justamente esses dois documentos que ganham as atenções e são minunciosamente analisados pelo mercado financeiro. O motivo? Eles trazem sinalizações da política monetária.
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Em linhas gerais, se os juros vão subir, cair ou ficar como estão.
Contudo, tanto o comunicado quanto a ata, abusam do economês. Ou seja, de jargões e termos difíceis usados pelos agentes. Por isso, listamos sete expressões para você ficar por dentro do Copom.
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Ancoragem das expectativas
Ou também desancoragem das expectativas de inflação. O Boletim Focus, relatório do Banco Central com as projeções dos agentes financeiros para os principais indicadores da economia, é a referência para o Copom nesse quesito.
Então, esse termo trata de avaliar se as previsões do mercado para o IPCA neste ano e nos próximos estão em linha ou destoam da meta de inflação a ser perseguida pelo BC.
Como efeito prático disso, a autoridade monetária pode reduzir o ritmo de queda da Selic enquanto as expectativas de inflação estiverem acima da meta.
Por outro lado, as estimativas ancoradas favorecem os cortes de juros.
Horizonte relevante
Lá no comunicado ou ata, essa expressão pode aparecer também como projeções de inflação no horizonte relevante. Atualmente, como destaca o próprio Copom nesses mesmos documentos, inclui o ano de 2024 e, em maior grau, o de 2025.
Assim, o horizonte relevante da política monetária é o período adiante que o colegiado olha para avaliar se a inflação estará dentro da meta.
Por último, vale lembrar que o CMN (Conselho Monetário Nacional) definiu que, a partir de 2025, a meta passa a ser contínua, sendo perseguida em um intervalo de 18 meses.
Atenuação da desaceleração da atividade
Para derrubar uma inflação fora de controle, o principal instrumento do Copom é subir a Selic. E um dos efeitos diretos é o esfriamento da economia.
Portanto, além obviamente da variação de preços, o colegiado olha para a evolução da atividade para avaliar se a política monetária está sendo eficaz e seguindo no caminho correto.
Na primeira reunião de 2024, essa expressão apareceu na ata do comitê. Em uma tradução livre, ela demonstra que o cenário de desaceleração econômica está perdendo força.
Sendo direto ao ponto, que o PIB do país pode estar melhor que as expectativas.
Essa observação acende um sinal para potenciais pressões na inflação, o que eventualmente pode afetar o ritmo do afrouxamento dos juros.
Balanço de riscos
As decisões de política monetária estão amparadas sobretudo pelo balanço de riscos. A expressão aparece lá na ata também como fatores de risco em ambas as direções.
Em suma, dentro dos cenários do Banco Central, são geralmente três fatores no horizonte que podem pressionar a inflação e três que podem aliviar os preços.
Por esses elementos, o BC pode expressar se está cauteloso ou então confiante na condução da política monetária.
Hiato do produto
É um indicador presente nas discussões do Copom que mede se a economia está ou não crescendo acima de seu potencial.
Um hiato positivo é um indicativo de que a atividade está aquecida e exposta a pressões inflacionárias.
Sob o mesmo ponto de vista, o hiato negativo sinaliza que a economia está operando com ociosidade, podendo trazer alívio para a inflação.
Então, é uma variável de fundamental importância para o colegiado antecipar os próximos passos da política monetária.
Política monetária contracionista
Aqui a gente precisa falar de taxa de juros real neutra, que é uma variável não observável, na linha do hiato do produto.
É uma taxa que não acelera nem desacelera o crescimento econômico e a inflação.
Assim, quando a Selic está acima da taxa neutra, a política monetária é contracionista. Do contrário, quando está abaixo, é expansionista.
Para não deixar dúvidas, uma política monetária contracionista ocorre quando o Banco Central precisa derrubar uma inflação descontrolada.
Já a expansionista é observada quando há uma necessidade de estimular a economia.
Forward guidance
A explicação do nosso último termo pode ser encontrada no site do próprio Banco Central. Diz lá que é uma ferramenta usada pelo BC para delinear o curso futuro da política monetária.
Nesse sentido, o forward guidance pode ser visto como um comprometimento público sobre próximas ações do Copom ou uma mera apresentação de previsões macroeconômicas e de prováveis ações de política monetária.
O instrumento de comunicação é uma forma de o colegiado desestimular a volatilidade e ganhar a confiança do mercado ao antecipar o que pretende fazer na próxima reunião.