Rainha Elizabeth 2ª e os altos e baixos da economia da Inglaterra
Vida do cidadão inglês melhorou bastante durante o reinado, o que explica boa parte da popularidade da monarca
A economia da Inglaterra passa por um momento difícil. A inflação subiu em agosto para 10%, a maior taxa desde 1982, e a libra está cotada perto de US$ 1,14, menor valor em 37 anos.
Ficam cada vez mais claras as perdas do Reino Unido com o Brexit, e o país está seriamente ameaçado por uma recessão – assim como as demais nações europeias, preocupadas com a desaceleração da atividade devido à suspensão do fornecimento de gás natural pela Rússia em meio à guerra na Ucrânia.
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Com 70 anos de reinado, Elizabeth 2a., que morreu nesta quinta-feira (8) aos 96 anos no castelo de Balmoral, na Escócia, teve o reinado mais longo da história do Reino Unido. A rainha liderou a Inglaterra durante muitos altos e baixos como este.
Geração mais rica
Os britânicos nascidos em 1952 têm renda 6% acima da média do Reino Unido. De forma geral, o Reino Unido como um todo é mais rico e saudável do que há sete décadas.
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A economia, entretanto, teve uma série de altos e baixos, como os choques de petróleo, crises cambiais, colapsos financeiros, juntamente com a saída da Grã-Bretanha da União Europeia e a pandemia de covid-19. Estes eventos foram se alternando com períodos de rápido crescimento. A tendência predominante tem sido de expansão desde que a rainha Elizabeth 2ª assumiu o trono há 70 anos.
Economia maior, participação no comércio global, menor
Desde 1952, quando a jovem Elizabeth sucedeu a seu pai no trono, a economia do Reino Unido é cinco vezes maior, mas perdeu importância no comércio global. Em 1960, o país respondia por quase 9% das exportações mundiais de mercadorias; agora, sua participação é de pouco mais de 2%. O declínio se deu quando boa parte das indústrias mandou suas linhas de produção para países com mão de obra barata, como a Índia e a China.
A participação do setor manufatureiro no total de empregos no Reino Unido caiu de 29% para 7% nesse período. Mas, enquanto as indústrias perdiam importância, o setor de serviços floresceu. A desregulamentação dos bancos transformou a Inglaterra em um centro financeiro global.
Boom imobiliário
Em nenhum lugar a transformação da Grã-Bretanha foi mais aparente do que no mercado imobiliário. O preço médio da casa saltou de menos de £ 2.000 – o equivalente a cerca de £ 60.000 hoje – para um recorde de £ 270.000, de acordo com a Nationwide Building Society.
Isso significa que o valor do imóvel ultrapassou amplamente a inflação (que hoje registra a maior alta em 40 anos, mas nas últimas décadas ficou na média de 5% ao ano, desde 1950) e, em alguns anos, gerou mais riqueza para os proprietários de imóveis do que eles ganharam trabalhando.
Por outro lado, com a escalada mais recente nos preços do imóveis, muitas famílias precisam agora juntar as rendas de duas pessoas da casa para morar melhor, enquanto, em 1952, o salário do principal procedor da casa era suficiente. Com isso, a propriedade de moradias está diminuindo, à medida que a compra se torna cada vez mais inacessível para uma grande parcela dos britânicos, apesar dos juros ainda serem baixos.
Com a crise financeira global de 2008, seguida por um período de crescimento lento e a pandemia do novo coronavírus, o BOE (banco central inglês) veio baxando as taxas de juros para perto de zero e injetando dinheiro no mercado por meio da compra de títulos de dívida privados. Agora que a inflação disparou, essa era de juros baixos está chegando ao fim.
No geral, durante o período de reinado da rainha Elizabeth 2ª, o Reino Unido prosperou e está mais saudável. A expectativa de vida de homens e mulheres está sete anos maior do que em 1952. Essa melhora também explica boa parte da alta popularidade da monarca.