Economistas projetam inflação acima de 6% em 2023 com reoneração de combustíveis

Analistas já estimavam um IPCA mais pressionado no ano mesmo sem considerar a volta do imposto

Painel mostra preços de combustíveis em posto (Foto: Brenno Carvalho/O GLOBO)
Painel mostra preços de combustíveis em posto (Foto: Brenno Carvalho/O GLOBO)

A reoneração dos combustíveis, confirmada na quinta-feira (23) pela Receita Federal para valer a partir de março, já estava na conta de boa parte das instituições e não deve provocar grandes alterações nas projeções de IPCA em 2023. Com a volta dos impostos, no entanto, algumas casas veem uma inflação ao redor de 6,5% neste ano — a mediana do boletim Focus está em 5,89%.

A ASA Investments espera um IPCA de 1,1% em março e de 6% em 2023, já considerando a volta dos impostos. A LCA Consultores, que também já contava com a reoneração dos combustíveis, manteve seu número para o IPCA em 2023, ligeiramente abaixo, em 5,7%.

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“Eu já tinha essa perspectiva da volta dos impostos federais, que vai pegar março e abril”, explica o economista Fábio Romão.

A diferença para projeções acima de 6%, segundo ele, pode estar em indexadores, como o IGP-M, para o qual Romão projeta 3% de alta neste ano, diante da perspectiva, por exemplo, de boas safras, enquanto há casas com 4% ou mais.

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“Isso sinaliza para um grupo ‘alimentação e bebidas’ do IPCA muito mais baixo do que no ano passado. Claro que, por outro lado, tenho 5,7% e não está tão longe desse 6% porque tem uma resistência e pressão dos serviços, que fecharam o ano passado em 8% e prevejo 6,3% para este ano, o que não é baixo, é uma descompressão moderada”, afirma Romão.

O Credit Suisse, por outro lado, já via uma inflação mais pressionada em 2023 mesmo sem considerar a reoneração dos combustíveis. O banco projetava um IPCA de 5,8% neste ano, mas se a reoneração for implementada inteiramente, esse número passaria para 6,4%.

Na sua última revisão de cenário, no fim de janeiro, o Bradesco ajustou sua projeção para IPCA em 2023 de 5,1% para 5,7%, ainda sem considerar a reoneração dos combustíveis. Mas o banco antecipou que a volta dos impostos “naturalmente levaria a uma pressão adicional sobre preços administrados, fazendo o IPCA se aproximar de 6,5%”, apontou em relatório.

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