‘Já estamos em recessão’, diz gestora de fundo de inovação Cathie Wood

No entanto, ela pondera que o momento é de otimismo já que a tecnologia pode ajudar a solucionar problemas durante momentos de crise econômica

Foto: Pixabay
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A recessão nos Estados Unidos já está em curso desde o início deste ano, na visão de Cathie Wood, criadora da Ark Investment Management empresa americana de gestão de investimentos com foco em novas tecnologias. No entanto, ela ponderou que o momento é de otimismo já que a tecnologia pode ajudar a solucionar problemas durante momentos de crise econômica.

“Já estamos em uma recessão desde o início do ano, com queda de importação e inventários grandes”, comentou a investidora nesta quarta-feira, durante o evento de inovação Web Summit 2022, em Lisboa. “Neste cenário, a inovação nunca foi tão importante para solucionar problemas, trazendo aumento de ganhos e receita”, acrescentou.

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Wood mantém o otimismo embora as ações do fundo Ark Innovation ETF (ARKK) negociadas na bola de Nova York (Nyse) tenham caído mais de 50% desde o início do ano e recuado mais de 70% desde sua alta histórica em fevereiro de 2021.

Algumas das maiores apostas do fundo, incluindo a fabricante de veículos elétricos Tesla, de Elon Musk, foram duramente atingidas quando os bancos centrais aumentaram as taxas de juros agressivamente para conter a inflação, informou o “Financial Times”, em junho. À época, os ativos sob gestão da ARKK encolheram para menos de US$ 9 bilhões, ante um pico de quase US$ 28 bilhões no início do ano passado.

“Nossos clientes decidem o nível de risco que desejam alocar e nos concentramos em inovação e em tecnologias que rompam barreiras”, disse a fundadora e diretora-presidente de investimentos da Arkk, sediada na Flórida. Logo após o início da pandemia da covi-19, o Arkk teve uma queda de 65%, lembrou a gestora.

Em setembro, a Arkk criou o ARK Venture Fund, um fundo aberto a qualquer pessoa que possa arcar com o investimento inicial mínimo de US$ 500 e uma taxa de administração de 2,75%. A proposta é que investidores individuais menores acessem ativos que tradicionalmente estariam restritos a investidores ou instituições de alto patrimônio líquido.

A ideia de Woods é atrair as novas gerações de jovens investidores. “A parte boa sobre os jovens é que eles estão olhando mercados voláteis como criptomoedas”, comentou. “A maioria é composta de nativos digitais, que entendem que a tecnologia é usada para melhorar nossas vidas”.

Entre as cinco plataformas tecnológicas com maior potencial de crescimento, na visão do Arkk, está o sequenciamento genético, trazendo curas para doenças como a amiloidose por transtirretina (ATTR), uma causa rara de cardiomiopatia, e o diabetes. “O diabetes é um dos maiores geradores de custos que temos no sistema de saúde atualmente”, observou Wood.

Robótica, veículos elétricos, blockchain e inteligência artificial são os outros quatro pilares do fundo, que aposta na redução de custos destas tecnologias para elevar a geração de receita das empresas.

Tendo em vista que o mercado de tecnologia tem sido duramente impactado pelo cenário macroeconômico nos últimos meses, Woods aproveitou o painel para destacar que o portfólio da Arkk é diversificado, e não se baseia nas ações de empresas de tecnologia tradicionais como as ações FANG – sigla em inglês criada em 2013 as gigantes Facebook (Meta), Amazon, Netflix e Google (Alphabet).

“Muitas pessoas pensam que estão expostas à nossa estratégia de inovação, mas hoje não estamos nas FANG. Temos 50% do portfólio em alimentação, energia e no varejo físico”, reforçou.

Wood explicou que a Arkk trocou a Lei de Moore, que rege o mercado de tecnologia prevendo um salto no volume de transistores de um chip, pelo mesmo custo, a cada dois anos, pela lei de Wright, que prevê quedas constantes de custos em função da produção acumulada.

“Os custos com o uso de inteligência artificial para treinamento de profissionais estão caindo 60% ao ano”, comentou a investidora. “Se olharmos a redução de custos com o uso destas tecnologias, em sequenciamento genético há uma queda de 40% ao ano e em robótica, de 20%”.

Além de uma “pesquisa profunda” sobre o que vingará em termos de aplicação da tecnologia nos próximos anos, a criadora do Arkk procura desviar da visão de curto prazo. “Nosso foco está em investimentos de, pelo menos, cinco anos”.

Neste ponto, a gestora soltou uma crítica a estratégias de curto prazo de companhias abertas: “Em vez de investir em inovação, muitas empresas seguiram uma visão de pagar dividendos rapidamente”, pontuou. “Acredito que, nos últimos 20 anos, tivemos a pior alocação de investimentos de empresas abertas”.

Por Daniela Braun

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