ANÁLISE: Reação do mercado é apática, apesar de recuo dos papéis
A reação do mercado naturalmente não é boa, mas ao mesmo tempo parece haver uma resignação e uma apatia entre analistas e investidores
Se a história primeiro se dá como tragédia, depois se repete como farsa, como encarar a terceira troca na presidência da Petrobras em um ano e meio? A reação do mercado naturalmente não é boa, mas ao mesmo tempo parece haver uma resignação e uma apatia entre analistas e investidores.
Boa governança é faz bem e todo mundo gosta, mas quem investe em Petrobras há muito tempo já não tem mais a ilusão de que ela está imune aos caprichos do governo, que faz as vezes de acionista controlador. Também está claro que a prioridade do presidente Jair Bolsonaro é a reeleição e ele não pensará duas vezes em tirar da frente quem acenar com um novo reajuste dos combustíveis, tema altamente impopular.
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Então, embora os relatórios de analistas divulgados ontem chamem a atenção para a intervenção política e a vejam como algo negativo, não chega a haver um tom de espanto, muito menos de indignação. É muito diferente da reação forte que houve na queda de Roberto Castello Branco no ano passado. Ali, quando ainda causava surpresa uma medida populista vinda de um governo dito liberal, o baque foi bem maior. A decepção, idem.
É verdade que as ações da Petrobras estão em queda, mas a demissão de José Mauro Coelho após menos de 40 dias no cargo não é o único fator. Também pesa, e muito, o fato de que anteontem foi data de corte para o pagamento de proventos e nesta terça-feira os papéis são negociados ex-dividendos.
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Economistas e gestores, quando confrontados, também evitam falar abertamente sobre o assunto, ainda que façam muitas críticas ao governo em privado. Com a possibilidade de reeleição em aberto, parece haver uma tentativa de não se indispor com quem, no fim das contas, pode ficar mais quatro anos no cargo.