Relatório Trimestral de Inflação indica chance menor de estouro da meta em 2024
Banco Central elevou para 1,9% projeção de crescimento do PIB, com queda do agro e avanço do consumo do governo
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (28) pelo Banco Central manteve a estimativa da autoridade monetária para a inflação de 2026 em 3,2% no cenário de referência.
A meta para aquele ano foi definida em 3,0% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho, e o governo avisou na ocasião que iria editar um decreto mudando o regime para meta contínua a partir de 2025.
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O RTI também trouxe as estimativas do BC para a inflação em 2024 (3,5%) e 2025 (3,2%).
Estas projeções já haviam sido divulgadas na semana passada, no comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu a Selic de 11,25% para 10,75% e sinalizou apenas mais um novo corte de 0,50 pp em maio.
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O cenário de referência utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus.
Para 2024 em diante, o alvo central é de 3,00% com bandas de 1,50% a 4,50%.
Estouro da meta
A chance de a inflação de 2024 estourar o teto da meta de 4,50% no cenário de referência caiu de 23% para 19% entre o RTI de dezembro e março.
Já a probabilidade de a inflação ficar abaixo do piso da meta em 2024 (1,50%) também está mais baixa, de 7% para 4%. O centro da meta deste ano é de 3,0%.
Para 2025, a probabilidade de superar a banda superior continuou em 17% e a inferior, foi mantida em 11%.
Para 2026, a probabilidade de superar a banda superior também ficou em 17% e a inferior em 11%.
O alvo central contínuo a ser perseguido pelo BC a partir de 2025 também é de 3,0%, com os limites variando de 1,5% a 4,5%.
Inflação de curto prazo
Adicionalmente, o Banco Central divulgou suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de março a junho.
A previsão do BC para o IPCA – o índice oficial de inflação – para março é de alta de 0,24%. Já a projeção para abril é de aumento de 0,35% e, para maio, é de elevação de 0,27%. A estimativa para junho é de alta de 0,15%.
Segundo o documento, a revisão na projeção de março em relação ao relatório anterior foi influenciada pela variação menor no subitem passagem aérea e em produtos in natura.
“O cenário de referência até junho contempla variações abaixo das observadas nos últimos três meses, em linha com a sazonalidade mais favorável do período”, explicou a cúpula do BC.
O RTI explicou que, descontados os efeitos sazonais, a projeção é consistente com ritmo de desinflação mais lento do que o observado entre 2022 e 2023.
“A variação menor nos preços ao consumidor deve ter contribuição relevante dos preços da alimentação no domicílio, em particular de alimentos in natura e de arroz e feijão, que apresentaram variações acentuadas nos três meses até fevereiro”, pontuou.
Por outro lado, segue o relatório, leites e derivados, em período de entressafra para a captação do leite in natura, devem continuar com variações mais elevadas.
Os preços de bens industriais devem manter variações relativamente baixas, conforme as expectativas do BC, já que os preços ao produtor de bens industriais continuam com evolução benigna, segundo a autoridade monetária, ainda que haja sinais de reajustes maiores nos preços de bens finais.
“O período até junho deve incorporar os efeitos do reajuste de preços máximos de medicamentos, típico do período, que devem contribuir para variação ainda elevada no segmento de preços administrados”, salientou.
Simultaneamente, o RTI enfatizou também que o segmento de serviços deve apresentar variações mais baixas, passado o efeito sazonal do reajuste de mensalidades escolares.
No componente subjacente, um dos pontos mais acompanhados pelo BC e o mercado financeiro, a perspectiva é de desaceleração gradual. “Ainda que a sazonalidade nesse componente seja menos pronunciada, os dois primeiros meses do ano concentram variações mais altas, que não devem ser observadas nos meses até junho.”
O BC acrescentou que, no subitem serviço bancário, não se esperam variações como as observadas entre dezembro e fevereiro.
“Por fim, a variação mensal da média dos núcleos de inflação deve permanecer em patamar acima da meta de inflação, dentro do intervalo de tolerância.”
Alta maior do PIB
No geral, houve uma grande mudança das expectativas da autoridade monetária para o consumo do governo e uma reversão da trajetória positiva da agropecuária, que foi o destaque do crescimento no ano passado.
Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de avanço de 1,0% para uma queda de 1,0%. Em 2023, o setor havia revelado um crescimento de 15,1%, que surpreendeu o mercado.
Já a revisão para a indústria foi de alta de 1,7% para 2,2%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de crescimento de 1,9% para 2,0%.
Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou que mantém a projeção de expansão de 2,3% do consumo das famílias, mas alterou significativamente, de 1,1% para 1,9%, a previsão de alta do consumo do governo.
O documento indica ainda que a projeção para 2024 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de aumento de 1,0% para avanço de 1,5%.
Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em dezembro.
No Boletim Focus, a mediana é de crescimento de 1,85% para o PIB deste ano. O Ministério da Fazenda estima expansão de 2,2%.
Com informações do Estadão Conteúdo