Reajuste da Petrobras também vai afetar varejo

Consultorias agora preveem queda das vendas de combustíveis em 2022, com possível impacto para varejo como um todo

Varejo de roupas. Foto: Pixabay
Varejo de roupas. Foto: Pixabay

Para além dos efeitos na inflação, o aumento dos combustíveis anunciado ontem pela Petrobras deve atingir em cheio as vendas do setor, que já vem sofrendo com o efeito dos preços elevados no volume vendido desde o ano passado. Com o anúncio, Tendências Consultoria e LCA Consultores reviram suas projeções para as vendas de combustíveis e lubrificantes em 2022 e agora preveem quedas de 0,5% e 0,6%, respectivamente, ante estimativas anteriores de alta de 2,4% e 1,6%.

A inflação mais alta deve repercutir não só nas vendas de combustíveis, mas também do varejo como um todo, que sofrerá as consequências de um orçamento mais apertado das famílias. A Tendências Consultoria reduziu sua expectativa para o crescimento do varejo restrito (que não inclui veículos nem material de construção) de 1,1% para 0,7%. Já a LCA Consultores manteve sua projeção em 1,2%, mas com uma composição diferente: retração nos combustíveis e aumento maior em artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria.

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“Até então nossa ideia era que as vendas de combustíveis e lubrificantes iam melhorar por causa do arrefecimento dos preços e da volta dos serviços mais presenciais, com as pessoas saindo mais de casa em razão do fim da pandemia. Agora vê o efeito da guerra, com as pressões na inflação e nos preços de combustíveis, inclusive com esse reajuste de hoje [ontem]”, afirma a economista da Tendências Isabela Tavares.

As consequências da guerra na Ucrânia ocorrem em um momento já delicado para as vendas de combustíveis e lubrificantes. As restrições de mobilidade social trazidas pela pandemia provocaram uma queda de 9,7% em 2020. O setor começou 2021 com alguma reação em volume, mas a disparada do preço do petróleo no mercado internacional a partir de meados do ano começou a pressionar o setor.

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Para ter uma ideia, as vendas encerraram 2021 com uma variação de apenas 0,3% em volume, mas a receita avançou 35,5%. Esse descompasso entre a variação de receita e de volume de vendas têm ocorrido nos últimos meses, pelos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam o peso da inflação no setor, conta o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. Em janeiro, dado mais recente, o volume de vendas caiu 0,4%, mais que o recuo de 0,2% da receita.

Pelos cálculos do economista Lucas Rocca, da LCA Consultores, mesmo que as vendas de combustíveis e lubrificantes escapem do terreno negativo e fiquem estáveis ainda encerrarão o ano com patamar perto de 10% abaixo do que estavam no fim de 2019. Os dados da PMC mostram que, em janeiro, o nível era 12,9% inferior ao registrado antes da pandemia, em janeiro, o nível era 12,9% inferior ao registrado antes da pandemia, em fevereiro de 2020, o quarto pior desempenho entre as oito atividades que compõem o varejo restrito.

“Sabemos muito pouco do que virá com a guerra, mas incorporando as informações já conhecidas, do reajuste da Petrobras e do resultado do comércio em janeiro, nossa previsão é de nova queda em 2022, de 0,6%. A questão é que o patamar de vendas de combustíveis já está muito baixo”, diz.

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