Queda do dólar deve se manter no médio prazo, avalia ex-diretor do BC

'Se houver recessão, essa festa pode acabar', alerta Tony Volpon

Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central. Foto: Agência O Globo
Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central. Foto: Agência O Globo

Em entrevista publicada na edição desta terça-feira (22) do jornal O Globo, o estrategista-chefe da WHG e ex-diretor do Banco Central, Tony Volpon, aponta que a queda do dólar deve se manter no médio prazo. O maior risco para o real, diz, é uma recessão global. Confira os destaques:

Que fatores contribuem para a apreciação do real no ano?

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O contexto é de uma alta de juros nos Estados Unidos e de uma inflação elevada no mundo inteiro. Esses dois fatores favorecem o tipo de ação presente na nossa Bolsa, que são empresas de commodities. Em momentos de inflação alta, os preços de commodities sobem. Estamos vivendo em um mundo inflacionário por várias razões.

A guerra na Ucrânia piorou esse quadro. E, por outro lado, alta de juros penaliza um tipo de investimento comum nas Bolsas americanas, as empresas de tecnologia. O investidor global tem vendido essas empresas e comprado empresas de commodities.

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O Federal Reserve, o BC americano, tem sinalizado um processo de alta de juros gradual. Mas há risco de eles acelerarem o passo.

Nosso Banco Central iniciou a alta de juros antes de seus pares. Isso ajudou a valorizar o real? Ou os fatores externos pesam mais?

De um lado, você tem uma demanda por reais, com o estrangeiro querendo vender dólar. E, do outro lado, o investidor local, que estava comprado em dólar, não quer mais porque é muito caro. Você cria demanda por reais, que gera valorização cambial. Mas o que realmente virou o cenário foi o fluxo. Sem ele, não teríamos um dólar abaixo de R$ 5.

Parte do mercado avalia que a guerra colocou o Brasil em vantagem frente a outros emergentes. O senhor concorda?

A guerra inflacionou mais o mundo. Isso é bom para qualquer produtor de commodities. Nesse sentido limitado, ajuda em um primeiro momento. O problema da guerra, do ponto de vista econômico, é que aumenta o risco de recessão. E se isso ocorrer, essa festa pode acabar.

As condições que ajudaram o real são sustentáveis no médio prazo?

Esse movimento deve continuar à medida que esses dois processos, o Fed subindo juros e a inflação global, continuem. E o cenário básico é que esses dois fatores continuarão por um bom tempo.

O que pode prejudicar o real?

Se esse processo de alta de juros pelo Fed for acelerado e levar a uma recessão nos Estados Unidos. O que está levantando o PIB global neste momento são os EUA. Se o país entrar em recessão, temos uma recessão global. Em recessões globais, os preços de commodities caem, porque você tem destruição de demanda.

Na sua avaliação, é viável o dólar abaixo de R$ 5 no fim do ano?

Sim, se as condições citadas ainda estiverem vigentes.

(Com jornal O Globo)

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